Esse grupo do Texas teve uma vida
consideravelmente curta, de 1973 a 1977. Embora tenham lançado somente um
álbum, gravaram as músicas do disco seguinte em dezembro de 1975, mas esses
registros só foram lançado em 2006, segundo o site Discogs. De acordo com um
amigo meu, grande conhecedor de rock e rock progressivo, em particular dos anos
70 e parte dos 80, as pessoas que não conhecem esse disco costumam ficar com um
pé atrás a respeito dele se, antes da audição, souberem que o guitarrista e
líder dele é o Eric Johnson. De
fato, ele é mais conhecido pelas colaborações com importantes artistas do pop
ou do soft-rock, tais como Cat Stevens,
Carole King, e Christopher Cross, antes de partir em carreira solo a partir de
1986.
Stephen Barber, o tecladista,
após a dissolução da banda, colaborou com inúmeros artistas, entre eles David Byrne, Keith Richards, John Legend,
Natalie Merchant, T Bone Burnett, Rosanne Cash, a London
Symphony Orchestra, Christopher
Cross, Bonnie Raitt e Indigo Girls, inclusive como compositor
e arranjador.
O baixista colaborou, depois do ELECTROMAGNETS,
em outros cinco álbuns da carreira solo do ERIC JOHNSON. Bem como durante um
curto período no G3, entre outros projetos e trabalhos.
Agora vamos ao disco. A primeira informação é de
que o LP tem uma capa horrível, e a edição em CD, outra, muito melhor. Que foi,
aliás, a que escolhi de ilustração.
A guitarra cristalina de Johnson, com as
complexas harmonias executadas por todos os músicos em combinações inventivas
de compassos, abrem o disco. E essa é uma tônica em praticamente toda essa
obra. Em dado momento partem, sem mudar de estilo, para outra proposta. Quem dá
início a esse novo momento é o baixo, bem saliente, e um pouco mais acelerado.
Se no início os tons eram puxados mais para os agudos, agora estão
equilibrados. Chega um instante em que param, mas logo retomam. O tecladista
faz uns pequenos solos meio psicodélicos, meio viajantes. Compassos quebrados,
inusitados, bem instigantes, fecham essa sensacional faixa.
A seguinte abre com um violão bem metálico,
acompanhado pelos teclados, incluindo piano. O baixo está bem lírico, uma
característica bem presente nessa parte. A música vai crescendo, e chega a
esplêndidas frases na guitarra. Antes de voltar para a abordagem mais lírica,
que dessa vez conta com um pouco de groove também. Doravante incluem um pouco
de jazz. A técnica e versatilidade do baterista é impressionante, que combinam
majestosamente com as entonações mais altas do guitarrista.
Que abertura fabulosa na bateria para a 3ª faixa!
Guitarra, baixo e sintetizador entram rasgando, é de tirar o fôlego. Vão nesse
passo mais acelerado e um pouco mais pesado, mudando harmonias, mas sem perder
o ritmo e a firmeza. Vem um interlúdio feroz, para uma guitarra furiosa e um
baixo destruidor. Uma das melhores músicas de jazz-rock fusion que conheço.
Mais para o final uma explosão de notas enlouquecidas antes de fecharem.
Depois da corrida frenética que acabou de
ocorrer, sobrevém uma faixa mais tranquila. Bela entrada do baixo, parecendo
quase um contra-baixo. As marcações são bem cheias (muitas notas), mas sem
pesar ou acelerar a mão. Bem interessante. Mas os caras têm tantas idéias e
querem coloca-las em prática, que com um minuto a música cresce muito. Como o Eric consegue criar tantos acordes
maravilhosos? O tecladista apresenta ótimos solos, e o baixista arrasador,
acompanhando. As entonações da guitarra voltam exponenciais, com uns
psicodelismos aqui e ali dos teclados. E o baixo não arreda, mantendo a
vibração e o pulso, quando todos os músicos dão um sprint incrível, para um
encerramento apoteótico.
Assim se encerra o maravilhoso lado A.
O outro lado começa com proposta parecida com o
que foi apresentado até o momento. Belas entonações na guitarra, mudanças de
cadências e harmonias, etc. Mas eis que os instrumentos ficam mais calmos, e
entram vocais. Uma diferença para as outras músicas, que são todas
instrumentais (embora hajam algumas vocalizações ao fundo, numa faixa do
primeiro lado). Enquanto no lado A o clima é de um MAHAVISHNU ORCHESTRA mais
complexo e versátil, nessa música está mais para o alemão PASSPORT.
A 6ª faixa subtrai considerável parte do fusion,
ficando mais jazz-rock. O saxofone, presente somente aqui, é meloso e
tranquilo. Com um minuto Eric deixa
sua marca, mas logo volta para a mesma proposta mais “soft”, que seria um
cruzamento de MILES DAVIES com PASSPORT. Mais para o final voltam a
ser o ELECTROMAGNETS.
A penúltima faixa começa bem, e a partir de certo
momento fica esplêndido: um belo e surpreendente piano vai costurando as
harmonias, enquanto as mesmas crescem. Algumas criativas batidas em
instrumentos de percussão surpreendem. Essa composição é quase tão boa quanto
as do lado A.
A faixa que finaliza o LP (tem uma edição em CD com duas bônus) apresenta notas um pouco mais longas em praticamente todos os instrumentos. A banda certamente queria encerrar com uma apresentação mais lírica. Mais para o final, aumentam um pouco o passo, e vira quase uma jam-session, com a bateria e baixo fazendo a base. É uma boa composição, e Eric é o que melhor consegue desempenhar essa abordagem mais lírica.
2006 ● Electromagnets II (gravado em dezembro de 1975)
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