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quinta-feira, junho 19

MOGUL THRASH ● Mogul Thrash ● 1971

Artista: MOGUL THRASH 
País: Reino Unido
Gênero: Jazz-Rock Fusion
Álbum: Mogul Thrash 
Ano: 1971/2011
Duração: 45:42/75:27

Essa banda surgiu da união do ex-guitarrista do COLOSSEUM, com o baixista John Wetton, então estreante no progressivo. Seu primeiro disco contou com ninguém menos que Brian Auger na produção. Pouco depois do lançamento desse trabalho tiveram de encerrar atividades por questões contratuais.
Já começa com uma guitarreira rasgada, aí entra o baixão poderoso, logo seguido do naipe de metais; esse por sua vez trazendo eficazmente elementos de big band, sendo costurados de diversas maneiras pelo baixo. Fabuloso cartão de visita. Os vocais não são excepcionais, pois adota compassos meio rígidos; mas dão conta do recado. Ademais, há massa sonora suficiente dos instrumentos para não prestarmos tanta atenção aos vocais. A guitarra também não está muito inspirada, fazendo somente umas marcações simples. Mal dá para notar que ela existe. Antes de chegar na metade fica mais suave, como uma espécie de big band soft, embora o trabalho no baixo esteja mais para o jazz-fusion do que para qualquer outra coisa. Quando retomam as notas mais grandiosas, aí a guitarra aparece bem mais. Eficiente. Mais uma vez repetem, na 2a metade, a proposta mais suave. O baterista não tem muitos recursos. A faixa termina meio que abruptamente.
E a próxima música inicia sem nenhum rodeio ou introdução, indo direto ao tema principal. Esse é um defeito desse disco, não há um início nem um fim para a maioria das músicas. Bem, dessa vez a composição está mais para o hard-rock com elementos de free-jazz. Até completar 2min parece uma jam session. Daí fazem algo mais estruturado, mantendo um pé nas improvisações. Principalmente no baixo e guitarra. Ah, algo que se nota claramente é a falta que faz um tecladista, pois nenhum dos guitarristas têm tantos recursos a ponto de compensar essa ausência. Como na segunda metade da música os metais entram, grandiosos, compensam parcialmente esse "defeito". E nessa parte da música o baterista se encontra mais, fazendo marcações e viradas mais consistentes. Mais para o final os metais estão ainda melhores, pena que são meio que engolidos pela guitarra e baixo.
Na 3a faixa começa somente com a bateria, um pouco confuso. A harmonia fica bem mais amarrada com a entrada dos metais. Esses fazem bons diálogos com os vocais, que dessa vez estão mais elaborados. Em um dado momento o baixo vai contornando as harmonias, e o trompete segue em alguns solos. Pouco depois os metais constroem umas harmonias interessantes, mais ricas.
Fórmula bem parecida é usada na próxima música. Esse é outro defeito dessa obra, não há variedade de idéias, e tampouco de arranjos. Há um conjunto limitado de harmonias e seções rítmicas, e a originalidade dos metais se esgota antes da metade do disco. Bem, aos 2min dessa faixa há uma parte suave, mas fica fora de contexto. O sax faz uns solos, até que são bons, e aí termina abruptamente.
Como a 5a faixa começa com sax também, fica parecendo que emenda com a música anterior. Agora estão mais suaves, algo ótimo, dado que muda a proposta geral vigente até aqui. A música vai crescendo, ganhando massa e velocidade. A guitarra vai apenas pontuando umas notas aleatórias, e o baixo toca o tempo todo; demonstrando imaturidade, pois se torna excessivo. Na segunda metade a guitarra fica mais coesa e estruturada, dando um up na composição.
Uma levada blues pode ser percebida ao fundo da próxima música. O guitarrista apresenta agora fraseados bem bolados, mas infelizmente os outros instrumentos o engolem bastante. Bem no fundo tem também o piano de Brian Auger, lamentável que tenha ficado tão escondido. Desperdício de um imenso talento.
Começa bem baixinho os metais na última música do vinil. Vai crescendo aos poucos, e dessa vez estão todos mais estruturados, seguindo a composição, ao invés de solos meio aleatórios; enfim uma introdução melhor. Só que as harmonias são simples, de modo que não cativam. Na metade fica um soft-jazz bonito. Entra um riff de guitarra interessante, mas não conseguem imprimir swing e nem complexidade nesse encerramento.
Esse disco tem seu valor tanto por ter sido a entrada oficial de John Wetton no progressivo, quanto pela originalidade dos trabalhos do naipe de metais. Contudo, tem consideráveis limitações musicais que não o tornam atrativo para re-escutar muitas vezes.
As faixas-bônus, no total de , fazem parte de meu CD. Já de cara posso dizer que a 1a bônus está mais bem produzida que o vinil. Musicalmente, há mais camadas e coesão, e a guitarra está particularmente inspirada.
Na próxima faixa, um single de uma das músicas do disco (curiosamente com a mesma duração), dão um pouco de espaço para o piano na introdução; uma excelente escolha. E o piano continua no restante da música escondido, mas nem tanto, outra coisa interessante sobre essa mixagem.
Aí vem uma versão um minuto mais longa de Sleeping in the Kitchen, em performance live na BBC.
A música St Peter aparece pela 3a vez no CD, sendo apresentada na BBC. Os vocais nessas apresentações ao vivo estão um pouco mais encorpados.
O blues está bem presente no I can't live without you, dialogando bem com o rock; o baixo não está excessivo, e os solos de guitarra estão marcantes. Uma pena que não escolheram essas singles e inéditas para entrar no vinil. Tem um momento que mudam para uma proposta mais acelerada, perdendo portanto boa parte do swing que estavam entregando. De qualquer modo, a energia deles nesse final até chega a empolgar. E enfim conseguiram encerrar muito bem uma música.
Na próxima faixa, Fuzzbox, desenvolvem um rock mais direto. A linha de baixo vai se repetindo com pequenas nuances, demonstrando muita maturidade. Os naipes de metais, nessas apresentações na BBC, não estão engolindo tanto os outros instrumentos.
A última faixa é um pouco mais pesada, botando pois um pé no hard-rock, especialmente no início. Aí volta para aquela combinação habitual deles, de jazz, rock e big band. Entretanto, vez ou outra, isso dialoga com o hard, sobretudo na guitarra e baixo. Sobrevém um interlúdio meio introspectivo, muito bem feito, que cresce de volta para o hard com big band. Envolvente.
Portanto, as faixas-bônus são a melhor parte desse CD. E, até onde sei, estão somente na edição da Flawed Gems, lançada em 2011.

- Faixas:
01. Something Sad (7:32)
02. Elegy (9:32)
03. Dreams of Glass and Sand (5:07)
04. Going North, Going West (12:00)
05. St. Peter (3:40)
06. What's This I Hear (7:14)
Faixas-bônus:
Singles de 1970
07. Sleeping in the Kitchen (2:46)
08. St. Peter (3:41)
Músicas de sessões na BBC
09. Sleeping in the Kitchen (January 1971) (3:38)
10. St. Peter (January 1971) (3:09)
11. I Can't Live Without You (January 1971) (7:34)
12. Fuzzbox (April 1971) (3:36)
13. Conscience (April 1971) (5:48)

- Músicos:
- James Litherland / guitarra, vocais
- Malcolm Duncan / saxofone tenor
- Michael Rosen / trompete, mellophone, guitarra
- Roger Ball / sax soprano, barítono e alto, arranjos dos metais
- John Wetton / baixo, guitarra, vocais
- Bill Harrisson / bateria

Com:
- Brian Auger / piano (5), produtor

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