Artista: ANANE
País: Indonésia
Gênero: Progressivo Eclético
Álbum: The Evolution Ethnic: Slebar Slebor
Ano: 2005
Duração: 61:43
Músicos:
- Firman Sitompoel / violoncelo, violão
- Joeliyandi / guitarra, violão, flauta
- Andri Rustandi / baixo
- Andi Gomes / piano, teclados e sintetizadores
- Daniel Caesar / bateria, taganing
- Pramono A. Pamungkas / sax tenor, flauta, piccolo, flauta de bambu
- Soedarman / djembe, percussão
Com:
- Eddie Flo / teclados adicionais em Slebar Slebor, Perueren, e Kekeberen Ni Pejuang
- Diana Insyafari / vocais adicionais em Kekeberen Ni Pejuang
Esse grupo, formado em Yogyakarta, no ano de 2003, lançou somente um disco. A definição da musicalidade que buscaram, segundo está escrito no encarte, é a busca da união do Oeste com o Leste, e do Antigo com o Moderno. Afirmam, também, que as músicas são rearranjos de canções tradicionais da região de Gayo, cujos habitantes têm também descendência australiana, e vivem nas montanhas da província de Aceh. Tanto na minha audição, quanto na de outros resenhistas que consultei, fazem essa união com bastante riqueza e detalhes. Apesar da palavra anane significar simples, na língua Bahasa (segundo um site que consultei), a oficial do país (que tem mais de 350 diferentes dialetos). Identifiquei, além das influências árabes (a maioria da população da Indonésia é islâmica), de elementos do progressivo sinfônico britânico, influências de música peruana, um pouco de música africana, e até mesmo uma passagem bem ao estilo MAGMA.
Na primeira faixa, notas rápidas e uma interação bem dinâmica dos músicos são realizadas desde o início. Isso acontece na maior parte do restante do álbum. Nesta faixa, aquela flauta característica usada para encantar cobras é tocada de forma jocosa. Um canto árabe faz uma participação muito curta. Segundo o encarte, essa peça foi inspirada num jogo feito pelas crianças em todo o país, e o canto também é baseado num estilo local que consiste em sussurrar alto.
Assim como na primeira faixa, na próxima o ouvinte tem acesso a uma grande musicalidade em um estilo prog fusion, com pinceladas de heavy prog. Começa com uma vocalização em forma de lamento, seguida por uma seção rítmica inventiva - até lembra o nosso samba. Neste caso, é provavelmente o resultado da influência de alguma expressão musical africana. Na segunda metade da faixa, eles ficam mais tribais e festivos. Às vezes, um piano free-jazz, muito tocante, traz um clima mais sereno. No encarte, afirmam ter acrescentado partes de influências turcas, Malaya, Pelog/Hadrah Kuntulan, e Banyuwangi.
A 3a música, chamada Perueren, tem uma introdução muito mais calma que suas antecessoras. As notas longas do violoncelo e do sax, juntamente com o baixo e os sintetizadores, criam um ambiente mais suave. Logo recebem a companhia, não por muito tempo, de alguns vocais árabes. É quando a flauta de bambu começa a aparecer. Na metade desta faixa, liderados por violonista e cantor(es), há um inquestionável sabor hispânico na instrumentação, misturado com motivos peruanos. É no final desta música (ela tem mais de 10 minutos) que a flauta de bambu se torna bem peruana e faz parceria com um canto andino. De acordo com o encarte, a composição original vem de um artista de lá, chamado Ceh Daman Dewantara.
A introdução da faixa posterior é suave. Mas em poucos minutos a base da composição se torna um tema de jazz-rock em loop, com sax, atabaques, bateria e violão. Bem tribal também. Esta repetição não fica chata porque fazem paradas inventivas e bons solos. O título desta faixa é repetido muitas vezes, com vocais fortes acompanhados por um refrão. A única parte dessa composição que não gostei foram algumas partes dos vocais, que ficam um pouco irritantes. A segunda metade é fantástica, apresentam algumas coisas malucas, me lembrando MAGMA francês com um toque tribal. Consta, no encarte, que lançaram mão de um modo de cantar de uma tribo chamada Nias, junto com uma incitação ao amor (Ho Ho Hi Heh).
Uma marcha prog-folk abre Dansa Gayo, com um canto suave acompanhado de flauta. Um violão sensual faz breves intervenções. Quando o violoncelo aparece, é muito breve, mas realmente tocante. Toda a composição, incluindo o refrão, é muito festiva, parecendo também uma celebração. Está indicado, no encarte, que fizeram uso de um modo de bater palmas denominado Tepok Pumu.
O começo da faixa seguinte parece ser uma canção infantil ou de ninar. Que se transforma em um prog funky. Embora consigam fazer essa transição de forma fluida e criativa, na minha opinião esta é a execução menos inspirada do álbum. No encarte colocaram que o título da música remete a um jogo em Makasar, ao sul de Sulawesi. Nele, representam demônios perseguindo crianças.
Fizeram uma versão meio eletrônica da 4a faixa, para entrar como bônus. Está enfadonha, apesar das partes rearranjadas para poder ter alguns elementos chineses tradicionais, para entrar como bônus. Não perca seu tempo ouvindo.
Faixas:
01. Tung Alung-Alung (4:32)
02. Kekeberen Ni Pejuang (11:11)
03. Perueren (10:40)
04. Ho Ho Hi Heh (11:23)
05. Dansa Gayo (6:28)
06. Slebar-Slebor (8:12)
07. Ho Ho Hi Heh [bonus] (9:17)
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