País: Reino Unido
Gênero: Symphonic Prog
Álbum: The Castle's Equivalent
Ano: 1975/2021
Duração: 55:30
Banda com curta duração, de 1972 a 1975, que não lançou nenhum disco de estúdio. Eles só têm esse registro, tirado de uma fita cassete gravada em um show. Embora entre 1973 e 1975 tenham feito, segundo seu site, 95 shows (o ano de 1974 foi particularmente corrido para eles, pois viajaram por muitas cidades país afora), e estivessem ganhando grande maturidade, não foi o suficiente para terem feito algum registro mais bem produzido.
As músicas que constam nesse disco carecem de uma adequada masterização e mixagem. Bem, ele inclusive foi lançado por um selo russo que também só existiu em algum período entre 2021 a 2022. Especializado em bootlegs, e que lançou somente 4 discos (incluindo esse), todos não-oficiais. A(s) fita(s) de onde foram tiradas essas músicas foram de um show em 26 de março de 1975. Foram na época registradas em 2 canais. E essa fita foi achada 38 anos depois dessa gravação. Segundo vi num comentário no discogs, parte das músicas desse trabalho já circulava nas redes virtuais antes de seu lançamento, mas com uma sonoridade bem pior do que a que consta no disco. Que eu adquiri, e não fez quase diferença nenhuma com relação a escutar no streaming, já que no encarte constam somente as letras das músicas.
Começa viajante, mas logo vira um blues-rock progressivo envolvente, com um baixo poderoso. O fraseado da guitarra é maravilhoso que vem a seguir é maravilhoso! O vocalista combina muito bem os fonemas longos com os curtos. Os teclados, que inicialmente estavam bem melodiosos, agora estão bem rítmicos e inventivos. A combinação de pratos e bumbos está excelente. Pena que a gravação está muito ruim, como aliás em todo o disco; do contrário, as partes com as espetaculares harmonias vocais com 2 ou mais vocalistas ficariam de tirar o fôlego, mais do que já o fazem nesse lançamento. Mais para o meio há uns psicodelismos nos teclados, ao mesmo tempo em que isso dialoga com o blues-rock progressivo. Várias camadas musicais para deleite do ouvinte. Pouco depois tem um interlúdio um pouco mais pesado. Daí voltam para a primeira proposta de blues-rock, mas com algumas nuances diferentes nos compassos e harmonias. Felizmente, retomando também aquelas fabulosas harmonias vocais. Na última quinta parte, a guitarra faz uns solos. Que compositores fenomenais!
Marcações aceleradas nos pratos, e um teclado robusto abrem a próxima faixa. Algumas notas psicodélicas são entregues pelo sintetizador. A guitarra completa a harmonia, enquanto o baixo ressalta a seção rítmica. Dão uma desacelerada, mas logo retomam aquela energia inicial. Há uma transição onde o baterista e baixista assumem maior liberdade. Até chegar num ponto em que somente o baterista fica em cena, seguindo assim ao ponto do baixista entrar com um looping tenebroso - e fantástico! A guitarra segue o clima, com umas notas psych-doom. A música vai crescendo tanto em densidade quanto na criatividade. O guitarrista dessa vez mostra inúmeros recursos. Cara, que lindo! Como é que uma banda dessa não conseguiu fazer um registro de estúdio?! Antes de chegar na metade ficam excepcionalmente apoteóticos. Daí voltam para um clima tenebroso mas nem tanto, se acalmando aos poucos. O vocalista enfim entra, com uma interpretação moderada, mas maviosa e precisa. De repente mudam para uns tons mais altos: que mudança inspirada! O fraseado da guitarra está ótimo, e outra coisa que me encanta neles é de como sabem dar espaço uns aos outros. Nossa, que composição rica. Passam para tons mais "solares", fazendo portanto um contraponto às partes anteriores que estavam sombrias. Tem um brevíssimo momento que parecem perder um pouco a mão, mas retomam com grandeza, e a partir daí o vocalista mostra muito alcance e firmeza. A integração entre os músicos é absurda. Incrível como se conhecem e como combinam muito bem todas as sutilezas de suas execuções. No último quinto dessa música fazem combinações esplêndidas entre as duas propostas - a solar e a tenebrosa. Todas as músicas desse disco são muito boas, mas essa se destaca ainda mais.
Uma marcação poli-rítmica abre a 3a faixa. É uma música bem alto-astral, sem muitas camadas sonoras, e em que dão bastante espaço ao vocalista, em sua primeira quarta parte. A partir daí a execução ganha mais densidade e consistência, o baixo, a bateria e os teclados crescem. Melhor dizendo, vão crescendo, mas ficam um ou dois passos prévios a uma abordagem mais intensa. Vez ou outra retomam o espírito alto-astral, mas aí ficam meio soft-fusion, com dois vocalista cantando juntos num tom mais aveludado, antes de um deles assumir uma postura mais roqueira. Que é quando voltam para o progressivo, com a guitarra quase enlouquecida, entregando várias idéias muito boas. Aos 7min, entram harmonias poli-vocais complexas, para emendar com aquela proposta inicial menos complexa. Vai se dando uma alternância entre partes mais complexas, com partes mais alto-astral. No final, sem pressa, dão uma amarrada bem feita nos vocais.
O início da próxima traz um swing gostoso. Está mais para um art-rock, com levadas blues, principalmente nos teclados e bateria. Que vez ou outra é assumido pelo vocalista. Mas não fique com isso achando, leitor(a), que a execução é pobre. Nada disso, eles vão alternando com algumas propostas sinfônicas sutis, e um pouco de jazz-fusion também. A guitarra faz alguns solos. Fica claro, nessa música, que o vocalista assume parte da seção rítmica, pelo modo como vai marcando as palavras e fonemas. Em parte do final tem umas pegadas meio hard-rock, e o vocalista (diga-se de passagem, com uma versatilidade impressionante) está de acordo.
E agora chegamos na última faixa, que é introduzida com um heavy-prog. Onde todos os músicos estão firmes. Pouco depois um teclado levemente psicodélico, com uma guitarra bem interessante, entregando notas meio aleatórias, muit bem por sinal. Essa música tem umas vocalizações, algo que não apareceu nas outras faixas. Voltam para o heavy-prog, mas mesclando-o com progressivo sinfônico, e até um pouco de blues em algumas curtas partes. O guitarrista consegue encontrar espaço para umas invenções tanto divertidas quanto estelares. A música em alguns momentos quase chega a ficar repetitiva, pois não há muita diversidade nos detalhes dos vocais e das seções rítmicas. De qualquer modo, alguns arranjos muito bacanas nos sintetizadores e guitarra garantem uma boa diversão. Entre 9 e 12min tem um solo de bateria; até que é bem realizado, mas eu tenho muitas restrições pessoais com solos desse instrumento, pois acho muito difícil diferenciar onde está(ão) o(s) ritmo(s), e onde está(ão) a(s) melodia(s). No final há uma apresentação dos músicos. O baixo está matador nessa ocasião.
Faixas:
01 Yachting On The Niagara (9:14)
02 Comet By Day (16:14)
03 The Castle's Equivalent (10:01)
04 Xanadu D'Ath (6:13)
05 Smokescreen (13:46)
Músicos (houveram algumas mudanças no line-up do grupo, em todos os poucos anos de sua duração. essa formação abaixo é a última, e suponho que tenha sido aquela que realizou o show de onde essas músicas foram gravadas):
- Mike Norton: guitarra
- Terry Cooke: vocais
- Mo Bacon: bateria
- Paul Lilly: baixo e vocais
- Joe Jacobs: teclados e vocais
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