País: Estados Unidos
Gênero: RIO/Avant-Prog
Álbum: Of Natural History
Ano: 2004
Formado em Oakland, California, 1999. Passou por um hiato entre 2011 e início dos anos 2020. Nesse período a maioria dos membros formou outro grupo de RIO, intitulado FREE SALAMANDER EXHIBIT. SGM apresenta duas particularidades que contribuíram para se tornarem uma banda cult bem conhecida em boa parte dos EUA: alguns dos instrumentos são fabricados por eles mesmos, e seus shows têm (segundo o site Progarchives) amplas doses de dadaísmo.
Vamos às considerações sobre esse trabalho. Começa sombrio. Suspense na mata. A música, meio eletrônica, vai crescendo. Até adquirir uma atmosfera madrigal. Os vocais não combinam com o clima, mas está evidente que isso é feito de propósito, pois os tons são exageradamente graves. Em seguida entram umas harmonias vocais mais complexas, e umas mudanças na seção rítmica, parecendo com uma procissão sinistra. Procedem com essa alternância entre o madrigal e o sinistro.
Na 2a faixa o clima sinistro ganha harmonias mais elaboradas, uma seção rítmica vigorosa, e vocais mais para o prog metal. Sem guturais. Às vezes entram vocais femininos suaves, e a música fica mais acessível. Em outras partes fica grave e intensa de novo, com participações esparsas e aleatórias da guitarra. Funciona!
Na próxima composição, há um início com uma guitarra penetrante. Mais uma vez há seções rítmicas vigorosas e contundentes, que dessa vez ganham ainda mais nuances. Vocais femininos penetrantes; em alguns momentos as harmonias vocais são executadas por mais de um membro. Eles "arranham" umas cordas de forma esparsa, dá um efeito meio desolador e bem instigante.
Emenda com a 4a música. Que em seu início entrega uma música industrial. Agregam um pouco do alguns elementos psicodélicos, criando uma estrutura única - ou seja, nunca escutei algo parecido. Em dado momento a seção rítmica fica dissonante, e os vocais colaboram para essa vertente. Não deixam de lado a música industrial, mas combinam com ela elementos de RIO. Uma das músicas mais difíceis até esse momento de minha audição.
Na música posterior, entregam notas mais gentis, embora os aspectos desoladores continuem presentes. Inteligentes harmonias vocais. Dá para entender direitinho quando cantam "Lets dream the impossible dream os a mad professor". Sinistro. Voltam a aplicar umas doses de música industrial à composição. Param de uma forma repentina, antes de retomar as seções rítmicas, dessa vez com um pouco mais de peso e aumento também da massa sonora - como se fosse um estilo tipo industrial-metal; ou seria a designação hardcore industrial mais adequada? De repente param de novo a música, cometendo portanto o mesmo erro de antes. Mais para o final se aproximam um pouco do minimalismo, mas sem tirar o pé do RIO.
Boa introdução para a 6a faixa. Uma guitarra sutil. O baixo parece mal-afinado, claro que é de propósito. Há um clima de suspense nessa introdução. A música cresce rápido, voltando para aquela diretriz pesada industrial. Aí o álbum começa a soar meio repetitivo. As composições são boas, mas esse retorno demasiado frequente às mesmas idéias musicais vai se esgotando. Algo que os ajuda bastante é que a vocalista tem recursos incríveis, sempre entregando interpretações ousadas e robustas.
A faixa posterior tem um título maluco, "A cigarra de 17 anos". O grupo coloca em seu início barulhos de alguns insetos, acompanhado por uma execução rítmica simples e incomum. Há um solo do que parece ser um violino afinado mais para os agudos, e que realiza intervenções meio caóticas.
O começo da 8a música dá indícios de que será mais acessível. Ledo engano. Segue um momento de um minimalismo indócil. Nos vocais, percebo que fala-se de uma criatura destrutiva. Um contorno dramático é dado às harmonias, para acentuar os vocais. Há umas harmonias bem feitas nos diálogos entre baixo, bateria e - eventualmente - guitarra. A composição vai aos poucos diminuindo seu impacto e dramaticidade. Quase degringola no final, com umas poucas paradas sem sentido.
O início da próxima apresenta uma boa harmonia nas cordas, dialogando com alguns elementos percussivos. Vocais aveludados no início. Repentinamente, mas com uma boa transição, ficam pesados, por um brevíssimo tempo, pois voltam para aquela proposta inicial. Boas idéias musicais, um pouco mal aproveitadas. E no finalzinho tem umas falas. Talvez façam sentido se eu ler as letras. Musicalmente não teve nenhuma lógica ou senso artístico para mim.
Na 10a faixa, a cadência está mais lenta. O clima sombrio é notório. Novamente entregam uma boa harmonia envolvendo as cordas, e dessa vez é bem aproveitado. Várias vezes cantam o refrão "Baby doctor". As combinações entre a música e os vocais voltam a funcionar, sendo possível distinguir bem as interpretações de ambas, além do saudável fato de estarem sem pressa para aplicar as idéias que têm. A música vai ganhando dissonância, aos poucos, os vocais voltam a ficar quase guturais (como nas primeiras faixas). Harmonias vocais entre dois ou três membros são bem realizados, embora os quase-guturais não permitam absorver essas execuções em sua plenitude. Acontecem mais algumas falas no final. Continua sem sentido.
A penúltima faixa é incisivamente teatral. Fala de barata e uma pessoa. É uma variação nas idéias artísticas e musicais previamente presentes, mas sem sair do espírito RIO.
A primeira metade da música que encerra esse disco tem barulhos de animais ao entardecer. Na segunda metade, um homem interage com pássaro(s). Não entendi.
Mais uma última coisa a dizer sobre essa obra. Ela é claramente conceitual, girando em torno de animais, experimentações científicas (muitas delas bizarras) e a relação de pessoas com essas questões. Não sei dizer se o álbum e suas letras contam uma história, pois não tive acesso à mesma. E, sobretudo nos momentos dos quase-guturais, não entendi o que cantavam.
Faixas:
01. A Hymn to the Morning Star (5:40)
02. The Donkey-Headed Adversary of Humanity Opens the Discussion (6:01)
03. Phthisis (3:44)
04. Bring Back the Apocalypse (4:10)
05. FC: The Freedom Club (10:48)
06. Gunday's Child (6:56)
07. The 17-Year Cicada (3:41)
08. The Creature (6:00)
09. What Shall We Do Without Us? (2:38)
10. Babydoctor (13:59)
11. Cockroach (2:12)
12. untitled hidden track (5:56)
Músicos:
- Nils Frykdahl / guitarra, flauta
- Carla Kihlstedt / violinos, órgão, zither, vocais
- Dan Rathbun / baixo, lute, trombone, vocais
- Frank Grau / bateria, melodica
- Mario "Moe!" Staiano Jr. / percussão, glockenspiel
Com:
- Matthias Bossi / bateria, glockenspiel, xilofone & backing vocals (3,5,6)
- Kristin Burns / backing vocals (3)
- Vince Piette / backing vocals (3)
- Dawn McCarthy / backing vocals (5)
Discografia:
2001 ● Grand Opening and Closing
2003 ● Live
2004 ● Of Natural History
2007 ● In Glorious Times
2024 ● of the Last Human Being
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