A primeira faixa começa baixinho,
com pássaros cantando. O moog vai tecendo umas frases simples, de uma nota só,
conforme aumenta de volume. Uma seção rítmica complexa faz parceria com notas
meio longas na guitarra. Variações incríveis na seção rítmica, junto com o que
imagino ser um oboé e a própria guitarra. Mudanças de marcação e de tonalidade
nos sintetizadores, bem criativas, se dão antes da entrada de outros sopros. O
baixo ora fica só de base, mas faz umas intervenções mais à frente dos outros
instrumentos. Mais para o final a execução fica suave de novo. Enfim, uma
composição muita rica e multifacetada.
A faixa seguinte é para mim uma
das mais espetaculares de todo o progressivo. Começa com um arranjo singular,
denso, inovador e esplêndido no sintetizador e tambores de aço. Antes de seguir
na descrição dessa composição, quero apontar algo que nem todos sabem a
respeito do trocadilho no título dessa música. Pois bem, esses tambores,
originários de Trinidad e Tobago, com um som metálico e agradável, foram
amplamente usados não só em seu país natal, mas também em algumas regiões do
hemisfério norte do planeta. Adquiriram uma razoável quando foram mesclados com
elementos e ritmos vindos do Jazz e do Rhythm and Blues. Originalmente os
tambores de aço eram usados mais de acordo com a tradição musical tanto de
Trinidad e Tobago, quanto da Jamaica. Num estilo conhecido como Calipso.
Levando-se em conta que NATIONAL HEALTH nessa composição exibe uma variedade de
ritmos, temporizações, andamentos e harmonias surpreendentes, considero muito
inteligente que o nome da música seja “The Collapso”. Agora, retomo a descrição
e análise dela. Segue-se a entrada de uma guitarra “rasgada”, e logo
atrás a bateria, acelerada e cheia de recursos. Os fraseados na guitarra são
estonteantes. Apesar dessa combinação ser ótima, não seguem com ela por muito tempo.
Desaceleram e abaixam um pouco o volume, sem perder a inventividade e sem
deixar de continuar surpreendendo o ouvinte. No meio dessa “tranquilidade”
complexa, algo parece quebrar. Literalmente. Dão uma certa (re)acelerada, e os referidos
tambores voltam. Nisso vão fazendo incríveis combinações entre o rápido e o
calmo. É por outro lado quando o baixo entra de forma mais marcada. Aqui cabe também dizer que
essa banda seguiu explorando possibilidades tecnológicas que gerassem sons únicos, sobretudo nos
sintetizadores. Algo que já faziam desde o HATFIELD AND THE NORTH.
A música “Squarer for Maud”
começa com tons misteriosos. Tiram um som até meio sinistro do violoncelo, e
(se não me engano) do oboé (no encarte indica que, além desses instrumentos,
também participam, nessa faixa, o minimoog, piano e clarinete; e estão nele,
ademais, a guitarra, bateria, sintetizadores e baixo). Aceleram, mas só um
pouco, aí diminuem o passo. A guitarra faz uns efeitos meio psicodélicos, em um
ritmo inusitado. Até que fica um tempo considerável assim, executando variações
junto com a bateria. O oboé faz uma pequena participação. Passam para um
arranjo rítmico muito bom, e com palmas. No meio da música, uma variada bem repentina se dá com um falatório, bem curto. Como se
alguém da banda quisesse se dirigir ao ouvinte. Eu acho divertido. Ao retomarem a
música, é com uma seção rítmica de alto nível. Assim segue, com o piano
voltando, o oboé vindo mais para a frente, e sempre apresentando ritmos de
excelência. Mais para o final, a intensidade, complexidade e velocidade dos
ritmos vai gradativamente aumentando. Sensacional. Terminam com arranjos meio
malucos nas cordas, eu adoro.
Na faixa seguinte, mais sons
singulares são extraídos dos sintetizadores, que vai solando cheio de idéias. O
baixo acompanha e marca muito bem. Uma guitarra rítmica vai ditando a
caminhada, onde os tons ficam mais amenos, como que se fosse um Soft-Jazz. Melodias
encantadoras no moog vão estruturando os outros instrumentos. Essa música não
está entre as mais inspiradas do álbum, mas mesmo assim tem um sabor gostoso e
instigante. O último terço é magnífico, as harmonias se superam, até porque
tanto a guitarra quanto o baixo assumem maiores liberdades, e o fazem com
genialidade.
A próxima música tem consideráveis
semelhanças com o CARAVAN. Não só por ser cantada; também por ser quase sempre
suave e um pouco intimista. E por ir “crescendo” em complexidade e alternância
entre instrumentos. Isso pode ser percebido claramente ao se escutar
atentamente a flauta. É a música mais longa dessa obra, e usa variados
instrumentos.
“Phlakaton” é uma doideira; só
cantada. Dura 10 segundos.
A última faixa fica inicialmente nos
tons mais graves. Sem muita demora, fica em tons medianos, e mantendo a mesma
inventividade e criatividade nas seções rítmicas. Dessa vez, além disso, ainda
vão acrescentando umas camadas sonoras e tons de uma forma cíclica que traz uma
sensação apoteótica. O final dessa faixa e do disco é bem tranquilo.
Em suma, “Of Queues and Cures”,
do NATIONAL HEALTH, é discografia essencial no âmbito do Canterbury Sound.
01. The Bryden 2-Step (for Amphibians) Part 1 (8:52)
02. The Collapso (6:16)
03. Squarer for Maud (11:30)
04. Dreams Wide Awake (8:48)
05. Binoculars (11:43)
06. Phlâkatön (0:08)
07. The Bryden 2-Step (for Amphibians) Part 2 (5:31)
Musicians:
- Phil Miller / guitar
- Dave Stewart / acoustic & electric pianos, organ, Minimoog (3,4)
- John Greaves / bass, piano innards (3), crooning (5)
- Pip Pyle / drums, percussion & hand claps (3)
With:
- Jimmy Hastings / clarinets (3,5), flute (5)
- Phil Minton / trumpets (1,5,7)
- Paul Nieman / trombones (1,5,7)
- Keith Thompson / oboe (3,5)
- Georgie Born / cello (1,3,7)
- Rick Biddulph / bass (4)
- Selwyn Baptiste / steel drums (2)
- Peter Blegvad / voice (3)
1978 ● National Health
1978 ● Of Queues and Cures
1982 ● D.S. al Coda
2001 ● Playtime. Live
ola esses albuns tem link para baixae desde ja grato pela atencao
ResponderExcluirNeo da para fazer download E só demonstração das bandas
ResponderExcluirEscuta aqui e encontra nos outros blogs para baixar Trabalho de pesquisa
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