quarta-feira, março 20

STRONGBOW ● Strongbow ● 1975 ● Estados Unidos [Symphonic Prog]

Segundo o site rateyourmusic, o grupo foi formado em Columbus, Ohio, em 1970. De acordo com o site discogs, foi em 1972. Ao que parece, a história deles toda se passou nessa cidade. Foi lá que lançaram dois singles, em 1973, bem como seu álbum, de 1975. No meu encarte consta que uma filial desse selo no Canadá lançou o trabalho no mesmo ano.

Por muitos anos essa obra só esteve disponível em LP. Passou a integrar alguns streamings, até que esse ano saiu em CD, com algumas faixas bônus. Meu CD é pirata, de um “selo” russo, denominado SWS. Lançado em 2021.

Segundo o site discogs, se desmembraram em 1978. No Facebook deles, criado em 2020, há muitas fotos deles nos anos 70. E a informação de que realizaram dois shows em agosto de 2021, na mesma cidade. Também há fotos desses shows, mas nenhuma informação posterior.

Agora sigamos à resenha.

Começa com um sintetizador grave, podendo vir a fazer o ouvinte pensar que é um disco de música eletrônica. O próximo instrumento a entrar são a bateria e a guitarra, um pouco repetitivos. Quando começam as viradas de bateria, as marcações firmes e progressivas do baixo, o fraseado cheio de groove do piano, a proposta muda totalmente. Entrando no progressivo sinfônico, estilo que prevalece até o fim do álbum.

Há uma presença acentuada da guitarra. Muito longe do modelo fusion e e/ou do estilo melódico.

Na segunda faixa mais uma vez não começam tão bem. Engrenam quando deixam a guitarra liderar a composição, e quando os outros músicos buscam mais espaços na composição. Em dado momento mudam consideravelmente o compasso, depois voltam ao anterior, fazendo alternâncias e combinações inventivas.

A cadência menos acelerada, quase lenta, da terceira faixa, combina com o fato dela ser a mais longa do disco, chegando a quase 10min. Harmonias vocais incríveis, como aliás em praticamente todo o disco, mas que aqui estão particularmente inspiradas. Os vocais levemente agudos e ao mesmo tempo discretamente, muito sutilmente anasalados, são ótimos. Há uns solos interessantes do trombone elétrico. No meio da canção, um looping interessante vai crescendo, e em dado momento acelerando e se enriquecendo, com uma excelente cozinha instrumental. Há um slide guitar no finalzinho, que pode passar despercebido.

A harmonia que abre a faixa seguinte, envolvendo sintetizador low-profile, umas marcações comedidas da bateria, o trombone e saxofone densos, é espetacular! A guitarra apresenta um fraseado estupendo, mas em ocasiões posteriores apresenta uns efeitos psicodélicos sutis e marcantes. Vão construindo magnificamente o caminho para o estilo próprio deles, um rock grooveado, na companhia de harmonias vocais novamente magníficas.

Notas envolventes no baixo assumem boa parte da composição no início da 5ª faixa. “How can I be loving you, when I know you won’t be around. And how can I be loving you today? How can I be loving you when my feet are on the ground, how can I be loving you this way”. Quando termina um conjunto de refrões, entra uma flauta maviosa. Ela sai para dar mais espaço a novos refrões: “How can you be telling me I know how to rock and roll? How can you be telling me tonight?”, entre outros refrões sensuais e poéticos. Ao fim deles, a cadência dá uma leve acelerada, a guitarra apresenta uns solos um pouco mais incisivos.

Na música seguinte, que é bem curtinha, uma abordagem levemente funky se apresenta. O uso dos instrumentos de sopro mostra clara influência de James Brown.

Os tons são um pouco mais graves e sinfônicos na última faixa, sobretudo nos sintetizadores e baixo; sobretudo em boa parte da segunda metade da canção. A guitarra tem um papel significativo.

Essa banda me lembra algo do FOCUS; especificamente algo do primeiro disco e do Focus com Proby. Ou seja, não se assemelham a meu ver nem um pouco com obras como Moving Waves, 3 ou Hamburguer Concerto. Pois esses discos do FOCUS foram os que mais dialogaram com a música erudita. STRONGBOW tem bastante groove, como muitas músicas do Focus, mas dialogam pouco com o erudito. Têm, sim, proximidade com o rock, blues-rock e um pouco do hard-rock, e particularmente com bandas como BAD COMPANY e as primeiras coisas do FOREIGNER. Entretanto, devido à complexidade tanto das harmonias e arranjos, são inegavelmente (para mim) integrantes do estilo rock progressivo. Outro diferencial significativo com relação ao Focus é que todos os cinco músicos são vocalistas. Acho fantástico quando isso acontece e é explorado na obra.


Tracks:
01. One Armed Bandit.
02. Sister Sea
03. The Only One Around
04. Move Over Gloom
05. How Can I Be Loving You
06. Wine Eyes
07. Hazy May

Musicians:
• Bill Bendler: vocals, pianos, electric trombone
• Michael Shortland: guitar and vocals
• John Stelzer: organ, synthesizer, mellotron, alto and tenor sax, flute and vocals
• John Durzo: fender bass and vocals
• David Smith: drums and vocals

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