Dois dos três músicos desse grupo, Andoy e Cermund, faziam parte da banda da escola na época do ensino médio. Posteriormente, Isaac se juntou ao grupo a convite de Andoy. O guitarrista e o baixista são autodidatas, embora o aprendizado do piano tenha se iniciado em aulas aos 9 anos de idade de Isaac. O pai de Andoy tem um estúdio, usado pelo grupo, e é o agente da banda (informações coletadas em entrevista de outubro de 2024).
Começa intenso, baixo alto e firme, viradas esplêndidas na bateria. O sintetizador funciona para aumentar a dramaticidade e intensidade da composição. Muitas mudanças de compassos e harmonias logo no início, sobretudo quando a guitarra entra com mais proeminência. Alguns efeitos sonoros de coral são produzidos, um piano bem breve aparece repentinamente. Jazz-rock fusion quase prog metal. Com quase 3 minutos, entra uma marcha pesada, e logo em seguida vocais, em inglês, que me surpreenderam. De qualquer modo, as partes instrumentais são de longe mais presentes que as partes com vocais. Segue-se pois um trecho pesado mas menos intenso, que até apresenta uns fraseados com um pouco de melodia. Pouco depois dos 4min incorporam alguns elementos musicais do Oriente Médio, antes de retomar o heavy fusion que é o eixo central dessa música. Quando os vocais são retomados, é num clima mais tranquilo, e o vocalista mais uma vez mostra excelente trabalho, adotando um timbre mais agudo e suave, bem de acordo com a execução, nessa ocasião. A música, que parece ser uma suíte (só lembrando que nem toda música longa é uma suíte), segue inventiva e criativa. Não há muita diversidade de timbres e tons (com exceção dos vocais, extremamente variados); não tenho como afirmar se por falta de recursos financeiros para comprar instrumentos, ou se foi proposital para tornar mais viável e/ou prático sua execução ao vivo. Contudo, a composição é muito rica, e compensa tal limitação. Gostaria de salientar que todos os músicos são imensamente técnicos e estão muito entrosados/treinados. Além disso, a composição, inteligentemente, dá espaço para todos. Com 15 min a guitarra serve mais às seções rítmicas do que fazendo solos; em seguida, apresenta ótimos fraseados em looping. pouco depois entra uma emulação de xilofone. Umas vocalizações são repetidas, e entram numa viagem musical parecida com algumas propostas do YES meio "etéreas". Para entrar num momento apoteótico. No finalzinho, um violão tranquilo, sem pressa, um piano e sintetizadores calmos, para tranquilizar o coração.
A faixa seguinte inicia com um violão acolhedor, junto a um canto inspirado, em harmonias fabulosas. Um coral curto mas emocionante, antecede uma marcha energizante, com uma instrumentação crescente. Inesperadamente mudam muito a cadência e a seção rítmica. Ficou estranho e quebrou o clima maravilhoso que estavam construindo. Entretanto, logo se "recuperam" e voltam para aquela atmosfera encantadora.
O violão que abre a terceira faixa é meio enigmática e calma, não dá para imaginar para onde levará a música. Num instante dedilhados rápidos se apoderam desse instrumento, ficando meio fusion, levemente flamenco. Algumas mudanças de harmonia acontecem, um pouco confusas, para entrar em uma proposta rítmica mediana. O baixo faz uma abordagem como que de um contrabaixo, um pouco blues. Bem, mais mudanças e propostas são apresentadas. De um modo que para mim pareceu que não estavam conseguindo se achar, nem saber direito para onde ir. No finalzinho se encontram, só que sem muita genialidade.
A música a seguir tem umas harmonias consistentes e tenazes, muito boas, com ótimos fraseados na guitarra e viradas esplêndidas na bateria. É quando retomam o fusion. Advém um andamento rítmico mais acelerado, e o baterista mostra que sabe alternar muito bem os compassos, e ao mesmo tempo fazer os turnovers. Uma pegada plena de firmeza vai sendo desenvolvida na bateria e guitarra. Notas um pouco mais longas, maviosas e penetrantes, se desenrolam nas cordas. O guitarrista realmente se superou, mantendo a energia alta do início ao fim. Totalmente instrumental; aliás, uma ótima escolha.
A proposta na 5a faixa é heavy prog. É uma das faixas com mais vocais, que novamente estão bem de acordo com o gênero musical adotado. Todos estão bem eficientes, no cômputo geral.
A música posterior é bem progressivo eletrônica. Toda realizada nos sintetizadores. É bem curtinha, com menos de um minuto e meio.
Uma entrada lírica mas bem ativa abre a 7a música. Uma marcha no piano e bateria servem de suporte aos outros instrumentos. Tem uma execução um pouco mais comercial, com bastante piano, menos viradas na bateria. Uma composição mais simples, enfim. Lembra algo do ELP dos anos 80. Não gostei. Mas não vejo isso como demérito: afinal, o que são seis minutos de menor qualidade num disco com quase 53min?
Os vocais da penúltima música não estão em inglês. Incrível trabalho realizado pelo baixista. É meio heavy-prog, meio AOR. Não está entre as melhores da obra, mas é eficiente.
A faixa de encerramento é uma bela performance voz-e-violão. Tem um pouquinho mais de 2 minutos.
highlights ◇
Faixas:
01. Through the Passages of Time (23:14)
02. The Return of Man (3:29)
04. Andromeda's Sons (4:17)
09. Symphony of the Galaxy (2:16)
Músicos:
- “Andoy" P. Patuasic: guitarra, vocais, compositor e produtor
- Isaac Villegas Abogatal: baixo, piano, backing vocals
- Cermund John Alcantara: bateria, compositor e backing vocals
Discografia:
2020 ● In My Dumb Perspective
2022 ● The Light
2024 ● Through the Passages of Time
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