Trata-se um progressivo sinfônico bem dinâmico, chegando a ficar meio acelerado em diferentes momentos, inteiramente instrumental, com algumas influências do Jazz-Rock.
Não deixe a “minguada” formação, de três músicos, lhe enganar. Todos eles entregam uma ampla variedade de ritmos, harmonias e compassos. É impressionante como alternam entre si e mudam com extrema fluidez as melodias e arranjos. Ademais, a programação é muito natural e bem estruturada, evitando as repetições; características incomuns quando esse recurso é usado. Levaram a sério o ditado de que tem momentos em que “menos é mais”, dado que no primeiro álbum eram sete integrantes.
Há algumas semelhanças com o álbum solo de Terutsugu Hirayama, e sobretudo com Midas. Mas o modo como os integrantes do Kennedy cedem espaços uns para os outros os difere dessa última referência, onde os sintetizadores meio que engolem os outros instrumentos. Embora em “Triangle Motion” várias vezes haja o uso de mais de um sintetizador ao mesmo tempo, quando a guitarra se apresenta, e o faz bastante, os sintetizadores ficam mais discretos. Também tem outro fator, a de que as guitarras também foram algumas vezes programadas. Na segunda faixa a guitarra assume um estilo blues, que em algumas ocasiões breves é assumida pelos sintetizadores meio analógicos. Tudo isso muito bem apoiado pelas baterias mais tranquilas. Na faixa seguinte o instrumental está mais acelerado, com mais mudanças de compassos e harmonias, em alguns momentos ficando até meio roqueiro. Na 4ª e 5ª faixas eu começo a me perguntar “de onde eles tiram tantos fraseados marcantes?” impressionante como os fraseados conseguem continuar fabulosos mesmo em diferentes instrumentos. Há uma certa atmosfera de celebração na quinta composição.
A distribuição das faixas é muito bem feita. Pois à 6ª faixa, que é pomposa (como a 9ª), se segue uma execução bem tranquilizante e calma na música seguinte. Onde o sintetizador faz o papel de um baixo acolhedor. A 10ª faixa tem um tom um pouco brincalhão, quase como uma canção de ninar. A última faixa é a mais curta, e também a mais lírica; maravilhosa.
Em suma, não achei nenhuma imprecisão nesse lançamento. Todas as faixas são de alto ou altíssimo nível, ou seja, não há nenhum momento menos interessante. As partes pomposas não são esnobes ou excessivas, e são bem emocionantes. Considero que, no conjunto, há apenas uma pequeníssima inconsistência, pois a meu ver poderiam ter explorado um ou mais momentos acústicos.
Tudo isso me leva a atestar que se trata de item obrigatório para uma coleção de rock progressivo japonês.
01. Reddo Sutōn (4:33)
02. Burūsu (7:09)
03. Afugan Fīrudo (4:19)
04. Kuremurin Dorīmu (6:09)
05. Amerika (5:12)
06. To~Uinkuringu Nasa (3:02)
07. Aruru no Taiyō (9:14)
08. Toraianguru Mōshon (4:02)
09. Supīdo Kingu (3:34)
10. Randoseru Ginga (5:48)
11. Towairaito Nasa (2:27)
- Izumi Mutsuhiko / guitars, programming
- Yasuda Takashi / drums
- Wolfram "Wolli" H. Alber / keyboards
1986 ● Twinkling Nasa.
1988 ● Kennedy! Live.
2015 ● Triangle Motion.
O guitarrista e o tecladista fizeram parte da mesma banda, denominada DADA, no final dos anos 70. Após o lançamento de seus dois primeiros discos, o guitarrista Izumi participa de uma banda de art-pop intitulada AFTER DINNER. E o tecladista Konishi, do grupo synth-pop P-MODEL. E voltaram a se reunir para esse último lançamento.
Fico surpreso com a impopularidade dele. Bem, os
outros trabalhos desse grupo não chegam nem perto desse, na minha avaliação. E
como esse disco foi lançado somente no próprio Japão, para a maioria das
pessoas ele não está fisicamente muito acessível. Pela questão do preço.
Discography:
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