País: França
Gênero: Eclectic Prog
Álbum: Feel
Ano: 2022
Duração: 33:10
Formado em 2009 na cidade de Limoges, Nouvelle-Aquitaine, França. Por Maxime Lathière. Em 2018 Morgan Thomaso se juntou à iniciativa. Segundo seu Facebook, CARTOON THEORY tem colaborações com nomes como PLINI, DAVID MAXIM MICIC, CLEMENT BÉLIO e vários outros artistas/músicos. Provavelmente a capa lhe chamou a atenção. Pois é: com exceção da estréia, todos os discos têm uma arte gráfica espetacular.
Antes de dar início às minhas observações sobre o disco, considero importante fazer umas pontuações sobre o gênero musical do qual a banda é uma das expoentes. Coloquei Progressivo Eclético, mas a meu ver, a designação Djent se encaixa melhor. Esse sub-gênero costuma ser usado quando a musicalidade é composta de poliritmos, notas curtas, guitarras distorcidas com acordes firmes e sincopados, silenciados com a palma da mão (tirei a maior parte dessa definição do site rateyourmusic). Eu acrescentaria, pelo que já escutei outras vezes de músicas classificadas como tal, que também é bastante comum a execução acelerada e as harmonias complexas. Algo bem frequente, ademais, é que o Djent esteja localizado como uma subseção do prog-metal. Há, por outro lado, um punhado de pessoas que defendem a autonomia plena do Djent; isto é, que trata-se de um novo estilo, e não uma derivação de um gênero musical que já existe. Eu, particularmente, não consigo encontrar os elementos habituais do prog-metal em nenhum dos trabalhos do CARTOON THEORY. Com exceção, somente, do disco em parceria com o HEPTAEDIUM.
Barulho de água no início, e permanece ao fundo quando entram synths com barulhos suaves, delicados, parecendo xilofone, mas com um efeito de eco interessante. Junto com sons de sinos eletrônicos. Esses sons vão relativamente rápido se juntando para formar um padrão rítmico. Me lembra KITARO, só que mais progressivo. Entra a guitarra e a bateria ao mesmo tempo, numa harmonia fabulosa. Algumas variações, incluindo coral emulado por synths, e mais fraseados penetrantes na guitarra. Alguns solos bem consistentes nos sintetizadores. O último minuto retoma o clima tranquilo que deu início à essa composição.
Na faixa posterior, "Hack", o início é bem marcado pelos samples de jogos eletrônicos. Quando entram synths e baterias, formam um emaranhado rítmico complexo e bem rico. A guitarra faz umas contribuições, misturada com os outros instrumentos. Muito interessante como alguns samples são usados para fazer algumas viradas e transições. Quando chega na metade, a música adquire uma complexidade estonteante, continuando a usar samples de forma mais versátil, só que dando mais espaço aos instrumentos tradicionais do progressivo. Alguns fraseados muito rápidos são feitos nos sintetizadores e bateria.
A faixa "Echo" é curta, não chega a dois minutos. Começa mais uma vez parecendo KITARO, dessa vez com elementos Djent. Samples inspirados, tirados de jogos, que fazem geralmente as viradas nas seções rítmicas.
Os samples dividem espaço com uma excelente guitarra e sintetizadores no início da 4a música. O baixo está como um contrabaixo elétrico turbinado. Musicalmente bem rico, com excelentes variações de compassos. Inteligente decisão de torná-la a música mais longa da obra. Incríveis fraseados nos sintetizadores, bem complexos e versáteis, desenvolvidos na medida e tempo certos. Em alguns momentos a música dá uma certa acalmada, deixando os ouvidos "respirarem".
O restante das faixas são remixagens das músicas do lado A. Ficaram todas inferiores às originais, tanto pela diminuição empobrecedora da densidade sonora e instrumental. O curioso é que ele convidou um ótimo grupo Djent, o HEPTAEDIUM, para assumir uma das músicas - "Hack", no caso. Para mim, o peso que deram à composição não combina nem um pouco com restante do disco. E se não bastasse isso, algumas repetições de samples ficaram irritantes, além de obnubilarem excelentes fraseados que estavam mais destacados na versão do lado 1.
O próprio CARTOON THEORY fez a outra versão de "Echo". Está mais empobrecida musicalmente dessa vez, os timbres usados na bateria foram mal escolhidos. Além de começar e terminar como se tivessem cortado uma parte da música.
A batida é um pouco repetitiva na última faixa, e nem lembra direito a composição sobre a qual se baseou. Até que há uns bons momentos aqui, quando o efeito de coral é combinado com uso viajante de sintetizadores
A definição de Fast Prog não cai mal para esse disco; em particular o lado A, onde há elementos Djent, quase que totalmente ausentes no lado B.
Resumo geral: se tivessem optado pelo lançamento de um EP com as 4 primeiras faixas, demonstraria uma inequívoca evolução com relação aos trabalhos anteriores da banda, sobretudo na elaboração das atmosferas, das melodias e no uso dos samples. Ou seja, eu dispensaria sem dúvida todo o lado 2.
Faixas:
01. Feel (5:50)
02. Hack (4:56)
03. Echo (1:52)
04. Aeon (6:03)
05. Feel (remix) (3:54)
06. Hack (remix) (3:37)
07. Echo (remix) (2:19)
08. Aeon (remix) (4:39)
Músicos:
Maxime Lathière / ableton, programação, samples, teclados.
Travis Orbin / bateria
Morgan Thomaso / guitarras, teclados
Simon "Medz" Meunier / baixo
Stephen Taranto / solo de guitarra (faixa 1)
Discografia:
2012 ● Cartoon 1.0 Theory
2016 ● P2012 ● Cartoon 1.0 Theory
2016 ● Planet Geisha
2017 ● Helanet Geisha
2017 ● Heptaedium versus Cartoon Theory
2019 ● Yokai Orchestra
2022 ● Feel
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