Artista: THE ALAN PARSONS PROJECT
País: Reino Unido
Gênero: Crossover Prog
Álbum: The Turn of a Friendly Card
Ano: 1980
Duração: 39:45
Músicos:
- Alan Parsons / Projectron (2), autoharp (5), clavinete (5,8), assovios e estalos de dedo (5), harpsichord (8), backing vocals (3)
- Eric Woolfson / órgão (1), teclados (2), piano (1,3,4,6-8,10), harpsichord (6,10), vocalista principal (9)
Com:
- Ian Bairnson / violão (3,5,9) & guitarra
- David Paton / baixo, violão (3,5)
- Stuart Elliott / bateria & percussão
- Elmer Gantry / vocalista principal (1)
- Lenny Zakatek / vocalista principal (2,4) & backing vocals, vocal Fx (2)
- Chris Rainbow / vocalista principal (6,7,10) & backing vocals
- Andrew Powell / arranjos orquestrais & condutor (1,3,6,8,10)
- The Orchestra Of The Munich Chamber Opera
- Mel Collins / saxofone (5)
É difícil dizer se ele é mais conhecido, no meio musical, como compositor/músico, do que como produtor e engenheiro de som. Tanto de um lado quanto do outro, ele conseguiu ser bem sucedido. Iniciou sua carreira como assistente de técnico de som. Com 18 anos essa era sua função nos estúdios Abbey Road. Gradativamente (e ao mesmo tempo com certa celeridade) foi melhorando sua formação e expertise. Foi o engenheiro de som de dois discos dos Besouros - Abbey Road e Let it Be. Não muito tempo depois foi engenheiro de som do Dark Side of the Moon. A bem da verdade, ele foi quase que um membro convidado, já que alguns dos efeitos sonoros mais marcantes desse disco do PINK FLOYD foram criadas por Parsons. Bem, ele não aparece com destaque nos créditos do meu LP dessa obra. Aliás, segundo ele próprio, seu nome aparece de forma secundária como engenheiro de som. E, por incrível que pareça, Parsons nem considera essa edição muito boa, pois em algumas partes prevaleceu o trabalho do outro engenheiro de som. Anos depois, a banda conseguiu corrigir parcialmente esse erro, concedendo-lhe a oportunidade de editar e produzir a versão quadrifônca do Dark Side. Não sei se foi coincidência ou não, ele declinou o convite da banda para produzir/editar/mixar o álbum Wish you were here. Ele também produziu (e opinou artística e musicalmente) Year of the Cat, do AL STEWART. Achei muito interessante que ele e Steven Wilson também colaboraram juntos pelo menos uma vez, no disco The Raven that refused to sing. Se eu for elencar todo o currículo do homem, essa resenha vai virar um livreto. Vou selecionar, pois, apenas mais duas conquistas. Uma, a de que ganhou 13 Grammy's. A segunda foi a organização de uma turnê em tributo aos Beatles, de 2001 a 2005, que contou com medalhões como Todd Rundgren, Ann Wilson, John Entwistle e Jack Bruce.
O disco começa pomposo, com metais marcantes. Aliás, um dos inícios de álbum mais memoráveis da década de 80, dentro do universo prog. Embora a bateria e a seção rítmica sejam bastante simples, pelo menos para mim evoca um sentimento de uma música muito universal, que vai agradar a todos. A precisão do momento em que entram os vocais, as pequenas mudanças de harmonias, as viradas sem muita complicação, mas nítidas, limpas, com uma presença encantadora (sem excessos) de elementos orquestrais, usados como deve ser, para fazer a composição crescer. O baixo está fenomenal - admito que ele fica meio repetitivo. Termina abruptamente, meio sem pé nem cabeça.
O começo eletrônico da música seguinte dá outro tom. Há uma vibe disco aqui, eu diria até que chupando algo do BEE GEES. Mas os refrões, tanto instrumentais como cantados, são de cativar o coração. Também escuto alguma presença do STEELY DAN. Contudo, há uns interlúdios mais complexos, e as camadas poli-vocais são incríveis. A guitarra que mescla solo com ritmo pouco depois da metade é fantástica! Aí eles repetem refrões.
Que piano melódico abre a 3a faixa! Ele dá bastante espaço para a seção rítmica, que usa e abusa daquela técnica da bateria que percorreria todo os anos 80 no cenário pop. Aos poucos, com muita emoção, a orquestra vai entrando. Tem algo mais MOODY BLUES que isso? E a letra combina perfeitamente com o instrumental. Essa música convida ao romance e convida ouvintes de pop a esquecer do mundo. Por isso ocupou tanto os dials das rádios da época. No último terço a composição aumenta um ou dois tons, e faz umas sutis, muito sutis, inserções de mais fraseados da orquestra. Vai terminando com o volume diminuindo. Quase que convidando o ouvinte a dormir, hehe.
Um piano bem baixinho, que já podia ser ouvido na faixa anterior, cresce no introdutório da 4a faixa, com um clima um pouco sombrio, com umas harmonias mais elaboradas; pena que repentinamente dá lugar a uma proposta pop-rock. Muito gostosa, mas a transição poderia ter sido mais trabalhada. A presença firme dos vocais, um pouquinho de R&B, a guitarra rítmica garantem mais um pouco de STEELY DAN no álbum. A evolução da bateria nessa música promove mais mudanças de cadência e arranjos, tornando-a mais atrativa nesse aspecto. Mais para o fim outro solo de guitarra faz um bom dueto com vocalizações aveludadas. Bem no final os vocais ficam mais encorpados. Encerra com aquele piano noturno.
O assovio e a nota constante parecendo um misto de sintetizador com cítara que abrem a próxima música são inesquecíveis. O baixo, com algumas notas simples mas brilhantemente encaixadas, encontra seu espaço com o fraseado em looping dos teclados. O saxofone dá um tom meio pop-jazz à composição. As vocalizações são ótimas, os arranjos estão irrepreensíveis.
Meio canção de ninar, meio pop reflexivo, o piano, harmoniosos toques nos pratos, fazem da faixa-título outra canção memorável. Sons de cordas orquestrais oferecem sutilezas ao fundo. A música é bem curtinha, algo positivo, pois assim não precisa ficar repetindo refrão(ões).
A próxima faixa lembra um pouco BAD COMPANY, misturado com FLEETWOOD MAC. A composição provavelmente veio de acordes de guitarra. As seções rítmicas são mais marcadas, e os vocais seguem na mesma proposta. Alguns efeitos sonoros são acrescentados para enriquecer os vocais, cujas harmonias estão um pouco mais elaboradas, incluindo passagens poli-vocais. A guitarra sola gentil lá no último terço.
Um cravo (emulado, suponho) dialoga com um fagote. Os pratos fazem apenas algumas poucas marcações. Dessa vez, surpreendentemente, ao invés de partir para um pop-rock, a composição segue uma música erudita um pouco mais bombástica (ou menos levinha, talvez seja a expressão mais correta). A bateria entra, mas sem obnubilar as ótimas orquestrações. No final, mais ameno, mais low-profile, serve bem como preâmbulo para a canção seguinte, bem no estilo AMERICA. Vocais levemente country, acompanhados de mini-coral, resultam em um plano geral otimista e esperançoso. Um pouco antes do meio, um misto de gaita, acordeon e sintetizador torna a música ainda mais solar. Pouco depois da metade ficam um pouco roqueiros e mais acelerados (aliás, ainda não mencionei que as melodias no álbum têm uma tendência bem maior de serem lentas do que rápidas; a meu ver, uma grande sacada do Alan Parsons), lembrando BAD COMPANY novamente. A guitarra aqui está mais incisiva do que o habitual, e o restante dos músicos acompanham muito bem. Terminam a composição com bastante elegância e coerência.
A última faixa é, conforme o próprio título indica, continuação da 6a. Começa bem lírico, pela forte presença das cordas. Resumidamente, seu início é uma versão ainda mais orquestral da primeira parte. O solo de guitarra, empreendendo notas um poucas mais longas, dá um ar levemente majestoso à composição, algo que os metais vêm reforçar.
Esse trabalho conseguiu emplacar vários hits nas rádios. Várias bandas na época estavam tentando fazer isso, bandas com compositores geniais, tais como ELP, CAMEL, GENESIS, YES e RENAISSANCE, para citar só alguns. O resultado quase sempre foi um desastre. Esse com certeza não é um grande disco de progressivo; entretanto, dentro do espectro pop-rock, é bem elaborado, e ainda apresenta a vantagem de incluir a música clássica nele de uma forma acessível e ao mesmo tempo cativante.
Faixas:
01. May Be a Price to Pay (4:52)
02. Games People Play (4:17)
03. Time (5:05)
04. I Don't Wanna Go Home (4:54)
05. The Gold Bug (4:28)
- The Turn of a Friendly Card (16:09) :
06. I - The Turn of a Friendly Card (Part 1) (2:39)
07. II - Snake Eyes (3:17)
08. III - The Ace of Swords (2:58)
09. IV - Nothing Left to Lose (4:03)
10. V - The Turn of a Friendly Card (Part 2) (3:12)
Discografia:
1976 ● Tales of Mystery and Immagination
1977 ● I Robot.
1978 ● Pyramid
1979 ● Eve
1980 ● The Turn of a Friendly Card.
1982 ● Eye in the Sky.
1984 ● Ammonia Avenue.
1984 ● Vulture Culture.
1985 ● Stereotomy.
1987 ● Gaudi.
2004 ● Extended Versions. Live.
2014 ● The Sicilian Defence.
2016 ● Live in Colombia.
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