segunda-feira, dezembro 30

ERROBI ● Ametsaren Bidea ● 1979 ● Países Bascos [Symphonic Prog/Prog Folk]

Esse grupo foi um dos mais produtivos na cena progressiva para a região e o período. Ou seja, durante os anos 70, nos Países Bascos. Um de seus integrantes, Anje Duhalde, começou uma sólida carreira solo que, segundo o site rateyourmusic, transitou mais pelo folk e world music na maior parte de sua discografia. Escutei o primeiro álbum de seu(s) vôo(s) solo, é folk com um pouco de progressivo. Ducau também esteve bem ativo tanto naquela época e até os anos 2000, participando de bandas de folk, de rock e até de folk com elementos de música eletrônica. Amorena participou, nos anos 1990, de um conjunto de folk-rock. Jean-Paul, nascido na França, antes de se juntar a esse grupo esteve em outro, francês, de rock.
Se o(a) leitor(a) se interessar em conhecer um pouco mais do contexto político e histórico que influenciou a música na região, pode consultar a introdução da resenha do disco homônimo do ENBOR.
No meu encarte, as letras estão em eukara, em espanhol e em francês. De acordo com a descrição do grupo no Progarchives, eles estavam situados no “lado francês” dos Países Bascos.
A primeira faixa é extremamente festiva, das vocalizações às execuções instrumentais; que, aliás, é bem rico. Se existisse uma categoria chamada Prog Festivo, essa música estaria no topo da lista. Com um tiquinho de pesquisa, descobri que o título da faixa é o nome de um instrumento de sopro típico da região. 
A próxima faixa é a que dá título ao álbum, e tem uma extensão de quase 18min. “Ametsaren Bidea” significa “O Caminho dos Sonhos”. Musicalmente, começa bem suave. Um baixo lindo, que dialoga tranquilo com sintetizador, serve de introdução aos vocais, muito emotivos e com notas longas ao término dos refrões. A bateria está soft-jazz, e a guitarra pontua uma nota aqui e ali. É um início introspectivo, meditativo. A composição começa a crescer pouco depois dos 2 minutos, mas não faz de uma vez. Como se quisesse conquistar o ouvinte aos poucos. Pois é somente pouco depois dos 5 minutos que passam para uma abordagem mais intensa, onde o guitarrista mostra grande versatilidade, executando notas mais cristalinas, alternadas com notas mais “rasgadas”, ou seja, roqueiras. Os vocais se adaptam, ficando mais roqueiras, e trazendo umas harmonias vocais bem inventivas e firmes. Os solos de guitarra conseguem assumir uma boa dose de liberdade, sem desviar muito da composição. Incrível! Quando chegam na metade, após um breve interlúdio, um pouco estranho e bem descontextualizado, mudam os compassos, que vão gradativamente acelerando. Os instrumentistas estão muito bem entrosados entre si, pois as harmonias são difíceis, e ainda vão mudando de cadência. E tudo muito bem executado. Entra um maravilhoso diálogo entre o violão e o baixo, e um instrumento de sopro chamado xirula, cujo som é bem doce. Algumas ocasiões os instrumentos param para os vocais ficarem à capela; em outros momentos os vocais estão junto com o instrumental. Aliás, os vocais nesses últimos minutos estão magníficos. Para finalizar minhas pontuações sobre essa música, as letras falam, de modo bem direto, sobre como a sociedade mata os sonhos e a poesia que cada um(a) carrega, além de precificar o acesso à felicidade.
“Andere” seria uma palavra antiga da região, cuja tradução é ‘dama’, ‘senhora’ ou ‘senhorita’; Tem na bateria uns elementos de marcha. Entra o que parece um saxofone em tons graves, dando um ar solene à composição. Eis que tanto o sax quanto a guitarra e todos dão uma apertadinha no passo, mas logo recuam para os vocais, aos quais se juntam os vocais. O entrosamento continua excepcional, o modo como vão crescendo na música, é tudo excelente. Contudo, essa faixa fica um pouco repetitiva na parte instrumental. Quando vai se aproximando da metade, tem um trecho com usos um pouco pobres e estranhos de elementos percussivos, que até são originais, mas não fluem, não cativam e não fazem sentido.
“Oraino”, que significa “Todavia”, tem uma linda combinação de violão, atabaques e baixo. Vocais líricos e consistentes. A letra fala de morte, de desesperança, de perdas. E também fala que mesmo diante disso tudo a Terra continua girando, o Sol continua a aquecer e a luta continua.

highlights ◇

Faixas:
01. Alboka (02:51)
02. Ametsaren Bidea (17:40)
04. Oraino (06:59)

Músicos:
- Anje Duhalde: alboka, guitar (1), lyrics, vocals, acoustic guitar (2), percussion (3, 4)
- Jean Paul Gilles: bass (1)
- Mixel Ducau: guitars (1), xirula (2), soprano saxophone (3), acoustic guitar (4), vocals
- Beñat Amorena: drums and percussion, vocals, atabaques (4)


Discografia:
1975 ● Errobi
1977 ● Gure lekukotasuna
1979 ● Ametsaren Bidea
1979 ● Bizi Bizian
1984 ● Agur t'erdi
2003 ● Errobi (1975 - 1984). Compilation with the complete discography

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