Tecladista russo mais conhecido por sua parceria com Mariana Semkina, na formação do grupo (igualmente russo) IAMTHEMORNING, do qual faz parte desde que tinha 21 anos. Ele estudou piano clássico em sua cidade natal, no Conservatório de São Petersburgo, graduando-se em 2015. Além disso, ele também já realizou colaborações com as bandas ÁRSTÍÕIR (Islândia), GAZPACHO (Noruega), BALMORHEA (EUA), DJIVAN GASPARYAN (Armênia) e RIVERSIDE (Polônia), além de ter participado de um ou alguns dos concertos do Tubular Bells II, do MIKE OLDFIELD. Ele também teve e desenvolve diversas atividades, relacionadas com teatro e outras artes. Uma das mais famosas revistas de progressivo, a Prog Magazine, faz uma enquete entre seus leitores, para votar os melhores do ano. Em 2019 e 2020 ele venceu na categoria melhor tecladista.
Agora, a resenha do álbum: começa com uns timbres graves. Entram viradas quase-marcha na bateria, e o piano continua sempre lá, fazendo também o papel do baixo. Tudo instrumental. Em um dado momento entram os sintetizadores, e há um aumento na massa sonora. Vem um pouco de violão e violoncelo, para oferecer uma outra perspectiva. Antes de voltar ao tema central. Que dessa vez passa a ser acompanhada, um pouco, pelo saxofone. A convidada agora também é a guitarra. As propostas são quase sempre polirítmicas nessa composição.
Para a próxima performance, o piano acústico, sem pressa, me faz sentir em uma pequena sala acústica de São Petersburgo. Isso é a introdução, para a chegada dos vocais, e em seguida dos cuidadosos atabaques. Tudo sempre tranquilo e moderado, mas muito inspirado. Uma atmosfera elevada de cordas eleva um pouco o espírito. Posteriormente, tanto a cadência quanto a densidade vão se avolumando, mas quase pára a fim de retomar as idéias mais centrais. Que vão recuando aos poucos.
Um fraseado jovial, com uma cadência reconfortante, e bem vivo, dá início à 3a faixa. Ganha uma ou duas camadas, lindas, com participação de guitarra e outras cordas. Antes de dar seguimento com outra proposta, que parece ter sido tirada de um conto dos irmãos Grimm. Tem uma curta duração.
Um dos fraseados é aproveitado para a faixa seguinte. Dessa vez, com uma cadência bem mais acelerada, e mais robustez nas seções rítmicas. É assombroso como Kolyadin consegue desenvolver nuances tão lindas em torno de alguns pouco temas. A massa sonora vai crescendo, apoteótica, até culminar numa maravilhosa vocalização. Na segunda metade, a flauta dá conta de incluir linhas melódicas incríveis à composição. Mais para o final o sintetizador substitui o piano, mudando sensivelmnente e muito inteligentemente os arranjos.
A cadência e os timbres usados no início da 5a faixa me fazem pensar em Charles Chaplin caminhando. Quando vai se aproximando do final, a imagem que passo a ver é dele sentado no banco de uma praça, pensativo.
Mais uma vez parece que uma faixa emenda na outra. A 6a faixa é levemente mais acelerada que a anterior. Tem uma atmosfera vibrante no iniciozinho, mas que logo se torna mais séria. Sempre com muito piano. Tem uns psicodelismos no meio. É uma música bem curta, com menos de 2min. No final vai ficando com um clima mais grave. E (adivinhem?) emenda com a música posterior.
Que me transmite a imagem de uma pessoa apressada na cidade grande. Por excelente(s) motivo(s); talvez, por exemplo, por estar extasiado. O fraseado no piano, ora se assemelhando a timbres de um contrabaixo, ora do próprio piano, me remete também a DAVE BRUBECK. Esplêndidas harmonias envolvendo o que me parece um clarinete, ou um sax alto, antecedem compassos inventivos ao piano. O mesmo instrumento abre a seção seguinte, com novos arranjos, e grande execução da bateria, consistente e firme.
Não entendo de cadências em música clássica. Mas se eu fosse dar um nome para o início da 8a e mais longa faixa, seria um lento andante. Os vocais também seguem, muito bem, o mesmo padrão. Notas longas e baixinhas ao baixo, incríveis. Chega fundo na alma. O som do mar vai aos poucos envolvendo o espaço sonoro, chegando numa mudança tanto de arranjo (harpa ou emulação de cravo? Não sei) quanto de harmonia. A cadência deixa de ser "lento andante", e se torna um looping centrada em certas propostas rítmicas. Nesse momento, em minha opinião, Kolyadin mostra certa dificuldade na composição de peças mais longas, pois o encadeamento de idéias e arranjos na segunda metade ficou um pouco confuso.
Uma melodia encantadora (certamente influenciada por algum compositor erudito, pois me lembra bastante a composição "Raindrop", de Chopin) a próxima música. Depois parece misturar com as Variações em Paganini, de Brahms. O final me lembra uma parte da última faixa do "Fresh Aire VI", do MANNHEIM STEAMROLLER.
Um pouco de swing está presente em toda a 10a composição. Compassos surpreendentes e super dinâmicos.
Emenda com a música seguinte. Cheia de nuances, alternando entre partes melódicas e partes com swing. Excelente uso de alguns metais. Compassos extremamente difíceis. Um violão delicado mas ágil também abrilhanta essa música. Um lindo looping no piano ajuda o ouvinte a não se perder, mas pouco depois volta para aqueles compassos complexos. Uma das músicas mais difíceis de acompanhar e entender. Mas é magnífica.
Também está unida à penúltima música. Começa mais para crossover prog que para symphonic prog. Há mais uso de sintetizadores dessa vez, assim como uma presença mais densa da bateria (na verdade, na medida certa), um pouco de violino, e vocais enigmáticos. Dessa vez Kolyadin dá preferência para algo diferente na segunda metade da música: o uso de distorção nos sintetizadores.
A última música retorna ao clima erudito. Os vocais dessa vez, e só dessa vez, não encaixaram/combinaram muito bem com os timbres e arranjos da parte instrumental. A partir da metade as harmonias melhoram, mas não muito.
highlights ◇
Faixas:
01. Insight (4:11)
02. Astral Architecture (6:29)
03. White Dawn (2:30)
04. Kaleidoscope (5:50)
05. Eidolon (2:10)
06. Into The Void (1:44)
07. The Room (4:13)
09. Constellation / The Bell (3:16)
10. Echo / Sigh / Strand (2:25)
11. Penrose Stairs (5:01)
12. Storyteller (3:19)
Músicos:
- Gleb Kolyadin / grand piano, teclados
Com:
- Tatiana Dubovaya / vocais
- Mick Moss / vocais (2)
- Steve Hogarth / vocais (8,13)
- Vlad Avy / guitarra
- Jordan Rudess / teclados (12)
- Theo Travis / flauta, saxofones
- Iliia Diakov / violino
- Alexander Peresypkin / violoncelo
- Grigory Voskoboynik / contrabaixo
- Nick Beggs / baixo
- Gavin Harrison / bateria
- Evan Carson / bodhrán, percussão
- Grigorii Osipov / vibrafone, marimba, glockenspiel
- Svetlana Shumkova / hang drum, narração
- Ole Irenaeus Wieroed / narração (12)
Discografia:
2018 ● Gleb Kolyadin
2021 ● Water Movements
2012 ● The Outland
2025 ● Mobula
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