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terça-feira, novembro 14

Marco Antônio Araújo • Influências • 1981 • Brazil [Prog Folk, Eclectic Prog]


Poucos comentam a obra e vida de Marco Antônio Araújo, um dos maiores representantes da Música Mineira dos anos 80 e que ganhou o epíteto de "Egberto Gismonti da década de 80". Marco era um tesouro local e, justamente quando começava a ter seu nome conhecido nacionalmente, veio a falecer no dia 6 de janeiro de 1986, vítima de um aneurisma cerebral, após ficar cinco dias internado na UTI do Prontocor, em Belo Horizonte. Um fim trágico para um músico que havia dedicado o último disco ao filho recém-nascido, Lucas.

Marco nasceu na capital mineira, no dia 28 de agosto de 1949. Como todo adolescente nos anos 60 se apaixonou pelos BEATLES e pelos ROLLING STONES e resolveu, em 1968, ingressar no grupo VOX POPULI, que contava com Tavito e Fredera, que depois formariam o SOM IMAGINÁRIO. Ficou um ano no grupo, que lançou um compacto, "Pai-Son" (parceria com Zé Rodrix), pela gravadora Bemol.

Marco já estava absolutamente apaixonado pela música e resolveu abandonar o curso de economia e o emprego em um banco para se dedicar a ela. Em 1970, resolve morar em Londres, onde ficaria dois anos "tietando" (expressão do próprio músico) grupos como LED ZEPPELIN, DEEP PURPLE, PINK FLOYD, ROLLING STONES, etc. Cansado de correr atrás dos grupos, viu que deveria voltar ao Brasil e começar a carreira de músico.

Assim, retorna ao Brasil e vai morar no Rio de Janeiro, onde foi estudar composição com Esther Sciar e aprendeu violão clássico e violoncelo com Eugen Ranewsky e Jacques Morelenbaum, na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Começa a compor trilhas sonoras para cinema, teatro e balé, entre eles a peça "Rudá", de José Wilker e Cantares, um balé apresentado pelo grupo CORPO. Marco acaba se apaixonando e casando com uma das bailarinas, Déa Marcia De Souza.

Mostrou-se um músico brilhante e volta para BH, em 1977, e passa a integrar a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, onde ficaria até o fim da vida. Fez pequenos shows no ano seguinte, onde era acompanhado pelo grupo MANTRA. As composições instrumentais mesclavam o Rock Progressivo com a mais pura tradição mineira de quadrilhas, modinhas e serestas. Entre 1978 e 1979 apresentou os shows "Fantasia" e "Devaneios", tendo a companhia de Carlos Bosticco (flauta), Hannah Goodwin, no violoncelo, seu irmão Alexandre Araújo na guitarra, Gregory Olson, no contrabaixo, Benoir Clerk, na trompa e Sergio Matos, na percussão.

Aos poucos vai formando um grupo de músicos que o acompanharia: Alexandre Araújo (guitarra), Ivan Correia (baixo), Mario Castelo (bateria), Eduardo Delgado (flauta), Antonio Viola (violoncelo), Max Magalhães (piano) e Lincoln Cheib (bateria).

Em 1981 edita, de forma independente, o primeiro LP, "Influências", que recebe grandes elogios da crítica especializada e é divulgado com 74 shows. O disco ganha boa receptividade fora de Minas Gerais e Marco monta uma produtora independente, Strawberry Fields, a canção dos BEATLES que o fez amar o quarteto. É um disco bastante audacioso, a começar pela ótima levada da faixa-título, com seu tema central feito pelo violão elétrico acompanhado por um um naipe de metais formado por Edmundo Maciel e Edson Maciel (trombone) e Amilton Pereira e Mauricio Silva (trompete), e ainda a essencial participação de Eduardo e Alexandre, os principais músicos por detrás das peças criadas por Marco Antônio

O talento e genialidade como compositor ficam para as duas suítes do lado B: "Panorâmica", com sua introdução misturando flauta, harmônicos e uma maluca escala de baixo, e transformando-se em uma linda peça com solos alternados de guitarra e flauta, variando entre momentos pesadíssimos e outros essencialmente leves; "Folk Song", uma suíte dividida em duas partes distintas, a primeira com sons de pássaros, vocalizações e a steel guitar de Alexandre fazendo suas intervenções sobre o dedilhado hipnótico do violão, e a segunda mais popular, alegre e com guitarra, violão, flauta, baixo e bateria trabalhando como se fossem um único instrumento. "Cantares" é a canção ideal para ser apresentado ao músico mineiro, com um incrível arranjo musical para violão, flauta, guitarra e violoncelo. Marco Antônio ainda dá um espetáculo a parte dedilhando seu violão em "Bailado" e "Abertura n° 2", que lembram bastante o RECORDANDO O VALE DAS MAÇÃS em sua segunda geração, nos anos 90, sendo que na última, o solo de Eduardo - acompanhado apenas por barulhos percussivos e o dedilhado do violão - é para encharcar os lenços com lágrimas. 

A versão em CD trouxe dois bônus: "Entr'Act I & II", uma tensa peça levada apenas pelo complicado dedilhado de violão clássico e uma insana flauta,  e "Floydiana II", destacando Max Magalhães na introdução, feita com o piano, dessa faixa que é a sequência de um dos grandes sucessos do músico, registrado em seu segundo LP. A ordem das canções também foi alterada em relação a um dos grandes álbuns de estreia do Rock Progressivo nacional. Confira!

Fontes de pesquisa:
                                        highlights ◇
Tracks:
01. Panorâmica (10:01)
02. Influências (6:26)
03. Bailado (5:04)
04. Abertura Nº 2 (8:32)
05. Cantares (5:22)
06. Folk Song (10:27)
Bonus Tracks:
07. Entr' Act I & II (4:40)
08. Floydiana II (7:10)

Musicians:
- Marco Antônio Araújo: Guitars
– Ivan Correa: Bass
– Antonio Viola: Cello 
– Mario Castelo: Drums
– Philip Doyle (2) (faixas: A1, A2, B3): Flugelhorn 
– Eduardo Delgado: Flute, Percussion
– Alexandre Araújo, Marco Antônio Araújo: Guitar 
– Grupo Mantra: Performer
– Edmundo Maciel (faixas: A1): Trombone
- Edson Maciel (faixas: A1): Trombone
– Amilton Pereira (faixas: A1): Trumpet 
- Mauricio Silva (faixas: A1): Trumpet

CRONOLOGIA

Quando a Sorte te solta um 
Cisne na Noite (1982)

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