País: Itália
Gênero: Symphonic Prog
Álbum: Time Voyager
Ano: 2024
Duração: 70:58
O pianista e compositor Luca Zabbini, um dos idealizadores do grupo, marca o KEITH EMERSON como uma de suas maiores influências. Algum tempo depois, em 2002, Luca Pancaldi se junta a ele, como vocalista principal, e no ano seguinte o grupo é formado. Em 2004 Giambattista "GB" Giorgi chega para dominar o baixo. No ano de lançamento de seu debut, fazem umas apresentações acompanhados de quarteto de cordas.
O disco começa bem pomposo, faz uma virada fenomenal numa cozinha completa, passando para um neo-prog bem envolvente. Harmonias vocais robustas, firmes e ao mesmo tempo delicadas, mudando sutilmente mas com clareza as interpretações. Um solo de guitarra incrível chega junto. Compassos intrincados nas seções rítmicas mantêm minha atenção constantemente. Em dado momento volta para o tema inicial, pomposo, acompanhado de uma bela marcha, tanto na bateria quanto no piano. A instrumentação está muito rica, os arranjos magníficos.
Uma seção rítmica intrincada e muito firme abre a segunda faixa, onde os vocais continuam irrepreensíveis, mesmo no meio de tanta instrumentação. A participação do saxofone (acho que emulam outro(s) instrumentos de sopro) está esplêndida. Fazem mudanças suaves nos compassos e arranjos. Pouco depois da metade introduzem umas mudanças mais significativas na ambientação, e é onde a guitarra faz umas pontuações maravilhosas. Que viradas fantásticas na bateria!
A próxima música tem timbres mais graves, e um clima mais soturno, absolutamente penetrante. Um fraseado inacreditavelmente denso e inspiradíssimo preenche mente e alma. As interpretações vocais estão totalmente de acordo com a proposta, emitindo notas mais longas e encorpadas. E aí, caro(a) leitor(a), aquele fraseado na guitarra é assumido pelo piano, que o contorna com melodias muito líricas nos sintetizadores. Nossa, me transporta para outro mundo, onde só a arte e a magia importam! E lá no finalzinho, uma sinfonia de cordas entrega uma lindíssima e graciosa sinfonia.
A 4a faixa é bem teatral, adotando como cenário a Idade Média. Pode ser que se passe em alguma cidade do campo, ou também pode estar se dando num navio. As mudanças nos timbres vocais, indo do "grosso" (no caso, um grave levemente rouco, de propósito) ao leve, é de uma competência elevadíssima. Mudanças de compassos complexas e alto astral vão acontecendo da metade em diante. Nessa composição percebe-se que beberam e com excelência do JETHRO TULL. O violino está primoroso, que arranjo brilhante, sobretudo no final!
A combinação de violino e sintetizadores que dá início à faixa seguinte está deslumbrante. Logo o clima fica lúgubre, e uns fraseados nos sintetizadores e guitarra desfilam temas grandiosos, que me lembram JEAN-MICHEL JARRE. Estão fabulosas e cálidas as harmonias vocais, alternando entre uma ou duas pessoas. Fazem umas mudanças tanto de ritmo quanto nos compassos surpreendentes, e um arranjo no violão realmente espetacular!
Um piano e vocais angelicais abrem a 6a música. Agora peço ao leitor um pouco mais de atenção: até essa abertura, inclusive, o álbum está indubitavelmente (para mim) nota mil. No restante da atual faixa, passa para nota 9. Ou 900, para ser mais correto. Pois apesar de estar espetacular, a fluidez e os arranjos não estão perfeitos como previamente. De qualquer forma, com certeza o ouvinte terá acesso a uma música complexa e cheia de nuances.
Na 7a faixa, elaboram uma proposta que me lembra bastante o disco de 2022 de MAD FELLAZ. Há um começo jazzístico, meio DIZZY GILESPIE, que parte para um pop-progressivo com baixo bem saliente, seção rítmica mais simples. Boas harmonias vocais. Do meio em diante ganha certa complexidade, mas não muita; o suficiente para sair do pop-prog para um crossover prog, com bons arranjos, além das robustas participações do saxofone.
Um lindo e suave sintetizador marca o início da 8a música, que segue tranquila no decorrer da entrada dos outros instrumentos. A composição aqui é mais focada na ambientação, principalmente em seu último quarto, onde quase vira um progressivo eletrônico.
O início firme e com tons mais altos na 9a faixa é muito bem acompanhado pelo violino e e outras cordas. A marcação do baixo está precisa, e todas as harmonias desenvolvem compassos extendidos bem surpreendentes. Um pouco depois do meio executam umas massas sonoras fantásticas, com diálogos riquíssimos entre todos os músicos.
Um piano bem clássico abre a próxima faixa, e é o principal instrumento da composição, promovendo umas ocasiões acústicas muito bem vindas nesse momento do trabalho. A composição vai crescendo e virando um neo-prog muito competente. No final, volta para o piano, mas só para servir de interlúdio para uma investida heavy-prog fenomenal.
Um charmoso e sereno violão, que vai ficando mais vibrante, é o eixo do início da próxima música. Os vocais estão mais devagar, em excelente sintonia com o instrumental. O violão faz de tudo um pouco aqui: executa num momento compassos firmes e complexos, em outro momento, com uma afinação muito peculiar, vira quase uma cítara, trazendo um toque oriental à composição. Mas pensando bem, talvez não seja violão, e sim o bouzouki.
O início da 12a faixa é arrebatador! Violino, bateria, baixo e guitarra estão destruindo tudo, fazendo uma longa seção instrumental. De repente inovam com um andamento a la rondo, que vai ficando épico, quase em marcha. Nossa, quanta inspiração e entrosamento! Fecham entregando tudo, isto é, com chave de ouro.
Faixas:
01. Carry On (6:35)
02. Summer Set You Free (4:44)
03. An Ordinary Day's Odyssey (6:03)
04. The Lost Ship Tavern (4:40)
05. Voyager (8:08)
06. Morning Train (6:08)
07. Propaganda (6:33)
08. Shibuya 3 A.M. (4:30)
09. Lonely Girl (5:09)
10. Mediterranean (5:17)
11. Kyanite Jewel (5:35)
12. Voyager's Homecoming (7:36)
Músicos:
- Alex Mari / vocalista principal, violões
- Luca Zabinni / teclados, backing vocals, violões, bouzouki, baixo, arranjos de cordas
- Eric Ombelli / bateria, bouzouki
- Marco Mazzuoccolo / guitarras
- Francesco Caliendo / baixo
Convidados:
- Alessandro Bosetti / violino
- Manuel Caliumi / sxofone
Discografia:
2007 ● Misteriose Voci
2009 ● Rebus
2012 ● Coffee In Neukölln
2015 ● Skyline
2016 ● Vivo. Live.
2017 ● Detachment
2019 ● Seven Seas
2024 ● Time Voyager
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