A banda se formou em 2010, quando Luiz Felipe Netto
e Igor Meira juntaram forças. Chegaram a ter um baterista entre 2016 e 2018. De
um álbum para outro há mudanças, inclusive na formação, mas essa dupla sempre
foi o núcleo dos trabalhos. Como Netto é multi-instrumentista, teve álbum – no caso, o primeiro – em que
somente os dois participaram, pois ele deu conta da programação da bateria, do baixo e/ou dos sintetizadores. Nesse disco ora em tela, houve uma abissal
evolução no quesito instrumentação, pela quantidade de convidados presentes.
Vamos à resenha:
Excelentes fraseados nos sintetizadores. A bateria dá espaço para os outros instrumentos. Aliás, nenhum instrumento engole o outro, e o mesmo se aplica aos guturais. Logo nos primeiros minutos da obra, há uma variedade considerável de arranjos e compassos, e conseguem fazê-lo sem soar confuso. Pelo contrário, há uma grande coesão. As harmonias vocais ficam ainda mais ricas com uns backing vocals. O baixo está matador, bem marcado e acelerado. Os principais vocais nem sempre estão guturais. Aprecio muito isso quando se trata de prog metal – a capacidade do(s) vocalista(s) tanto de sair dos clichês, quanto a versatilidade. Bem, quando percebi, a primeira música já havia acabado; sinal de que fiquei tão absorvido que não percebi o tempo passar.
A próxima faixa começa suave, intimista. Logo, imprimem peso a esses refrões iniciais. Há um trecho, somente instrumental, com pouco mais de 2min, quando entram os guturais. Em dado momento, harmonias e arranjos se enriquecem com a participação de outros dois vocalistas, e brilhantes intervenções de saxofone.
A 3ª faixa é uma peça acústica, curta, dedilhada na guitarra elétrica, que funciona muito bem como um interlúdio.
Começam pesados na 4ª faixa, num compasso mais para lento que para acelerado. Com um minuto surpreendem passando para um trecho mais acústico. Surpreendem, pelo menos a mim, pois o mais comum no Prog Metal é que a introdução seja calma, e o restante da composição seja pesada. Bem, aos poucos vão acrescentando guitarras, o baixo vai ficando mais grave. Os vocais estão particularmente inspirados, muito emotivos. Excelentes contribuições de violino e violoncelo dão contornos ainda mais líricos às execuções.
Em “Terra Dois” guitarras e vocais estão um pouco mais sóbrios nos primeiros instantes. Vão ficando mais pesados mais para o meio, e ao mesmo tempo as harmonias vão se tornando mais intrincadas. Na segunda metade de sua extensão, violino e sintetizadores fazem um fabuloso dueto sinfônico. Sobrevém umas seções rítmicas levemente jazzísticas. No finalzinho os violinos voltam.
A linda introdução da última faixa são diálogos entre flauta, violoncelo, violão, viola e vocais em português, de altíssimo nível. Interpretam como um lamento, com um leve toque Tom Jobim. Muito interessante. Essa proposta preenche pouco mais da primeira metade dessa música. Quando passam a ficar mais pesados, não deixam o lirismo de lado, pois o violino os acompanha quase sempre. Fazendo desse fechamento um sublime exemplar de metal sinfônico.
Faixas:
01. As Islands Sink (8:56)
02. Fallow Garden (10:54)
03. Macaw's Lament (2:43)
04. In Fringes (8:44)
05. Terra dois (10:08)
06. Canícula (8:56)
Músicos:
- Luiz Felipe Netto / vocais, guitarras, teclados, arranjos de cordas
- Igor Meira / guitarras
Com:
- Luan Moura / baixo
- Pedro Mercier / bateria
- Isadora Melo / vocais (6)
- Jørgen Munkeby / saxofone (2)
- Marta Garrett / backing vocals (1, 2, 5)
- Jassy Mumin Gabriel / backing vocals (1)
- Daniel Albuquerque / viola (5, 6)
- Ayran Nicodemo / violino (4-6)
- Damian Bolotin / violino (5, 6)
- Joe Zeitlin / violoncelo (4, 6)
- Bruno Serroni / violoncelo (5)
- Yuri Vilar / flauta (6)
- Mafram do Maracanã / percussão (6)
Discografia:
2014 ● Memories of Inexistence
2018 ● The Wandering Daughter
2024 ● Under the Shadow of a Foreign Sun
2014 ● Memories of Inexistence
2018 ● The Wandering Daughter
2024 ● Under the Shadow of a Foreign Sun
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