sábado, dezembro 28

ELECTROMAGNETS ● Electromagnects ● 1975 ● Estados Unidos [Jazz-Rock/Fusion]

Esse grupo do Texas teve uma vida consideravelmente curta, de 1973 a 1977. Embora tenham lançado somente um álbum, gravaram as músicas do disco seguinte em dezembro de 1975, mas esses registros só foram lançado em 2006, segundo o site Discogs. De acordo com um amigo meu, grande conhecedor de rock e rock progressivo, em particular dos anos 70 e parte dos 80, as pessoas que não conhecem esse disco costumam ficar com um pé atrás a respeito dele se, antes da audição, souberem que o guitarrista e líder dele é o Eric Johnson. De fato, ele é mais conhecido pelas colaborações com importantes artistas do pop ou do soft-rock, tais como Cat Stevens, Carole King, e Christopher Cross, antes de partir em carreira solo a partir de 1986.

Stephen Barber, o tecladista, após a dissolução da banda, colaborou com inúmeros artistas, entre eles David Byrne, Keith Richards, John Legend, Natalie Merchant, T Bone Burnett, Rosanne Cash, a London Symphony Orchestra, Christopher Cross, Bonnie Raitt e Indigo Girls, inclusive como compositor e arranjador.

O baixista colaborou, depois do ELECTROMAGNETS, em outros cinco álbuns da carreira solo do ERIC JOHNSON. Bem como durante um curto período no G3, entre outros projetos e trabalhos.

Agora vamos ao disco. A primeira informação é de que o LP tem uma capa horrível, e a edição em CD, outra, muito melhor. Que foi, aliás, a que escolhi de ilustração.

A guitarra cristalina de Johnson, com as complexas harmonias executadas por todos os músicos em combinações inventivas de compassos, abrem o disco. E essa é uma tônica em praticamente toda essa obra. Em dado momento partem, sem mudar de estilo, para outra proposta. Quem dá início a esse novo momento é o baixo, bem saliente, e um pouco mais acelerado. Se no início os tons eram puxados mais para os agudos, agora estão equilibrados. Chega um instante em que param, mas logo retomam. O tecladista faz uns pequenos solos meio psicodélicos, meio viajantes. Compassos quebrados, inusitados, bem instigantes, fecham essa sensacional faixa.

A seguinte abre com um violão bem metálico, acompanhado pelos teclados, incluindo piano. O baixo está bem lírico, uma característica bem presente nessa parte. A música vai crescendo, e chega a esplêndidas frases na guitarra. Antes de voltar para a abordagem mais lírica, que dessa vez conta com um pouco de groove também. Doravante incluem um pouco de jazz. A técnica e versatilidade do baterista é impressionante, que combinam majestosamente com as entonações mais altas do guitarrista.

Que abertura fabulosa na bateria para a 3ª faixa! Guitarra, baixo e sintetizador entram rasgando, é de tirar o fôlego. Vão nesse passo mais acelerado e um pouco mais pesado, mudando harmonias, mas sem perder o ritmo e a firmeza. Vem um interlúdio feroz, para uma guitarra furiosa e um baixo destruidor. Uma das melhores músicas de jazz-rock fusion que conheço. Mais para o final uma explosão de notas enlouquecidas antes de fecharem.

Depois da corrida frenética que acabou de ocorrer, sobrevém uma faixa mais tranquila. Bela entrada do baixo, parecendo quase um contra-baixo. As marcações são bem cheias (muitas notas), mas sem pesar ou acelerar a mão. Bem interessante. Mas os caras têm tantas idéias e querem coloca-las em prática, que com um minuto a música cresce muito. Como o Eric consegue criar tantos acordes maravilhosos? O tecladista apresenta ótimos solos, e o baixista arrasador, acompanhando. As entonações da guitarra voltam exponenciais, com uns psicodelismos aqui e ali dos teclados. E o baixo não arreda, mantendo a vibração e o pulso, quando todos os músicos dão um sprint incrível, para um encerramento apoteótico.

Assim se encerra o maravilhoso lado A.

O outro lado começa com proposta parecida com o que foi apresentado até o momento. Belas entonações na guitarra, mudanças de cadências e harmonias, etc. Mas eis que os instrumentos ficam mais calmos, e entram vocais. Uma diferença para as outras músicas, que são todas instrumentais (embora hajam algumas vocalizações ao fundo, numa faixa do primeiro lado). Enquanto no lado A o clima é de um MAHAVISHNU ORCHESTRA mais complexo e versátil, nessa música está mais para o alemão PASSPORT.

A 6ª faixa subtrai considerável parte do fusion, ficando mais jazz-rock. O saxofone, presente somente aqui, é meloso e tranquilo. Com um minuto Eric deixa sua marca, mas logo volta para a mesma proposta mais “soft”, que seria um cruzamento de MILES DAVIES com PASSPORT. Mais para o final voltam a ser o ELECTROMAGNETS.

A penúltima faixa começa bem, e a partir de certo momento fica esplêndido: um belo e surpreendente piano vai costurando as harmonias, enquanto as mesmas crescem. Algumas criativas batidas em instrumentos de percussão surpreendem. Essa composição é quase tão boa quanto as do lado A.

A faixa que finaliza o LP (tem uma edição em CD com duas bônus) apresenta notas um pouco mais longas em praticamente todos os instrumentos. A banda certamente queria encerrar com uma apresentação mais lírica. Mais para o final, aumentam um pouco o passo, e vira quase uma jam-session, com a bateria e baixo fazendo a base. É uma boa composição, e Eric é o que melhor consegue desempenhar essa abordagem mais lírica.


highlights 
Faixas:
01. Hawaiian Punch (6:00)
02. Motion (4:45)
03. Dry Ice (5:05)
04. Blackhole (6:51)
07. Novia Scotia (3:38)

Músicos:
- Eric Johnson / guitar, acoustic guitar
- Steve Barber / electric piano, piano, Clavinet, synthesizer, vocals
- Kyle Brock / bass
- Bill Maddox / drums, percussion
Com:
- Tomas Ramirez / saxophone (6)
- John Treanor / percussion (6)
- Chris Geppert (Christopher Cross) / vocals (2)


Discografia:
1975 ● Electromagnets
2006 ● Electromagnets II (gravado em dezembro de 1975)

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