O grupo é de Passo Fundo, Rio Grande do Sul. O
embrião da banda se deu em meados de 2004, quando Alexandre Saggiorato (guitarra e voz) e Tiago Biazus (teclados), cursavam música na Universidade de Passo
Fundo (UPF) e resolveram desenvolver um projeto independente que pudesse servir
de base para estudos de improvisação, composição e arranjos criados até então
por cada um individualmente. Com a finalidade de registrar o trabalho, Fábio Telles recebe o convite para
assumir o contrabaixo. E, em 2007 chega ao grupo o baterista e percussionista Norton Severo. O nome da banda vem da
importância do trem para o blues. E eles também queriam um nome que tivesse
relação com a idéia de força, de mudança, de trilhar e percorrer caminhos.
Primeira faixa tem uma energia incrível. As viradas
de bateria estão inspiradíssimas, e as notas longas na guitarra, dispostas na
medida certa. Sintetizadores trazem um pouco de uma atmosfera vintage. Perfeita
a escolha de deixa-la instrumental. Harmonias complexas na segunda metade dessa
música servem para completar minha descrição da mesma: espetacular.
A próxima faixa é praticamente emendada com a
primeira. Conta com vocais muito fluidos e expressivos. Ótimo trabalho de
bateria, guitarra rítmica dá conta do recado direitinho, e o baixo vai
implementando bom suporte a todos. Bom uso do piano, num clima mais sério. E no
meio uma guitarra blues coloca um ritmo mais gostoso.
O clima na 3ª faixa é mais ameno e lento. Marcações
e frases líricas do violino dialogam lindamente com algumas falas, econômicas
mas certeiras, do piano, e de alguns instrumentos de percussão. Um belo
moto-perpétuo na guitarra, meio que ao fundo, junto com o piano e sintetizadores,
ressaltam o tocante trabalho de dedilhado do baixo.
Não há separação entre essa faixa e a próxima. Que,
por sua vez, vira logo um blues-rock. Não demora muito e o grupo vai fazendo
umas harmonias mais complexas, porém meio confusas. Colocam uns solos sem
propósito e uma marcha sem contexto. Mais para o final até que se encontram,
usando uma fórmula mais fácil de executar: seções rítmicas mais acessíveis com
solos de rock. E mais ainda pro final, as viradas na bateria melhoram, assim
como a fluidez dos outros instrumentos.
A 5ª faixa, bem curta, é basicamente um barulho
constante como se fosse algo sendo amassado, ou pegando fogo.
Um som parecido com o do fagote inicia a 6ª faixa. Uma
harmonia quase-balada dá suporte para os vocais. Há uma mudança na cadência
rítmica. Um solo de guitarra entra junto a seção rítmica meio blues. Quando o
som do fagote volta é com mais lirismo, pois faz parceria com o baixista. No
final juntam com bastante competência a maior parte dos motivos musicais
dispostos previamente nessa faixa. Os vocais continuam envolventes.
Tem umas mudanças repentinas e bruscas na música
seguinte. Que a meu ver se interconectam pouco, deixando uma sensação de
confusão. Os vocais até que amarram e dão mais coesão à composição; contudo,
conseguem trazer apenas um pouco de unidade. Inclusive, mais pro final, quando
a execução fica mais calma, nem assim se encontram. Bem no finalzinho o
trabalho do baixo se destaca bastante. Algumas interpretações se destacam nesse
término, pela guitarra e sintetizadores. Até parece que é uma outra música.
Mais uma vez um som parecido com o de fagote se
apresenta, para abrir a penúltima faixa. Fazem umas boas intervenções, até
chegar nuns bons fraseados, com suingue. Repentinamente a flauta entra. Na minha
opinião, mal aproveitada, pois os fraseados que realiza em nada coincidem com o
restante do grupo. Ao voltarem para a proposta mais suingada, funciona melhor. Seguem
algumas boas inserções do piano, com a composição mais solta. Pulam para um
rock mais direto.
A última e 9ª música começa lírica, vai ganhando
peso (mas não muito) aos poucos. E vai crescendo em criatividade, interação
entre os músicos e firmeza. Terminam com louvor essa obra.
Faixas:
01. Contrapressão
02. Máquina
Vapor
03. Além-mar
04. Não
há
05. Lado
alado
06. Terra
07. Imperfeição
08. Moinhos
de Vento
09. Memórias
Músicos:
- Alexandre Saggiorato / voz, guitarra e violões.
- Tiago Biazus / teclados, acordeon e voz.
- Fábio Telles / baixo.
- Norton Severo / bateria, percussão e voz
Com:
- Evandro Lazzarotto / guitarra blues em Máquina Vapor.
- Juliana Cunha / flauta transversal.
- Vivian Reis / violinos.
- Gadiego Carraro / contrabaixo acústico.
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