Artista: FUNGUS FAMILY
País: Itália
Gênero: Psychedelic Rock
Álbum: La Morte del Sole
Ano: 2025
Duração: 50:00
Lançado no dia 30 de março de 2025, é o quinto material de estúdio da banda italiana Fungus Family, que surgiu em 2002 e passou a adotar “família” no nome a partir de 2018. A fusão entre rock progressivo e psicodélico funcionou magistralmente, com uma pegada envolvente que por muitas vezes lembra o doom metal. A voz atmosférica do Dorian Deminstrel é simplesmente perfeita, fiquei conectado com essa banda do início ao fim do álbum, que ao longo das 9 faixas, entrega um material maduro e grandioso. Cantado em italiano, o destaque fica para a vocalização muitas vezes em tom teatral, que capta atenção sem muito esforço. Um álbum equilibrado nos arranjos instrumentais, com guitarra conversando com baixo, piano ocupando espaços vazios e o mellotron bem aproveitado ao longo do álbum.
Comecei
pelo último álbum porque ele foi a porta de entrada para essa banda
que descobri há pouco tempo, mesmo fazendo o caminho inverso,
acredito que será uma boa experiência seguir com essa banda pelo
rico material apresentado para o público. A primeira faixa “La
Morte Del Sole”, que também leva o nome do álbum e mostra
o contraste da capa, é uma ode ao progressivo com camadas
instrumentais envolventes, deixando o fim com um sabor voluptuoso por
mais combustível dessa abertura impactante. A segunda faixa “37
nani da giardino” é mais psicodélica e ao mesmo tempo
suave, com uma voz ressonante e ecos grudentos, mantendo uma base de
guitarra distorcida ao longo da execução. Em seguida, calmaria
inicial com uma introdução de piano com “Tutto
ciò che resta”,
uma
bela canção arrastrada e sem camadas densas, permitindo a nudez dos
instrumentos respirarem sem pressa, com um solo simples mas comovente
de guitarra, sem
deixar o DNA psicodélico de lado, conferido na parte final.
Guitarras
pesadas e contundentes abrem “Destino Stabilito”,
em algum momento senti um riff de “Kiss”, mas tudo muito
rápido e logo me vi conectado com as estaladas de um baixo elétrico
que destoava de tão bom. A música em si é comum, sem grandes
viradas, mas constante por uma guitarra presente em todos os
segundos, dividindo atenções com a voz. Não me dei conta quando
iniciou a música seguinte “Sei ciò che hai”, num
show seria facilmente enganado caso fossem tocadas em sequência, sem
intervalo. Pela vocalização, lembra muito uma linha de “rap”
dos muitos surgidos na década de 1980, o que desafia os instrumentos
em praticamente tudo, parece uma mudança de fase num jogo de
fliperama. E o resultado disso funciona pela contextualização,
talvez se fosse conferida de forma solta e aleatória, talvez algum
vazio de produção de sentido seria percebido. Uma sonoridade que
parece bater às portas das nuvens “Il Vento Divino”,
efeitos de batimentos cardíacos
provoca a sensação de que algo está por um fio, mas a música
sustenta uma narrativa cadenciada, com agudos e guitarras ajustadas
para uma densidade bastante carregada. O
final dessa música é de
arrepiar.
Chegamos
à reta final com “Cavalcata dell'Apocalisse” com
uma abertura instrumental que me fez lembrar os tempos dourados do
Deep Purple, isso por experiência pessoa, é bem possível que muita
gente associe com outra banda ou mesmo nem faça comparação alguma,
o que não modifica a sensação de estar diante de uma faixa intensa
e com levadas rítmicas do início ao fim. Bateria e percussão são
os pontos altos, o que para mim é um deleite, pois presencio neste
trabalho uma afinação de ordenamento de instrumentos que beira as
regras de trânsito em uma sociedade civilizada, todos se respeitam
em alto nível de empatia. A penúltima linha do álbum é preenchida
pela “Lasciami Dormire”, posso dizer que se trata
de uma música que cabe em qualquer parte do álbum, é maleável,
pesada, refinada e bem dissolvida em todos os aspectos, gostei por
trazer uma alquimia de respaldo épico e onipresente. O encerramento
fica por conta de “Gabbia di Miele” um recital
adoçado com ar angelical que parece a trajetória para uma atmosfera
acima da nossa existência, um campo que faz nosso planeta estar
dentro de uma gaiola em comparação ao plano maior, uma sensação e
paz e missão cumprida.
Sem
dúvidas é um dos melhores álbuns que escutei até o momento em
2025, esta resenha informativa foi escrita no dia 24/07/25 e posso
assegurar que é um trabalho que evoluirá com o passar do tempo.
Espero que o meu testemunho abra mais uma porta nesse infindável
universo cultural e que a banda seja um motivo prazeroso para boas
audições na vida dos apreciadores de música.
Faixas:
01.
La Morte del Sole (06:47)
02. 37 nani da giardino (05:18)
03. Tutto ciò che resta (04:57)
04. Destino Stabilito (06:32)
05. Sei ciò che hai (05:26)
06. Il Vento Divino (06:14)
07. Cavalcata dell'Apocalisse (06:51)
08. Lasciami Dormire (05:11)
09. Gabbia di Miele (02:48)
Músicos:
Caio: bateria, segunda voz
ZerotheHero: baixo elétrico, efeitos de atmosfera, segunda voz
Dorian Deminstrel: voz principal, guitarras
Fuzz Caorsi: guitarra solo, segunda voz
Agostino Macor: órgão, mellotron
Fabio Cuomo: piano, efeitos
Fabio “Cloud” Colombo: guitarra solo em “Il Vento Divino”
Phill Foccis: guitarra solo em “Lasciami Dormire”
Roberto “Anello” Ferrino: participação em “Sei ciò che hai”
La Della: vocal em “Gabbia di Miele”
Extensão do material (referências de pesquisa):
Site oficial da banda: https://www.fungus-project.net/ (em inglês).
Resenha: https://www.progblog.co.uk/items-2/album-review%3A-fungus-family---la-morte-del-sole (em inglês).
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