domingo, março 23

BUBBLEMATH ● Turf Ascension ● 2022 ● Estados Unidos [Eclectic Prog]

Fundado em Mineapolis, Minnesota, em 1995. Um dos grandes diferenciais na música deles são as harmonias vocais, sempre muito boas. Eles afirmam, no próprio site, que dão bastante atenção às letras. Não tenho opinião a esse respeito, pois embora tenha escutado os 3 álbuns deles, em nenhuma ocasião cheguei a captar o que estavam dizendo. Algo que me chamou a atenção nessa banda é que, até onde minha pesquisa alcançou, nenhum dos membros foi ou é de outra banda. Algo incomum entre músicos de progressivo pós-2000.
Parece a decolagem de uma nave espacial. Não gostei. Começa intenso, com viradas de bateria muito boas, e esse timbre estranho no sintetizador, que o baixo não consegue tornar menos hostil. Quando diminuem o volume desse timbre inadequado, instrumentalmente melhora; mas não muito, pois há uma certa pobreza na criação de harmonias. Digo, vão repetindo em looping algumas poucas harmonias, sem encontrar arranjos que as valorizem mais. As harmonias vocais são complexas, continuam (como é do estilo da banda nos outros lançamentos) numa vertente GENTLE GIANT. É a parte boa dessa música. Embora não cheguem a ser tão eficientes quanto em outros momentos de sua discografia nesse quesito. Com pouco menos de 5min, mudam o andamento, assim como os arranjos. Melhora um pouco, mas as seções rítmicas estão um tanto quanto limitadas, algo que infelizmente perdura por quase toda essa faixa. Logo depois dos 7 minutos aceleram um pouco, os compassos ficam mais difíceis, e há umas boas participações da guitarra, bem como uns arranjos mais inventivos da bateria. A massa sonora logo depois fica mais robusta, e o baixo faz uns bons preenchimentos e viradas. Essa música representa bem uma característica dessa banda que não aprecio: a falta, praticamente total, de momentos mais calmos e/ou tranquilos. E quando o fazem, como por exemplo a partir do 14o minuto, causa pouco impacto ou quase nenhum. Parece até que eles sabem disso, pois dura somente um minuto, e vão para uma atmosfera mais progressivo sinfônica; tentando ser apoteóticos, mas não chegam lá. E os últimos minutos voltam a ser no estilo GENTLE GIANT.
Um fraseado lindo na guitarra é acompanhado gentilmente (como um cavalheiro segura a bolsa de uma mulher para ela retocar a maquiagem) pelo sintetizador e bateria na próxima música. Os vocais estão maviosos, discretos, e sabem crescer junto com a música. Os instrumentistas cuidam para não estragarem a genialidade tanto da guitarra, quanto dos compassos incomuns e fabulosos que são apresentados nas seções rítmicas. É difícil explicar o que fazem: não é algo muito complexo, e me remete à imagem de um budista praticando um exercício respiratório em ritmo lento mas também muito difícil. É como se fosse também o pulsar em câmera lenta de um coração. E aos poucos essa prática respiratória vai chegando ao ritmo normal do coração. Outra característica extremamente positiva dessa execução é que combinam notas mais curtas com notas mais longas nos vocais. Ao contrário do restante das músicas da banda, que exageram nas notas curtas. Magníficas são as formas como dessa vez fazem as transições entre as partes mais lentas e as menos lentas. As viradas na bateria e os efeitos sonoros estão perfeitos. Com 7min ficam levemente mais intensos, entregam esplêndidos solos de guitarra. Antes do encerramento mudam o compasso um pouco, e os arranjos, sempre com genialidade. E encerram muitíssimo bem, tranquilo mas incisivamente.
O início suave da 3a faixa tem uns compassos caóticos. Pelo menos os arranjos estão muito bons. Quando a bateria entra, fazem uma espécie de avant-blues, por pouquíssimo tempo. Em seguida ficam Avant-Prog, e os compassos continuam indóceis. Depois de escutar várias vezes, ainda não consigo me acostumar. Emendam com uma cadência um pouco mais acelerada, e nesse momento os compassos ficam mais compreensíveis. Só que os fraseados não cativam.
A última faixa começa nervosa. Tem umas boas viradas dentro das seções rítmicas, mas os timbres e arranjos dessa vez deixam a desejar um pouco. Ótimos fraseados na guitarra aparecem no decorrer da música. Que, mais uma vez, está dentro de uma proposta eclética e um pouco avant-prog. O final, com maior densidade, é inventivo.
Se o(a) leitor(a) chegou até aqui na resenha, pode me perguntar: se esse disco tem tantos pontos negativos, por que ele resolveu resenhá-lo? A resposta é simples, pois só tem um motivo, a 2a faixa. Ela é tão absolutamente incrível que quero torná-la mais conhecida.
Peço desculpas mas só foi possível eu compartilhar a segunda faixa. É que a Cuneiform Records tem mesmo o hábito de bloquear as postagens na íntegra de alguns de seus lançamentos.

highlights ◇

02. Everything (10:13)

Músicos:
- Jonathan G. Smith / vocais, guitarra
- Blake Albinson / guitarra
- Kai Esbensen / teclados, vocais
- Jay Burritt / baixo
- James Flagg / bateria, vocais


Discografia:
2001 ● Such Fine Particles of the Universe
2017 ● Edit Peptide
2022 ● Turf Ascension

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