Alfredo
Carrión foi o responsável pelos arranjos vocais do disco "Ciclos", do
também espanhol CANARIOS. Ele posteriormente colaborou com o bem-sucedido
pop-rock andaluz de Miguel Rios. Dessa vez, nesse trabalho solo, ele optou
somente pela língua espanhola. E nos últimos tempos, segundo a Academia de
Artes Cênicas da Espanha, foi diretor de vários espetáculos de teatro musical,
diretor do Coro Nacional da Espanha, na seção ópera. Foi professor da Escola
Superior Real de Arte Dramática de seu país, e catedrático de licenciatura
musical da Escola Superior Real de Canto de Madrid, entre outras funções em
outras instituições das Artes e/ou música.
Lançou somente esse disco.
Vamos a ele. Resumidamente, o lado A é bastante
parecido com RENAISSANCE. Tanto pelo belíssimo e encorpado canto de Maria Aragón, quanto pelo excelente uso
de violão, pela suavidade das composições, e pela moderação da bateria. Alguns
instrumentos de corda estão presentes na primeira faixa. Na segunda, a proposta
é semelhante, dessa vez com maior participação do piano, e com um pouco mais de
variedade nas seções rítmicas, bem como no tom das harmonias vocais. Tem a
participação de coro; enfim, uma música muito bonita, trabalhada, refinada. A
terceira faixa parece repetir a segunda faixa, com algumas mudanças nos
arranjos, na ordem dos temas, e o acréscimo de guitarra. Essas três músicas,
que justamente abrem o vinil, aproximam a musicalidade do Prog Folk. A quarta
canção, que ainda está no lado A, é uma experimentação pobre do que parece ser
uma interpretação de motivos eruditos como se fosse música industrial. Só não
digo que é dispensável pois o álbum já é bem curto.
O assunto fica sério no lado B, que conta somente
com uma suíte. Inclusive, ela dá nome ao disco. Trata-se de um rock sinfônico
com ampla participação de diversos instrumentos de orquestra, tanto de sopro
quanto de corda. Após uma introdução meio erudita e meio jazzística, aos poucos
a bateria vai buscando espaço na composição. A seção seguinte tem fraseados Folk, tem fraseados groovy, e a bateria ao entrar o faz com uma marcha firme. A
execução apresenta pitadas de avant-jazz-rock.
Daí o baixo, bem saliente e envolvente, marca a
próxima seção, com bateria mais compassada, um pouco mais acelerada.
Fantásticas harmonias envolvendo tais instrumentos, mais os vocais, que
aparecem pela primeira vez, uma flauta doce e outros instrumentos de sopro. A
mesma composição torna-se mais leve com breves contribuições do xiolofone e
violino. A guitarra introduz outros temas. A música segue no mesmo alto nível e
proposta até o final, com mais surpresas como canto inspirado no gregoriano e
outras instrumentações.
Nem todos prestaram atenção a esse trabalho. E está
disponível em CD, embora no momento de conclusão dessa resenha, estivesse fora
de catálogo.
Faixas:
01. Espejo Sumergido (4:13).
02. Tensa
Memoria (3:48).
03. Vino
de Silencio (3:55).
04. Romance
(4:23).
05. Los Andares del Alquimista (Soledades
Compartidas) (16:14).
Músicos:
Alfredo Carrión – compositor, maestro do coral.
Julián Llinás – flauta doce, teclados, arranjos musicais.
Celestino Charro – baixo.
Belén Aguirre – violoncelo, viola de gamba.
Manolo Figuero – contrabaixo.
José Maria Maldonado – bateria.
Antonio Cal – flauta, saxofone.
Angel Andrada – guitarra.
Javier Benet – percussão.
Juan Iborra – percussão.
José Luis Montolio – piano.
Jimmy Kashishian – trombone.
Vicente Gasca – trompete.
Francisco Martin – violino.
Marcial Moreiras – viola, viola da braccio, violino.
Antonio de Diego – vocais.
Maria Aragon – vocais.
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