Com 14 anos Franck iniciou sua carreira numa banda de rock. Seu instrumento de preferência já era a guitarra; não obstante, ele também aprendeu, no decorrer dos anos, a tocar baixo, teclado, bateria e mandolim. Além de cantar razoavelmente bem. Sempre em movimento e renovação, participou de inúmeros grupos em seu país, antes de passar um período tocando em clubes de Amsterdã. Ele relata que numa gig com Steve Hackett, o mesmo o encorajou a seguir em carreira solo.
Minha resenha foi realizada em cima do CD. Estou apontando isso pois o DVD tem música a mais.
Começa intenso, fraseado cativante nos sintetizadores, umas pancadas bateria/guitarra, e com Franck dizendo “Good evening everybodyyyy”. Super acolhedor. A guitarra vai contornando o espaço sonoro, antes de uma seção rítmica com um gostoso groove. Franck está longe de ter, como vocalista, excelentes timbres e tons, mas executa ótimas cadências e interpretações. Além de ser muito animado sem ser espalhafatoso ou exagerado. Impressionante como a banda está afinada e coesa. As harmonias em que tocam ao mesmo tempo baixo, bateria e guitarra são matadoras. Na metade da canção executam uns compassos complicados, é uma mudança esplêndida. Em seguida ocorre um momento mais tranquilo, centralizado nos sintetizadores. É uma música com 9 minutos e meio, precisam dar uma variada no decorrer da mesma, né? Nos últimos minutos dão uma acelerada muito consistente e vigorosa.
Na faixa seguinte, com uma guitarra dedilhada e a voz linda e maviosa de Mary. Entram os vocais de Franck para compor junto com ela, e ambos apresentam um estilo de canto diferente da música anterior, pois apresentam alternância entre notas de média duração e notas longas. Num instrumental levemente romântico, que vai crescendo, ganhando mais notas. De repente fica meio blues. Uma transição inesperada ocorre. Advém umas harmonias mais densas (em que todos os instrumentos vão tocando junto). Para voltar em seguida àquela proposta central que é mais suave, Franck lança um agudo inspirado na guitarra.
A 3ª faixa abre com um belo piano. Franck cantando, apoiado por vocalizações femininas. Ótimo início. Compassos esplêndidos são desenvolvidos, até um momento mais melódico, com direito a uma guitarra bem "hacketiana", assumida nesse momento por Mathieu Spaeter. Nesse momento também mostram que beberam bem do YES. Um tanto quanto repentinamente, mas também com fluidez, a partir do momento em que tem umas crianças falando, passa para outra proposta, um pouco mais pesada, com firmes harmonias guitarra/teclados. Que música maravilhosa! E quando volta pro piano, é de um lirismo positivamente inebriante. O coro da platéia acompanhando a banda é emocionante.
Já partem rápido para a próxima música. Mais acelerada e pesada, vibrante! De tremer o chão. Passam para uma parte tranquila, só nos sintetizadores e vocais, que vai crescendo até a entrada da cozinha completa. Essa vai executando umas viradas coesas e consistentes, para voltar àquela proposta mais pesada e com groove. Fecham de modo roqueiro. É uma música muito boa, embora não tenha tantas idéias e criatividade quanto um punhado de outras, no disco.
O início da 5a performance é solene, centrada na marcha da bateria. Fica dramático e sério antes da metade até o final.
Começo arrebatador da música posterior. Cozinha intensa e vibrante. Apresentam em seguida um trecho intimista, antes de partir para uma porradaria fenomenal, que me lembrou o primeiro disco do SOLARIS. Daí inserem também elementos à la DEEP PURPLE.
Na 7a canção, as harmonias vocais iniciais são elegantes e calorosas. Uma guitarra (e/ou um violão) dedilhada gentilmente contorna as palavras entoadas/cantadas. Entra uma maravilhosa, complexa e calma harmonia entre guitarra e violão, acompanhada pouquinho depois pelos sintetizadores. Tudo se encaixa muito bem! Sobrevém uma cozinha tranquila, com swing, que prepara perfeitamente a chegada do refrão "Love is what you mean, what you mean to me". Além de outras palavras apaixonadas. Na metade da canção, um sintetizador mais pomposo vai solando, sem pressa, até retomarem, com mais volume e detalhes, algumas idéias apresentadas antes nessa faixa. A seção rítmica também vai ganhando densidade, até fazerem uma transição para uma abordagem bem GENESIS. O final é melancólico e introspectivo. Magnífico!
Um violão em looping, com uma base no sintetizador, abrem a penúltima performance. Boas escolhas de timbres (como em praticamente todo o álbum) e tons. Lembra uns materiais mais calmos do YES. Pouco antes da metade, mudam radicalmente, entrando uma guitarra rítmica. Inicialmente descontextualizada, mas que faz todo sentido quando entra o restante da cozinha, firme e plena! Daí partem para um swing um pouco mais pesado. Lembra um pouco o STYX. Guitarra brilhante!
Para fechar com chave de ouro, tem uma live genial de "Alice's Eerie Dream". Guitarra envolvente, marcações rítmicas geniais. Seja no modo roqueiro com pitadas de blues, seja no modo progressivo. Harmonias super trabalhadas e bem cuidadas, tanto as vocais quanto as instrumentais. Antes da metade, um looping no piano serve de base para uma construção bem teatral nos vocais, junto com alguns efeitos adicionais. O final tem um fabuloso swing.
highlights ◇
Faixas:
01. Torn Apart (9:24)
02. Closer to Irreversible (5:33)
03. Artificial Paradises (11:28)
06. Achilles (6:09)
07. A Brief Tale of Time (11:08)
08. The Last Oddity (9:15)
09. Alice's Eerie Dream (12:40)
Músicos:
- Franck Carducci / baixo, guitarra de 12 cordas, vocais
- Christophe Obadia / guitarra, pedais de baixo, didgeridoo, vocais
- Olivier Castan / teclados, vocais
- Mathieu Spaeter / guitarra de 6 e 12 cordas, vocais
- Mary Reynaud / rainstick, tamborim, vocais
- Jimmy Pallagrosi / bateria
Discografia:
2011 ● Oddity
2015 ● Torn Apart
2016 ● Tearing the tour Apart. Lançado em CD, DVD e DL. O DVD tem uma ou duas músicas (é difícil dizer, pois pode ser que duas músicas do DVD façam parte da mesma música) a mais que o CD
2019 ● The Answer
2023 ● Franck Carducci & Mary Reynaud: Naked
2023 ● The Answer Live
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