ALAMEDA iniciou sua carreira quando quatro músicos se conheceram no Conservatório de Sevilha. Eles experimentaram a música em bandas como ORQUESTRA UNION, GONG, NUEVOS TIEMPOS e TARTESSOS e então decidiram fundar seu próprio grupo. Em 1979 a banda foi autorizada a gravar uma fita demo em Ricardo Pachon seu estúdio ("El Aljarafe"). Logo depois foram de empresa em empresa para encontrar a sorte com a demonstração. E eles tiveram sorte felizmente porque na CBS, Gonzalo Garcia Pelayo, deu um contrato à banda. Assim, o ALAMEDA teve a oportunidade de gravar a sua fita demo no estúdio AudiFilm em Madrid com a ajuda de Máximo Moreno, conhecido pelo seu trabalho com a lenda do rock andaluz TRIANA. Em 1979, mesmo ano em que TRIANA lançou seu terceiro LP intitulado "Sombra y Luz", o ALAMEDA lançou seu álbum de estreia homônimo. Entre 1979 e 1983 produziram quatro álbuns de estúdio, em seu quarto intitulado "Noche Andaluza", o famoso flamenco Paco De Lucia se juntou à banda em uma faixa.
ALAMEDA é mais uma interessante banda espanhola de Prog Rock que misturava o ritimo Flamenco com o Rock progressivo, fazendo seu som um pouco semelhante ao conterrâneo TRIANA, porém mais polido. Revelaram-se uma das bandas de Prog sinfónico com forte essência flamenca. A imprensa musical de seu próprio país se apressou em apontá-los como uma banda clone de TRIANA, mas o fato é que as semelhanças são apenas parciais. A música da banda continua sendo uma exposição consistente de romantismo tingido de flamenco e elegância de textura, tudo isso temperado com sabores inspirados no Jazz latino de vez em quando. O fato de os dois irmãos Marinelli estarem a cargo dos teclados (pianos de cauda e elétricos, sintetizadores e algum clavinete) faz com que o repertório enalteça seu aspecto melódico, além de conservar um inconfundível senso de requinte. Isso fica claro na faixa de abertura: "Aires de la Alameda" é um fluxo de pura magia musical focada nas orquestrações, pistas harmônicas e camadas criadas na entrada dos teclados duplos. É uma pena que o fade-out chegue cedo demais: sua duração de 4:20 parece muito curta, especialmente quando você percebe que o vocalista e guitarrista José Roca tem uma voz muito bonita. É bem verdade que um canto bem executado e genuinamente emocional torna o domínio da língua uma questão trivial: não é preciso falar espanhol para se sentir tocado pela emoção estrutural da canção. O mesmo vale para a faixa principal do álbum, "Amanecer en el Puerto". Esta é talvez a música mais emblemática da banda em toda a sua carreira. Começando com um retrato sonoro de um deck (incluindo efeitos sonoros de água fluindo e gaivotas gritando suavemente) de forma sutilmente misteriosa, o clima muda para a seção principal, uma bela celebração de uma nova era (talvez o advento da democracia na Espanha? Não sei). As lavagens de piano contínuas complementam perfeitamente as harmonias e pistas dos sintetizadores, enquanto a seção rítmica sustenta o som geral com precisão precisa. O lado mais intenso da banda é mostrado nesses números instilados com referências óbvias ao Jazz latino: são eles "Hacia el Alba", "Matices" (um grande encerramento) e o instrumental "A La Vera del Jueves" (com "Manglis" do GUADALQUIVIR como guitarrista principal convidado). Parece que o lado romântico das idéias musicais de Roca era tão forte a ponto de conduzir a banda pelo caminho da melancolia, então a contraparte adequada tinha que vir de uma fonte musical essencialmente alegre - e alegria é o que o Latin-Jazz é principalmente.
Essas faixas citadas são aquelas em que as habilidades técnicas do músico ficam mais evidentes, já que a ambiência é definida para exigir um uso mais minucioso do colorido na instrumentação. Há outro instrumental neste álbum: a faixa 2 "La Pila del Patio" é pura fusão flamenca (incluindo palmas), algo que poderia ter aparecido em qualquer álbum do GUADALQUIVIR com uma instrumentação diferente. A faixa 3 "Ojos de Triste Llanto" é realmente comovente, e a única música baseada em um dueto de guitarra flamenca [liderada pelo convidado Enrique Melchor], com um papel de teclado moderado. A letra, cantada de forma apaixonada e assombrosa por Roca, retrata um juramento avassalador de carinho e devoção. Isso é o mais próximo que o ALAMEDA chega do Flamenco padronizado tradicional: uma brisa de simplicidade em meio a uma floresta de estilizações adornadas com bom gosto. Em conclusão: o álbum de estréia do ALAMEDA é muito bem estruturado, cheio de idéias melódicas atraentes e interpretações habilidosas.
RECOMEDANDO!!!
highlights ◇
Tracks:
01. Aires de Alameda (4:20) ◇
02. La Pila del Patio (2:33)
03. Ojos de Triste Llanto (4:11)
04. Hacia El Alba (5:40)
05. Amanecer En El Puerto (6:36) ◇
06. A la vera Del "Jueves" (4:10)
07. Matices (6:19)
Time: 33:49
Musicians:
- José Roca / guitars, vocals
- Manuel Marinelli / keyboards
- Rafael Marinelli / keyboards
- Manuel Rosa / bass
- Luis Moreno / drums
With:
- Enrique De Melchor / flamenco guitar (2,3)
- Luis Cobo "Manglis" / guitar solo (6)
Discografia:
1979 • Alameda
1980 • Misterioso Manantial
1981 • Aire Cálido de Abril
1983 • Noche Andaluza
1994 • Dunas
1995 • Ilusiones
1999 • Concerto 20 Aniversario
2003 • Todas Las Gravações na CBS 1979-1983
2008 • Calle Arriba
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