Esse grupo foi formado pelo
tecladista Emmanuel Borghi e o
guitarrista James McGaw. O primeiro
tem uma relação bastante próxima com o MAGMA há um certo tempo, e inclusive
participou de projetos de jazz encabeçados por Christian Vander. O guitarrista também foi
integrante do MAGMA. ONE SHOT manteve praticamente a mesma formação em todos os
seus quatro discos de estúdio. Com uma diferença no último: após o falecimento
de McGaw, em 2021, a banda passou a contar com dois tecladistas, um baixista e
um baterista.
Essa resenha é sobre o segundo disco, denominado “Ewaz Vader”. Trata-se de um trabalho integralmente instrumental. Logo no início, percebe-se as semelhanças com o estilo Zeuhl. Baixo alto, bem rítmico; no caso da primeira faixa, começa meio funkeado, para depois passar a ficar meio clássico. Bateria e guitarra fazendo fraseados em looping, com mudanças sutis e constantes de timbres e de notas. Algumas viradas são feitas pela bateria, teclados e guitarra, mas há uma constância nos loopings de certos fraseados. Quando se está chegando perto da metade da música, a bateria fica totalmente Zeuhl, com uma levada jazzística pesada. Solos são executados, quase todos nos sintetizadores. Quase todo o tempo, as notas vão e vêm com bastante velocidade, trazendo por conseguinte a essa faixa uma face Jazz-Rock Fusion. Isso também ajuda a tornar essa música mais palatável para ouvintes que geralmente não apreciam Zeuhl.
A segunda faixa começa lenta, suave e ao mesmo tempo meio sinistra. Parece a introdução de alguma sinfonia do Stravinsky. Com um volume um pouco mais baixo, e praticamente só nos teclados. Após esse breve devaneio, os sintetizadores apresentam um fraseado levemente sombrio, ainda lento, ao qual vão aderindo os outros instrumentos, cada um a seu tempo. Primeiro o baixo, depois a guitarra, e por fim a bateria. Algumas variações começam a ser desenvolvidas, a execução vai, bem aos poucos, ganhando velocidade, mas não por muito tempo, pois volta a ficar meio lento, dessa vez numa pegada mais jazzística. Sobretudo na bateria. Nesse meio tempo acontecem alguns solos de guitarra.
Os teclados e a guitarra estão bem zeuhl na terceira faixa. Loopings com sutis mudanças, bem jazzísticos. É uma faixa relativamente tranquila. Contudo, pouco antes de chegar na metade, ganha em velocidade, e o baixo passa a gerar mais improvisos e notas. A guitarra fica um pouquinho pesada; em suma, a faixa fica mais dinâmica e complexa, com excelentes jams.
A penúltima faixa, “Missing Imperator”, começa intensa, meio free-jazz. Por pouco tempo, pois fica Zeuhl. Em dado momento entra um fraseado sinistro e muito envolvente, com o baixo pesadíssimo, como um Zeuhl com um toque metal. A guitarra também está mais nervosa. Aos poucos, vão aumentando a velocidade.
A respeito da última faixa: é um vídeo de uma apresentação de uma das faixas do segundo disco do grupo. Que, por sua vez, se trata de material inédito, em registros feitos ao vivo. Nessa apresentação, o baixo começa pesadíssimo no grave; quase distorcido. Essa música está mais para Free-Jazz (para ser mais exato, um Soft Free-Jazz) com algumas inserções de Zeuhl.
Recomendo para os amantes de Jazz-Rock Fusion que querem algo um pouco diferente do habitual. E para os apreciadores de Zeuhl.
Tracks:
01. Ewaz vader (10:32)
02. Fat (15:38)
03. I had a dream / part III et IV (14:47)
04. Missing imperator (13:11)
05. Blue Bug (Live 2005) (14:20) – bonus vídeo.
Musicians:
- James Mac Gaw / guitar
- Emmanuel Borghi / keyboards
- Philippe Bussonnet / basses
- Daniel Jeand'heur / drums
Discography:
1999 ● One Shot
2001 ● Vendredi 13 (recorded live)
2006 ● Ewaz Vader
2008 ● Dark Shot
2011 ● Live in Tokyo
2022 ● À James (live)
2023 ● 111
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