segunda-feira, março 20

ITÁLIA PROGRESSIVA • História do Rock Progressivo Italiano [1972]


Nesse programa Márcio Sá aborda a história do Rock Progressivo Italiano, agora no ano de 1972 através de duas bandas extremamente importantes nesse estilo. São elas: 

● BANCO DEL MUTUO SOCCORSO

Fundado em Roma, em 1969 o BANCO (como é mais popularmente conhecido) é uma das bandas de Rock Progressivo mais importantes da Itália e junto a LE ORME e PFM são considerados os três grandes do gênero RPI. Não só pela longevidade e pelo sucesso que alcançaram em seu país, mas também porque cada um conseguiu fazer incursões consideráveis ​​no exterior, algo que não aconteceu para a maioria de seus contemporâneos.

Seu som era centrado no virtuoso trabalho de teclado duplo dos irmãos Nocenzi, Gianni e Vittorio. A formação inicial flutuou com vários membros indo e vindo antes de qualquer gravação ser lançada, incluindo os bateristas Franco Pontecorvi e Mario Achilli, o baixista Fabrizio Falco e os guitarristas Gianfranco Coletta (ex CHETRO & CO) e Claudio Falco. Esta primeira encarnação da banda, no entanto, gravou algum material, mas isso não viria à tona até 1989 quando foi lançado o álbum "Donna Plautilla".

Juntando-se aos irmãos Nocenzi para uma formação mais estável a tempo de seu primeiro álbum estava o ex-guitarrista do FIORI DI CAMPO Marcello Todaro e três membros do LE ESPERIENZE, o vocalista Francesco Di Giacomo, o baterista Pier Luigi Calderoni e o baixista Renato D'Angelo. Seu primeiro álbum homônimo foi uma peça notavelmente madura de Rock Progressivo sinfônico inventivo com influências clássicas, apresentando excelente musicalidade e a entrega vocal emocionalmente carregada de Di Giacomo. Isso foi rapidamente seguido pelos igualmente conceituados "Darwin" também de 1972 e "Io Sono Nato Libero" de 1973, formando um trio de álbuns que são essenciais para ouvir até mesmo para o interesse mais casual no gênero RPI.


● PREMIATA FORNERIA MARCONI

Também conhecido pela sigla PFM, este é um grupo muito popular desde os anos 1970, dentro e fora da Itália, notadamente no Reino Unido, Estados Unidos, Japão e Brasil, entre outros países. Entre os chamados cânones, os grandes grupos italianos de estilo semelhante naquele período, BANCO DEL MUTUO SOCCORSO e LE ORME, se rivalizam na preferência dos fãs e especialistas, equivalendo-se na complexa amplitude do trabalho, sendo consideradas referências mundiais no estilo Rock Progressivo.

Musicalmente, o PFM é aparentado com grupos como GENESIS, com a linha Progressiva do PINK FLOYD e com os primeiros trabalhos do KING CRIMSON. Mas a banda soube desenvolver um estilo próprio, ao longo de décadas, graças aos notáveis dotes técnicos e artísticos dos seus componentes.

Para todos os efeitos o PFM é a evolução musical e artística do grupo I QUELLI, um banda que, na segunda metade dos anos 1960, destacava-se na discografia italiana, pela qualidade, a preparação e a técnica instrumental de seus componentes. O baterista Franz Di Cioccio, o guitarrista Franco Mussida, o tecladista Flavio Premoli e o baixista Giorgio Piazza, componentes do grupo, eram entre os mais requisitados músicos de sala italianos. Tocavam para Mina, Lucio Battisti, Fabrizio De André e tantos outros.

Foram seus dotes técnicos que permitiram aos componentes de criar um algo mais luxuoso e diferente, no panorama musical italiano. No fim dos anos 1960, o Rock procurava novas formas, atingindo quase todos os outros gêneros musicais. O Rock Progressivo, que dava os primeiros passos, principalmente na Inglaterra, reclamava grandes dotes instrumentais e técnicos. Impunham-se, portanto, grupos formados por excelentes instrumentistas, muitos dos quais se tornaram os maiores expoentes da história do gênero, que viria enriquecer-se graças à influência da música clássica, do Folk e do Jazz, entre outras vertentes. Esse ambiente se demonstrou ideal para os componentes do grupo I QUELLI. Era a ideia do Progressivo, de comunicar-se principalmente com os instrumentos, mesmo porque a evolução da técnica instrumental do Rock permitia alargar o horizonte musical da canção, incluindo outras formas - a suíte, a sinfonia e até mesmo, a ópera lírica.

A reviravolta decisiva, em 1970, foi o abandono da forma canção para passar para composições de talho mais elaborado. O I QUELLI enfim alterou o nome para I KREL, baseado no nome de um planeta presente no conto "Il verdetto", de Arthur J. Cochran). A banda criou três canções, duas publicadas em um 45 rotações ("Fin che le braccia diventino ali"/"E il mondo cade giù", com letras de Vito Pallavicini para ambos as músicas e colaborações de Umberto Balsamo para a melodia de "E il mondo cade giù". Além disso, em uma compilação publicada pela gravadora Ricordi, dedicada às canções do Festival de Sanremo daquele ano como ("Pa diglielo a ma", apresentada por Ron em dupla com Nada Malanima e arranjada pelo KREL em versão muito mais Rock que a original.

Fundamental foi a passagem do KREL para PREMIATA FORNERIA MARCONI, o encontro de parte dos quatro músicos com o violinista e flautista Mauro Pagani, proveniente do grupo DALTON, durante a gravação do disco "La buona novella", de Fabrizio De André. O virtuosismo, o cuidado dedicado ao arranjo e a improvisação eram os elementos que o grupo, o qual já incluía Pagani, aprendia do KING CRIMSON, do JETHRO TULL e dos expoentes do novo Rock ou música Pop, como era também chamada na Itália com uma acepção muito diferente da atual. Continuando a trabalhar como turnista e session men e a participar de projetos variados, Franz Di Cioccio passou a fazer parte por algum tempo da Equipe 84. I KREL naquele período se dedicava completamente ao desenvolvimento de uma nova linguagem musical. Visto que a sua casa discográfica não lhes dava espaço, decidiram seguir Lucio Battisti, Mogol e outros que abandonaram a Ricordi e fundaram uma etiqueta independente, a Número uno.

Com a passagem à nova gravadora, fez-se necessário que o grupo mudasse também de intitulação. Entre tantas propostas, a escolha recaiu a Isotta Fraschini e a FORNERIA MARCONI. Escolheram o segundo nome de uma padaria da cidade de Chiari, em Bréscia, frequentada por Pagani, à qual depois acrescentaram o adjetivo "Premiata". Segundo os discográficos o nome era longo demais, mas a objeção do grupo sustentou que se era uma denominação difícil de recordar, pior seria para esquecer. Com efeito, a escolha foi acertadíssima. Era bastante avançada, de tom mais empenhado no que diz respeito aos nomes das bandas da era Beat. Com grande coragem e intuição, a PREMIATA FORNERIA MARCONI, também graças ao empresário Franco Mamone e a Francesco Sanavio, iniciou uma profícua atividade como grupo de abertura dos concertos italianos de algumas das grandes bandas estrangeiras da época, como PROCOL HARUM, YES e DEEP PURPLE. Foi através desses encontros que a PFM se fez conhecer pelos apaixonados do Rock. Em 1971, participaram da primeira edição do Festival di Musica d'Avanguardia e di Nuove Tendenze, de Viareggio, com a canção "La carrozza di Hans", vencendo a edição empatados com Mia Martini e o grupo musical OSANNA.

Em 1971, sai o primeiro disco do PFM, o single "Impressioni di settembre"/"La carrozza di Hans", que foi sucedido no ano seguinte pelo álbum "Storia di un Minuto". A música "Impressioni di Settembre", de Franco Mussida e Mauro Pagani com texto de Mogol se tornou logo uma das maiores peças da banda, além de um clássico da música italiana. O grupo decidiu iniciar o disco diretamente do estúdio para não perder o impacto e a energia transmitida nas já célebres exibições ao vivo. Nesse álbum pela primeira vez foi utilizado na Itália o Minimoog. Ao que consta, naquele tempo tampouco o PFM poderia tê-lo, mas o grupo conseguiu o empréstimo do único exemplar de posse do importador italiano. "Storia di un Minuto" teve um grande sucesso e foi louvado muito pelos críticos. No fim de 1972, saiu o segundo, "Per un amico" e assim iniciava a carreira de uma das mais importantes bandas de Rock Progressivo da Itália e quer seria conhecida em muitos países inclusive tendo uma grande base de fãs. 



E para quem não conhece acesse o site da rádio online ProgSky, dedicada ao Rock Progressivo.

Enjoy!!!

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