Esse artista é mais conhecido como baixista do grupo finlandês WIGWAM. Pelo menos nos círculos de ouvintes de música dos quais faço parte no Brasil. O curioso nisso é que ele só permaneceu no referido grupo por 5 anos, e a banda teve uma longevidade bem maior que isso, e nem foi um de seus co-fundadores. De modo que ele não pode ser considerado um dos membros mais importantes. Bem, o WIGWAM, no período em que ele esteve no grupo, teve uma forte tendência jazz-rock, enquanto o progressivo sinfônico é o eixo central de sua carreira solo. Pohjola Era filho de um violoncelista, e viveu de 1952 a 2008. Algo que nem todos sabem é que ele também tocava violino, teclados em geral, e trompete. Além disso, fez parte de diversos grupos: JUKKA TOLONEN RAMBLIN' JAZZ BAND, KALEVALA, MADE IN SWEDEN (sim, eram suecos), ORRENMAA BAND (que tocou com BILLY COBHAM), PORI BIG BAND e UNISONO.
Esse disco abre com uns loopings maravilhosos nos pratos, e dedilhados inspirados com duas guitarras. Parece que emularam sons de sinos. Daí aumentam a massa sonora, com uns efeitos nos sintetizadores em vibrato, ao lado de um uso mais complexo da bateria. Minha nossa, que música espetacular! As puxadas nas cordas do baixo são fenomenais, bem como as viradas que ele dá no instrumento. Tudo isso tem tanto um lado solene e grave, quanto ao mesmo tempo uma energia positiva. A marca do Mike Oldfield está lá, nas notas cristalinas e compassos cativantes da guitarra. Há umas mudanças tanto de compassos quanto de harmonias, mas tudo flui maravilhosamente bem. Simplesmente genial, incluindo a finalização.
O som mavioso e lento de um cravo vai conduzindo o ouvinte. A imagem que me vem à mente é de uma visita a uma igreja imponente da França. Entram sintetizadores, acentuando o clima de deslumbre, e o que parece para mim um bandolim. Pouco depois da metade entram as vocalizações divinas de Sally, acompanhadas ao piano, numa métrica muito criativa. Aos poucos, como quem pede licença com muito tato e sensibilidade, vai se acomodando a double-guitar do Mike, e aqueles tons penetrantes que ele tira desse instrumento.
Como esses caras conseguem ser tão geniais por tanto tempo numa só obra? Pois bem, a música seguinte inicia com um piano modesto e sublime, que logo é acompanhado por uma harmonia espetacular no baixo e pratos. Entra uma marcha bem curtinha, a guitarra. Enfim, muitas mudanças de arranjos e compassos, incrivelmente bem costurados entre si. Todos os músicos têm muitos recursos e habilidades, e sabem com perfeição definir quem fica mais à frente e quando. Pouco antes de chegar ao meio, embarcam numa harmonia fabulosa, enriquecida por solos incisivos na guitarra e sutis mudanças de timbres dos outros instrumentos. Quando vai se aproximando do final, vão diminuindo carinhosamente a massa sonora e o ritmo. Uau!
Um piano claramente erudito e também contemporâneo abre o lado B. Ele é acompanhado por um baixo ameno. O baixo então assume a dianteira, com um belíssimo lirismo. Notas solenes e majestosas do Mike clamam a atenção para si. Somente espíritos elevados conseguem atingir tal nível artístico. Bem, a composição muda substancialmente, com notas mais curtas e compassos mais difíceis. É aí que a bateria entra mais efetivamente, bem como os sintetizadores. Voltam os sinos emulados, em harmonias supreendentes junto com o baixo e a bateria, e uns efeitos sonoros inusitados, às vezes quase divertidos. Fraseados e solos magníficos são desenvolvidos nos sintetizadores. Uns trechos avant-prog aparecem aqui e ali no decorrer da composição, sobretudo na segunda metade dele. Aí subitamente aportam uns solos de guitarra absurdos de bom. Harmonias generosas são distribuídas como uma caixa sortida de bombons. Um pouco mais para o final tem um trecho menos genial, centralizado no baixo. É a única parte do disco que não conseguem manter o altíssimo nível. É um nível alto, mas não altíssimo. De qualquer modo, no encerramento dessa suíte, se recuperam.
A imagem que me ocorre para o início da última faixa é de uma corrida de cavalos ou uma corrida de cães no hipódromo. Inclusive, o apito que abre os trabalhos pode ser entendido como o "tiro de largada". Há uma atmosfera festiva e divertida também. Na metade entram vocalizações encantadoras e firmes de Sally. E continuam ligeiros. Essa música me lembrou bastante o finalzinho do Tubular Bells. Aliás, eu não me surpreenderia se esse álbum tivesse sido lançado como Pekka Pohjola & Mike Oldfield.
Faixas:
01. Oivallettu Matkalyhty - The Perceived Journey-Lantern (5:05)
02. Kädet Suoristavat Veden - Hands Straighten The Water (4:34)
03. Matemaatikon Lentonäytös - The Mathematician's Air Display (7:27)
04. Pääntaivuttelun Seuraukset - The Consequences Of Head Bending :
Part 1 - Sulamaan Jätetty Kipu - The Pain Left Melting (4:30)
Part 2 - Nykivä Keskustelu Tuntemattoman Kanssa - The Plot Thickens (11:21)
05. Varjojen Varaslähtö - False Start Of The Shadows (1:53)
Músicos:
- Pekka Pohjola / grand piano, baixo, spinet (faixas 2 e 5), sintetizadores (3,4), sintetizador de cordas (2-5)
Com:
- Sally Oldfield / vocais (2,6)
- Mike Oldfield / guitarra (2-4) & violão (2), percussão (4), mandolin e apito (5), co-produtor e mixagem
- George Wadenius / guitarra (1,4), percussão (4)
- Wlodek Gulgowski / grand piano (4), sintetizadores (1,4)
- Vesa Aaltonen / bateria (1,4)
- Pierre Moerlen / bateria (3,5), percussão (4), glockenspiel (4)
Discografia:
1972 ● Pihkasilmä Kaarnakorva
1974 ● Harakka Bialoipokku [Aka: B The Magpie]
1977 ● Keesojen Lehto [Aka: The Mathematician's Air Display; The Consequences Of Indecisions]
1979 ● Visitation
1980 ● Pekka Pohjola Group: Kätkävaaran Lohikäärme
1982 ● Urban Tango
1983 ● Jokamies
1985 ● Space Waltz
1986 ● Flight Of The Angel
1987 ● New Impressionist. Compilação
1989 ● Pihkasilmä Kaarnakorva / Harakka Bialoipokku
1990 ● Sinfonia n. 1
1992 ● Changing Waters
1995 ● Pekka Pohjola Live in Japan
1995 ● Heavy Jazz - Live in Helsinki and Tokyo
1997 ● Pewit
2001 ● Views
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