A banda QUEL CHE DISSE IL TUONO nasceu da separação entre Francesca Zanetta (guitarra) e o UNREAL CITY no início de 2018. A ela se juntam Alessio Del Ben (bateria), Nicollo Gallani tecladista da banda CELLAR NOISE e Roberto Bernasconi (baixo). A música é um Rock Progressivo sinfônico pesado, inspirado nos anos 70 com sons vintage, porém com tecnologia moderna. O álbum de 49 minutos, "Il Velo Dei Riflessi" é composto por 5 longas faixas com vários ambientes e longas seções instrumentais. O tema do álbum trata da esquizofrenia no ser humano e é uma homenagem à ópera do poeta T.S. Eliot "Wasteland".
Como seria de esperar de uma banda RPI, mesmo que seu site esteja em inglês, todas as letras estão em italiano, e os vocais são tão poderosos quanto poderiam ser, realmente muito bons e um verdadeiro destaque. A guitarrista Francesca, oferece uma variedade de sons que vão do límpido ao distorcido, o que fornece camadas adicionais. Embora seja fácil compará-los com nomes como PFM, também existem elementos de THE MOODY BLUES (especialmente com a maneira como eles usam Mellotron), KING CRIMSON e até ELP.
Na verdade, segundo a banda, a música e a letra contam a história de um homem que se encontra sozinho em uma sala desconhecida, cercado por grandes espelhos rachados. Em cada espelho está presa uma figura humana, que acaba por ser a personificação de um traço de personalidade oculto e reprimido do próprio protagonista. Cada traço de personalidade patológica é como uma entidade separada que quer sair do espelho para se reunir com o protagonista que tem que aceitar esta nova realidade. Eventualmente, o protagonista percebe que todos esses assuntos fantasmagóricos e decadentes sempre fizeram parte dele. Segue-se um reconhecimento mútuo, a quebra dos espelhos e a afirmação plena de um ser humano consciente da sua complexidade e agora perdido num turbilhão de consciências múltiplas, incapaz de reconhecer e distinguir o que é real do que não é.
O fio condutor do conceito não é fácil de seguir e as letras são mais como pinceladas de cor retratando imagens impressionistas do que instrumentos narrativos... A abertura "Il Paradigma dello Specchio (Primo specchio)" (O paradigma do espelho - Primeiro espelho) define a atmosfera. Há um trovão, o clima é sombrio... O protagonista observa sua imagem escura refletida em um espelho e cai em seu feitiço enquanto o tempo pára. Então o ritmo aumenta e, precedido por uma batida de marcha marcial, surge a imagem etérea de um jovem soldado em uma armadura branca, seus olhos são opacos, uma máscara de barro com uma faca escarlate olha para o corpo indefeso de seu pai...
Começando por uma parte instrumental inquietante "Figlio dell'uomo (Secondo specchio)" (Filho do homem - Segundo espelho) transmigra em uma passagem dedilhada de violão, vocais crescentes que evocam presságios sombrios de loucura iminente e um conflito interno furioso através de um simbolismo mágico... Quando o ritmo decola, o canto revela poemas ocultos perdidos no esquecimento, como espíritos sem memória e identidade. Há algumas mudanças de humor e ritmo, então um olhar para o céu permite que você veja a visão de um homem em seu Éden que está fugindo de um lugar onde a luz do dia apaga seus sonhos, onde o tempo é impiedoso e os rostos que ele pode ver não passam de espelhos opacos... "Chi ti cammina accanto? (Terzo specchio)" (Quem anda ao seu lado? - Terceiro espelho) começa suavemente, a atmosfera é estranha enquanto as palavras sedutoras de uma miríade de sombras saindo do escuro arrastam lentamente o protagonista em uma vertigem dionisíaca que borra as diferenças entre sonho e realidade, levando-o a um delírio de poder onde se sente um deus num paraíso artificial...
A seguir vem "Il Bastone e il Serpente (Quarto specchio)" (O porrete e a cobra - Quarto espelho) onde a música e as palavras evocam um mundo alienígena repleto de pesadelos onde fadas dançam no fogo e uma alma escura assombra uma noite feita de nada. Governante de um reino vazio, o protagonista experimenta a ilusão de ser eterno quando o ritmo decola e os teclados voadores evocam o vôo de um planador em um céu cheio de contrapontos...
A longa e complexa faixa final "Loro Sono Me (Catarsi)" (Eles são eu - Catharsis) mistura Hard Rock e influências operísticas para um epílogo que é ao mesmo tempo um canto fúnebre e uma brisa calmante de consolo. Muitas vozes distantes de arcanjos e sereias, simbolizando as diferentes personalidades do protagonista, se unem e se misturam em um coro solene para reivindicar sua liberdade... Finalmente, outro trovão encerra um álbum que realmente vale a pena ouvir, sendo um grande destaque de 2020. Excelente trabalho de estréia.
RECOMENDADO!
Tracks:
1. Il Paradigma Dello Specchio (Primo Specchio) (9:13)
2. Figlio Dell'Uomo (Secondo Specchio) (9:23)
3. Chi Ti Cammina Accanto? (Terzo Specchio) (5:43)
4. Il Bastone e Il Serpente (Quarto Specchio) (10:36)
5. Loro Sono Me (Catarsi) (13:45)
Time: 48:40
Musicians:
- Francesca Zanetta / guitars
- Niccolò Gallani / keyboards, flute
- Roberto Bernasconi / bass, lead vocals
- Alessio Del Ben / drums, keyboards
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