segunda-feira, março 13

TANTRA • Holocausto • 1978 • Portugal [Symphonic Prog]


Juntos, dois músicos lisboetas, o guitarrista Manuel Cardoso e o tecladista Armando Gama, estabeleceram o que seriam os alicerces básicos da banda portuguesa TANTRA. Segundo o site oficial, o nome do grupo foi escolhido por Manuel Cardoso após as suas experiências de meditação Raja Yoga e contacto com a cultura indiana. Após o lançamento de seu primeiro disco "Mistérios e Maravilhas", em 1977, Armando Gama deixou a banda e foi substituído pelo novo tecladista Pedro Luis. Finalmente, em 1978, lançaram esse seu segundo álbum de estúdio "Holocausto", que foi um álbum de grande sucesso de crítica e fãs e recebeu o prêmio de melhor disco do ano. 

Com este álbum, TANTRA é frequentemente comparado com ANGE, BANCO DEL MUTUO SOCCORSO ou PREMIATA FORNERIA MARCONI. A impressionante qualidade musical de "Holocausto" confirma esta avaliação. A banda usou os ingredientes clássicos, como notas vocais altas, às vezes reminiscentes de Peter Gabriel, extensas excursões instrumentais com muitos teclados e sons complicados, belas linhas de baixo e bateria forte. Além disso, agregaram bastante individualidade ao som da língua portuguesa com letras inspiradas, influências do extremo oriente e um pouco de Jazz Rock. A música é complexa, mas parece fluente, mágica e onírica. Muitas vezes lembra YES (vocal e guitarra) e GENESIS (teclados), sem copiá-los.

A formação nesse álbum é Manuel Cardoso, também conhecido como "Frodo" (vocais, guitarras acústicas, semi-acústicas e elétricas, sintetizador e cítara Top Gear), Pedro Luis (piano de cauda, ​​Fender Rhodes, Clavinet, Mellotron, Polymoog e Minimoog), Américo Luis (baixo) e Tó Zé Almeida (bateria, sinos tubulares, marimba, percussão e clarinete). O álbum também contou com a participação de Tony Moura (vocal e guitarra elétrica) e Pedro Mestre (teclados e coro).

Dividido em seis faixas, "Holocausto" inicia com "Om" que abre o álbum com dois minutos de saborosas texturas de sintetizadores espaciais. Segue-se uma soberba seção de banda completa, com os vocais se materializando brevemente em três minutos. A faixa experimenta uma mudança abrupta em cerca de quatro minutos, interrompendo completamente a cadência arrogante. Varreduras suculentas de piano sombrio carregam a faixa um pouco antes que os outros instrumentos reingressem gradualmente na mixagem. Os vocais de Moura provam ser bastante bons e ele rapidamente compensa seu alcance limitado. Faltando menos de um minuto, Pedro Mestre dispara uma saraivada de notas de suas unidades de teclado, Moogs, Rhodes e Clavinet. Esta é uma característica de todo o álbum. Então, não foi uma surpresa que a banda o quisesse. Na verdade, eles esperaram que Pedro Mestre terminasse a turnê com sua própria banda para que ele pudesse entrar no álbum em andamento. A segunda faixa é a faixa-título "Holocausto". A faixa é dividida em duas partes, que segue com mais de 10 minutos de duração, sendo esta a peça mais longa do álbum. Um swell cacofônico, baixo Moog enérgico e coro Mellotron, cortesia do convidado Pedro Mestre de Petrus Castrus, abrem "Holocausto/Ultimo Raio Do Astro Rei". Pedro Mestre usa o ataque distinto de seu Clavinet com grande efeito para ritmo e solos. A terceira faixa é o interlúdio "Zephirus". É determinado por um baixo sulcado e uma parede de teclado, sobre a qual as sílabas Ze-Phy-Rus são repetidamente sussurradas. É uma peça maravilhosa com seu som perverso, vocais sussurrados sem palavras. Manuel Cardoso toca sitar nesta faixa. A quarta faixa "Talismã" foi tratada com belo trabalho de teclado Moog. O meio desta faixa até soa um pouco de Fusion, mas a banda carrega os pés de volta ao molde sinfônico no outro estendido. Este é um Prog clássico ao mais alto nível. A quinta faixa "Ara" é uma peça muito bonita com vocais suaves e emocionais. Aqui, temos alguns dos melhores vocais de todo o álbum, surpreendentemente. O trabalho da guitarra elétrica e o ritmo acelerado com um solo suingante de Minimoog também são ótimos. A sexta faixa "Ji" foi dedicada ao seu mentor, um certo Guru, Maharaj Ji Kijai, como o nome da faixa indica. Esta é outra ótima faixa com um toque de Jazz Rock que apresenta um bom violão e um ótimo trabalho de teclado, fechando o álbum de uma forma muito bonita.

Conclusão: "Holocausto" é mais um grande lançamento do TANTRA e representa mais uma excelente montra desta banda portuguesa de Rock Progressivo. Ouvintes do Prog clássico não podem errar com este álbum, que está mais à margem do mainstream tanto temporal quanto localmente. Musicalmente, é um sucesso absoluto e a comparação com os grandes clássicos YES e GENESIS não estraga o álbum. TANTRA com "Holocausto", à semelhança do debut, tem um sentimento português muito próprio. Uma das melhores qualidades de "Holocausto" não é apenas sua produção fria e obscura dos anos 70, mas o fato de que os músicos não atrapalham uns aos outros. Tudo bem, às vezes os teclados superam as guitarras, mas em geral todos os músicos têm seu papel ao longo do álbum. É também o mais próximo que o TANTRA chega do Fusion. Apenas ouça, por si mesmo. Confira !!!

                                        highlights  ◇
Tracks:
1. Om (8:47)  ◇
2. Holocausto / Último Raio Do Astro Rei (10:53)  ◇
3. Zephyrus (2:50)  ◇
4. Talismã (8:44)
5. Ara (4:54)
6. Ji (7:29)  ◇
Time: 43:47

Musicians:
- Manuel "Frodo" Cardoso / acoustic, semi-acoustic & electric guitars, Top Gear TG55 guitar synth, sitar (3), lead vocals
- Pedro Luís / grand piano, Fender Rhodes, Clavinet, Mellotron (2,4), Polymoog, Minimoog
- Américo Luís / bass
- Tozé Almeida / drums, tubular bells, marimba, percussion, clarinet (2)
With:
- Tony Moura / electric guitar, lead vocals
- Pedro Mestre / keyboards (6), chorus (2)

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CRONOLOGIA

Humanoid Flesh (1981)



Discografia:
1978 • Holocausto
1981 • Humanoid Flesh
2003 • Terra  
2003 • Live Ritual‎
2005 • Delirium

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