sexta-feira, dezembro 27

FM ● Black Noise ● 1977 ● Canadá [Symphonic Prog]

O grupo foi formado em Toronto por dois músicos: Cameron Hawkins, o único membro presente em todos os álbuns. E Nash the Slash, nome artístico de James Jeffrey Plewman. Esse último saiu da banda após o lançamento dessa estréia. Ele formou seu próprio selo, e de 1979 em diante lançou em carreira solo um respeitado punhado de discos. Incluindo trilhas sonoras para filmes. A capa acima é da versão em CD.

Agora sigamos para as músicas. É importante destacar ao leitor e sobretudo aos que o escutaram ou escutarão que, de acordo com minhas breves pesquisas, embora não haja um guitarrista nele, um dos integrantes toca mandolim elétrico, que teria um som semelhante ao da guitarra. Não sei diferenciar um do outro, e já vi resenhas desse disco com a “lenda urbana” de que há sim um guitarrista nesse disco.

Bem, ele começa com uma pegada eletrônica, que muda drasticamente aos 30 segundos. Entram vocais, uma emulação de guitarra rítmica, bateria e sintetizadores. Bastante swing, através de harmonias muito orgânicas e fluidas. Solos interessantes nos sintetizadores, e alguns efeitos sonoros completam uma esplêndida canção.

Combinações fantásticas de sintetizadores abrem a faixa seguinte, com uma espantosa suavidade e gentileza do violino. Barulhos de pequenos sinos funcionam como elemento percussivo. Mais vocais, agora em outro tom, encaixando com genialidade na proposta instrumental. Mais uma vez entram o que parece ser uma guitarra, como abre-alas para ótimas viradas na bateria. Aliás, nesse disco as transições de uma harmonia para outra, ou uma cadência para outra, são tão bem trabalhadas que entram muito bem nos ouvidos. Voltando a essa música, ela cresce, assumindo um swing muito envolvente, inclusive nos vocais.

A 3ª faixa começa com uma marcha, mas rapidamente migra para um violino marcante, que vai alternando a liderança com os sintetizadores. É uma composição um pouquinho mais pesada e acelerada do álbum. Tem um solo de bateria de alguns segundos. É a música mais curtinha, com dois minutos e meio, e totalmente instrumental. Uma característica que marca praticamente todo o disco é que, com exceção do iniciozinho dele, e do iniciozinho da última faixa, sabem muito bem como começar e terminar as músicas.

Na canção seguinte, as seções rítmicas são bem demarcadas e firmes, com uma pegada mais roqueira, mas sem tirar o pé do progressivo. O vocalista faz uma brilhante combinação de notas longas e curtas. Na parte instrumental, em alguns momentos as notas são mais ligeiras.

Mais uma vez, bom swing, na 5ª faixa. Violino apresenta fraseados consistentes. Composição inteiramente instrumental. Em seu último terço as harmonias são altamente complexas.

Início viajante na música seguinte, com efeitos sonoros floydianos (me lembram o Welcome to the Machine), mas logo seguem para as seções rítmicas envolventes, dessa vez bem salientadas pelo baixo. Violino desfilando penetrantes notas longas. Mudam para uma performance rítmica magnífica, que vai crescendo e se tornando ainda melhor. Quando mudam mais uma vez a execução, o violino fica até meio sombrio, e o baixo vem mais para a frente, assumindo a composição com mais liberdade. Muito bom!

Sintetizador abre arrasando a 7ª faixa. Bateria com a cadência mais amena, e com sutis e geniais mudanças no tema principal. O vocalista é mesmo diferenciado, pois mantém alcance, coerência, firmeza nas mais diferentes propostas. Mesmo quando o instrumental está ocupando bastante espaço. Entram umas entonações no que deve ser o mandolim elétrico. Nossa, como é parecido com uma guitarra! Fenomenal. Em dado momento, voltam para aquele instrumental viajante.

O início da última faixa é meio fraco. Tem uma atmosfera tribal, que permanece no decorrer de quase toda a música. Mas só funciona bem agregado aos outros instrumentos, o que não é o caso no início. Quanda a cozinha instrumental entra, desenvolvem um excelente looping no baixo, os vocais continuam excelentes, e há umas boas idéias rítmicas. Contudo, não há tanta versatilidade dessa vez, e os efeitos sonoros especiais usados meio que “agridem” a composição, ou seja, não combinam com a mesma no momento em que aparecem. Além disso, na metade da música partem para uma execução bem mais calma. Muito, muito bonita, mas também começa de forma muito repentina. Bem, o restante da música é fabuloso. Vai crescendo aos poucos, e quando chega na proposta central, o baixo é maravilhoso, e todo o restante se encaixa perfeitamente, incluindo os efeitos sonoros.


highlights ◇
Faixas:
01. Phasors on Stun (3;49)
02. One O'clock Tomorrow (6:05)
03. Hours (2:36)
04. Journey (4:41)
05. Dialing For Dharma (3:15)
06. Slaughter In Robot Village (5:02)
07. Aldeberan (5:02)

Músicos:
● Cameron Hawkins: lead vocals, piano, synths (Minimoog, Micromoog, Elka), bass, sequencer
● Jeff "Nash the Slash" Plewman: electric violin, electric mandolin, glockenspiel, vocals & Effects
● Martin Deller: drums, percussion, Arp 2500 synthesizer


Discografia:
1977 ● Black Noise
1978 ● Direct To Disc [Aka: Head Room].
1979 ● Surveillance.
1980 ● City of Fear.
1985 ● Con-test.
1987 ● Tonight.
1995 ● Retroactive: FM Archives Volume 1. Live.
2014 ● Nearfest 2006. Live.
2015 ● Transformation.

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