País: Reino Unido
Gêneros: Symphonic Prog
Álbum: Thick as a Brick: Live in Iceland [CD duplo]
Ano: 2014
O disco abaixo mostra como IAN ANDERSON e JETHRO TULL são dois "fenômenos" muito próximos. Assim como acontece com outras grandes bandas, os chamados 'medalhões', como YES, MAGMA e LED ZEPPELIN, para ficar em alguns exemplos, seus principais integrantes podem até sair da banda, e/ou se lançar em carreira solo. Mas a banda não sai dele.
CD 1
Começa com a gravação de uma conversa. Algo a respeito de uma consulta médica "when the feelings of rejection begin? 10, 12?" [quando as sensações de rejeição começaram? 10, 12?]. Só depois começa TAAB (Thick as a Brick). Tocado na íntegra e muito bem gravado. Vocais inspirados no começo. Conseguiram realizar as sutis mudanças de arranjos da composição original, que são aliás brilhantes. JT é famoso por suas mudanças de arranjos e às vezes até mesmo de harmonias nos shows, quando comparados aos materiais de estúdio. Mas aqui estão respeitando bastante a composição do álbum. Os músicos, com exceção do genial Ian, não têm a mesma destreza dos membros originais na época da gravação. As camadas sonoras estão um pouco menos complexas, mas ainda assim o ouvinte terá uma fabulosa audição. No decorrer da performance, a música vai crescendo, como acontece no disco de estúdio. Há bastante destaque para a guitarra também. A partir de um certo momento os vocais ficam um pouco burocráticos. Algumas poucas falas e interações com o público se dão.
O equivalente ao lado B do TAAB depende bastante do baterista. Até que nesse show ele consegue fazer uma execução inventiva e sólida. E fica melhor quando o violão entra, com harmonias elaboradas. Adoro a emulação de cravo. Outro elemento positivo foi a idéia de incluir um vocalista masculino, além do Ian, pois juntos fazem excelentes combinações. A flauta de Ânderson está matadora!
Algo importante de sublinhar é que os 51 minutos dessa mídia são quase todos devotados ao TAAB. Algo incomum (ou inexistente: não sei afirmar pois não conheço toda a discografia live dessa banda) na discografia live do JETHRO TULL, pois quando essa composição é apresentada, é numa versão resumida, enxuta. Outro ponto positivo desse CD 1 é que há pouco falatório. Por fim, um detalhe me chamou a atenção: esse CD é composto de uma faixa, somente, não dividiram a apresentação nas respectivas sub-seções da suíte. Não há sequer uma divisão entre a 1a e a 2a parte da suíte (equivalente ao lado A e ao lado B do álbum).
Para maiores informações e comentários a respeito do Thick as a Brick original, siga para a resenha dessa obra, aqui mesmo nesse blog.
CD 2
No apagar das luzes do CD anterior, Ian anuncia que em instantes irão executar TAAB 2. Começa com um tema do lado B do TAAB 1, mas logo, transmuta para harmonias joviais e lúdicas. O diálogo entre sanfona e flauta começa simples e vai ganhando sutilezas e versatilidade, ora elegantes, ora firmes. A guitarra entra no diálogo; em breve, também o baixo faz umas participações curtas. Ou seja, a segunda faixa é definitivamente um dos pontos altos da performance.
A parte posterior tem apenas uns falatórios de Ian.
Na 4a faixa, um violão delicado e caloroso, folk, é a base de boas harmonias vocais. Falta um pouco de fluidez. Não obstante, é apenas a introdução para a música que vem a seguir. Essa tem um bom swing, lembrando um pouco algumas coisas de Songs from the woods. A guitarra e a bateria estão proeminentes, mas também ocorre um ótimo trabalho nos sintetizadores. Uma característica dessa música, assim como de muitas outras de TAAB 2, é ter muitos vocais. É difícil achar longos trechos exclusivamente instrumentais. Quando os vocais estão primorosos, tudo bem, mas não é o caso aqui. De qualquer modo, coloco essa faixa, a 5a, entre as melhores dessa obra. O começo devagar da 6a faixa é simples, contudo logo fica bem mais inspirado com um vocalista excepcional para essa proposta mais tranquila. Infelizmente, ele é mal explorado, pois além de ter poucas oportunidades para poder fazer essas interpretações maviosas, pois ocorrem alternâncias entre o lento e o rápido, e nessas últimas partes os vocais desse cara são engolidos e não se sobressaem. Ian insiste em ocupar a maior parte dos vocais, e ele já não tem mais o mesmo vigor nem versatilidade; ou seja, deveria dar mais espaço a outro(s) vocalista(s) da banda que o acompanha. Essa música emenda com a próxima, que conta apenas com os vocais de Ian. As harmonias instrumentais estão um pouco melhores, variando as seções rítmicas, mas novamente falta fluidez. A 8a faixa apresenta aquele estilo fabuloso na flauta, tem um bom swing e uma massa sonora consistente. As harmonias não estão tão inspiradas, ficam na categoria do "eficiente". O suficiente para ganhar minha simpatia. Os trabalhos na 9a performance abrem com uma guitarra inspirada, num fraseado que vai sendo bem explorado, embora não o suficiente. Essa música tem uma carga emotiva solene bem inglesa. Aumentaram a fluidez e a coesão. Quando parece que vai crescer e ganhar mais corpo, passa para a próxima execução, uma proposta que alterna entre o folk e o rock, com displicência. As transições foram mal cuidadas. Uma parte dispensável, onde os excessos de vocais chegam a ficar até irritantes. O mesmo se dá com a música posterior, toda pobre, que consiste praticamente só de um canto rudimentar que não leva a lugar nenhum. O mesmo sucede na 12a faixa. O início da música posterior é um alívio, pois o instrumental melhora muito. Está firme e dinâmico. Flauta bem especial, numa diretriz roqueira. Emenda muito bem com a 13a faixa, que começa folk e lírica, mais uma vez centrada na flauta, e também com ótimas contribuições da sanfona. Uma seção rítmica envolvente, com toques medievais sutis. Uma pena que acaba ficando repetitiva. E é a faixa mais longa do disco. No final ganha um certo dinamismo, com um solo de guitarra. Só que não salva a música. O cravo no início da 15a faixa é simplório, mas ao dialogar com outros instrumentos passa a fazer parte de harmonias mais criativas. Assim como acontece com a maioria das outras faixas do CD 2, termina precocemente, sem conexão com a música seguinte. A próxima faixa tem boas seções rítmicas, fluidez e consistência nos vocais. O encerramento tem bons momentos. Alguns timbres fabulosos, alguns nem tanto. Bons fraseados na guitarra e flauta. Boas interpretações vocais. Termina com o inicioizinho de TAAB 1.
Resumindo, esse TAAB 2 é mais para colecionistas. Mas a compra vale a pena pela apresentação na íntegra de TAAB 1.
Faixas:
CD 1
01. Thick as a Brick (51:44)
CD 2
01. From a Pebble Thrown (2:57)
02. Pebbles Instrumental (3:44)
03. Might Have Beens (0:56)
04. Upper Sixth Loan Shark (1:21)
05. Banker Bets, Banker Wins (4:34)
06. Swing It Far (3:33)
07. Adrift and Dumbfounded (4:25)
08. Old School Song (3:24)
09. Wootton Bassett Town (3:43)
10. Power and Spirit (2:00)
11. Give Til It Hurts (1:13)
12. Cosy Corner (1:24)
13. Shunt and Shuffle (2:13)
14. A Change of Horses (8:03)
15. Confessional (3:08)
16. Kismet in Surburbia (4:19)
17. What-Ifs, Maybes and Might-Have-Beens (5:25)
Músicos:
Ian Ânderson / flauta, vocais, violão, bozouki, mandolim, harmonica
John O'hara / teclados e sanfona
David Goodier / baixo, glockenspiel
Florian Opahle / guitarra
Scott Hammond / bateria & percussão
Ryan O'donnell / vocais adicionais, dança e Mime
Discografia:
1983 ● Walk into Light
1995 ● Divinities - Twelve Dances with God
2000 ● The Secret Language of Birds
2003 ● Rupi's Dance
2005 ● Ian Anderson Plays the Orchestral Jethro Tull
2012 ● Thick as a Brick 2
2012 ● Thick as a Brick: Live in Iceland
2014 ● Homo Erraticus
2017 ● Jethro Tull - The String Quartets
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente e Participe