O grupo mineiro DOGMA (não
confundir com o grupo de metal melódico de mesmo nome com quatro integrantes
vestidas de freira) conseguiu, em seu primeiro disco, constar em listas
internacionais de melhores debut’s do ano de 1992. Levando-se em conta que a
banda tinha somente um ano de idade, foi um acontecimento e tanto. De qualquer
modo, faz sentido, pois os dois fundadores da banda já tinham experiências
musicais anteriores. O arquiteto e guitarrista Fernando Campos havia sido integrante do Sagrado Coração da Terra, e o técnico de som e baixista Barão, dos conjuntos Manga Rosa e MANTRA. Outro fato
interessante a respeito deles é que, apesar de estarem no centro e capital de
uma região que trouxe novos sabores para a MPB, suas principais fontes de
inspiração vêm de outros lugares e atores. Falarei disso adiante.
A primeira faixa me lembra muito
a última faixa do primeiro disco do DRUID, banda inglesa de progressivo
sinfônico da segunda metade dos anos 1970. Baixo proeminente e fabulosos
diálogos entre guitarra e bateria. A segunda faixa começa bem mais suave, com
um sintetizador tranquilo e sons de água. Essa parte não dura muito e o violão
entra, trazendo um conjunto refinado de melodias. Quando o piano e a bateria se
juntam, sobrevém um ritmo constante anunciando que algo diferente vai chegar. O
que acontece depois da entrada do baixo e da guitarra. Esta música traz alguns
vocais. Levei um tempo para me acostumar com as interpretações teatrais dos
vocalistas. Essa faixa, embora seja, na minha opinião, a parte mais fraca do
disco, mesmo assim ainda entrega uma musicalidade de altíssimo nível. A terceira
faixa é sofisticada e suave, com a participação de alguns convidados na flauta,
violoncelo, contrabaixo, viola e violino. A composição se aproxima da música
clássica, em particular da música de câmara, mas não muito. Começa com uma
flauta envolvente e relaxante, acompanhada de alguns instrumentos de corda,
suponho que sejam o violoncelo e a viola. O piano, quando entra, está mais uma
vez muito inspirado. Resultado: melodias agradáveis e memoráveis. A quarta
faixa começa com o que está anunciado no encarte como um vocal de sereia, e
concordo que Titi Walter encontrou o
tom certo para nos encantar magicamente. Daqui a pouco ela começa a ser
acompanhada por um coral de fundo. Tema que não permanece por muito tempo,
dando vez a uma guitarra meio chorosa e ao mesmo tempo furiosa, linda, junto
com uma marcha firme na bateria. Meio que repentinamente a música dá uma
acalmada, através de um piano simples mas cativante assumindo a linha da
frente. Embora a composição fique um pouco confusa na segunda metade da música,
ainda é uma música muito boa. A faixa cinco me lembra STYX, principalmente nos
vocais e na seção rítmica. Então é meio stoner rock, muito bom, e o vocalista
faz um bom e consistente trabalho. A faixa seis, a última a comentar, inicia
com alguns ruídos de chuva. Você também ouvirá uma porta se abrindo, passos.
Bem, parece uma cena de uma história, mas é uma peça instrumental, então não
consigo adivinhar do que se trata. Um sintetizador alto entra em ação,
parecendo que a composição irá para um caminho sinfônico. Mas isso não
acontece, porque acalma. Mais sons como sinos e canto gregoriano assumem a
música. Um violão muito apaixonado faz algumas intervenções melódicas. O baixo
novamente encontra os horários exatos para fazer suas contribuições. Essa
composição me lembra bastante o Rock Progressivo Italiano. A última faixa é a
mais longa desse álbum, e faz uma combinação entre CAMEL dos anos 70 com
GENESIS da segunda metade dos anos 70.
Infelizmente, Barão, o baixista, faleceu aos 35 anos,
em decorrência de ataque cardíaco fulminante, alguns meses após o término da
turnê deste álbum. Em meados da década de 2000, o guitarrista anuncia a volta
da banda com nova formação e realiza uma apresentação ao lado do Saecula Saeculorum. Em 2005 a banda
abre o show do grupo de rock progressivo inglês Nektar. Nesses shows músicas inéditas são apresentadas ao
público sem previsão de lançamento. Uma nova pausa acontece em decorrência de
problemas internos entre os integrantes.
03. Burn The Witch (5:36)
04. Hymn (8:21)
05. The Place (4:03)
06. The Landing (10:00)
07. Twin Sunrise (12:19)
- Renato Coutinho / teclados. Na 2ª faixa, faz as vozes bizarras.
- Barão / baixo de 5 cordas
- Daniel Mello / bateria, percussão
Com:
- Titi Walter / vocais (2,4)
- Lígia Jacques / vocalista principal (4)
- Guilherme Bizotto / vocais (5)
- Mauro Rodrigues / flauta (3), arranjo de cordas & condutor (3)
- Elias Martins De Barros / violino (3)
- Erasmo Fernandes / violino (3)
- Cleusa De Sana / viola (3)
- Firmino Cavazza / violoncelo (3)
- Valdir Claudino / contrabaixo (3)
- Coro: Henrique Santana, Matheus Braga, Luiz Flávio Freitas, Flávio Fontenelle, Ligia Jacques e Titi Walter (4)
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