País: Reino Unido
Gênero: Space Prog
Álbum: Live Underslunky
Ano: 1992
Duração: 72:50
Segundo o site oficial da banda, num festival de música em Stonehenge, nos idos de 1983, Ed Wynne e seu irmão Roly Wynne, que à época faziam parte de um grupo denominado BOLSHEM PEOPLE, fizeram uma jam de improviso com o baterista Nick “Tig” van Gelder, do JAMIROQUAI, e o tecladista Joie Hinton. No decorrer das 6 horas dessa performance, decidiram que uma banda sairia dali, e Ed já a batizou em ato. No ano seguinte estavam, em um estúdio caseiro, lançando a primeira fita cassete. De lá para cá trabalharam bastante, e veio a fama de executarem shows estonteantes.
Mesmo sem a estrutura de uma grande gravadora, em 1993 seu álbum “Jurassic Shift” ficou entre os dez mais vendidos do ano. Mais recentemente, na última semana de outubro de 2023, a obra “Lotus Unfolding” alcançou a 5ª posição entre as mais escutadas no Reino Unido.
Esse registro foi tirado de dois shows. |Em 23 e 25 de novembro de 1991, respectivamente nas cidades de Manchester e Cambridge..
Notas longas na primeira faixa, o desenvolvimento dessa introdução em alguns momentos lembra Shine on you crazy diamond, com a diferença de que tem pouca participação da guitarra, e mais dos sintetizadores e pratos. Quando entra um fraseado ácido na guitarra é que engrenam seções rítmicas, envolventes. Em alguns momentos surgem lampejos de influência árabe. Viradas fabulosas na bateria com pegada firme e acelerada no baixo. Em um dado momento mudam o compasso, mas continuam em passo um pouco mais acelerado de bateria. O baixo dá uma certa acalmada, mas em breve volta a ficar bem dinâmica. Em alguns momentos na segunda metade uns solos de sintetizadores são executados. Mais para o final acrescentam um volume razoável de efeitos sonoros e psicodélicos.
A flauta que abre a próxima música parece vir em ondas. Há mais mudanças nas harmonias dessa vez, e mais variedade no andamento, ora mais acelerado, ora menos. Em boa parte da segunda metade conseguem unir psicodelismo com elementos de reggae. Bastante groove no baixo. Só não apreciei que a proposta fica um pouca extensa demais.
O início acelerado da 3a performance é garantido na seção rítmica, para a qual contribuem todos os instrumentos. Baixo matador. Os psicodelismos são uma delícia, e a guitarra está penetrante. Na metade esse instrumento enlouquece positivamente nos solos. Uma mudança vultuosa ocorre, nos arranjos e compassos, servindo de interlúdio para mais um trecho a 100 por hora, com flauta incrível e efeitos fenomenais.
Na próxima música, tem garantia de entretenimento inteligente, com harmonias complexas, que mudam com considerável constância. Em dado momento parece que transportam o ouvinte para uma floresta, talvez na África. Por pouco tempo, pois voltam para uma proposta rítmica com um swing lisérgico. Colocam um solo excelente de guitarra, cujos timbres estão muito inspirados. Adoro o efeito de "borboleta" nos sintetizadores, presente no início e no fim da faixa.
Dedilhados rápidos no baixo e guitarra são acompanhados com destreza pela flauta no início da 5a apresentação. Mais umas influências de música árabe, sutis, advêm. Nesse momento gostaria de destacar que essa assinatura da banda é algo extremamente impressionante. É fácil identificar o som deles, ou influenciado por eles, pelas toneladas de efeitos sonoros especiais, o ritmo geralmente acelerado, com influências moderadas do Leste global.
A guitarra assume umas feições rítmicas no início da próxima faixa. Quando a bateria entra, a guitarra fica com mais liberdade para apresentar melodias psicoativas. Nessa composição o andamento está menos acelerado. Portanto, menos HAWKWIND e mais GONG. Na segunda metade o sintetizador pára um pouco de desfilar aqueles efeitos e executa uns solos. Não está entre os melhores desse lançamento.
O início da 7a música é uma bonita viagem, lembrando algumas coisas do progressivo eletrônico alemão (felizmente, mais estruturado e sem aquelas doideiras difíceis da referida referência). Algumas camadas são acrescentadas. Música para relaxar e deixar a mente divagar.
"Snake Pit" centraliza boa parte de sua estrutura no baixo, que vai desenvolvendo uns loopings, e vez ou outra dá uns rompantes. Os arranjos estão diferentes: isso ajuda a manter o interesse do ouvinte. a composição não é muito inventiva, mas é cativante. Uma risada estranha acontece no meio, mas é comedido e não atrapalha. Um pouco mais para o final fraseados brabos de bom são entregues nos sintetizadores.
O que falar da música "Kick Muck"? Para mim é a maior contribuição do OZRIC para a música. Aceleradíssimo, genial, irretocável! São brilhantes as mudanças de timbres e as seções rítmicas que a constituem. E quando o ouvinte acha que já estava maravilhoso, ainda consegue melhorar mais e ficar ainda mais rápido. Loucura lisérgica! Bem, isso não é necessariamente uma crítica: nessa versão ao vivo, dão uma esticadinha na composição original. Ficou nota 10000. Sendo que dou nota 11000 para a versão de estúdio.
Dessa vez há um momento introspectivo, no começo da penúltima faixa, a cargo principalmente da flauta. Um pouquinho de influências de música oriental aparecem. Harmonias maravilhosas acontecem aqui e ali. Mudam o andamento diversas vezes no decorrer de sua extensão. Baixo robusto e cheio de nuances. Um solo penetrante de guitarra finaliza a música. Essa música tem uma particularidade deliciosa, a de que conseguem sutilmente inserir reggae de forma genial na execução.
A faixa de encerramento é outro clássico deles. Uma guitarra floydiana preenche o espaço em sua introdução enigmática e introspectiva. Vai adentrando um fantástico fraseado em looping do baixo, com a companhia de uma incrível abordagem da guitarra e flauta. Compassos estonteantes realizados na bateria, e o solo incisivo da guitarra, que vai mudando os arranjos esplendidamente. Pisam no acelerador aos 5 minutos. Que música , leitor! Até as vocalizações, um dos pontos não tão fortes do conjunto, estão boas. Entra um reggae, muito gostoso e criativo, que ocupa boa parte da execução a partir daí, sem deixar de lado o Space-Rock. Muitos efeitos sonoros novamente. Um deles está diferente, parece uma moto acelerando; uma grata surpresa.
Após escutar todo o disco, e re-escutar umas partes, para escrever essa resenha, pelo menos nesse disco me parece que não se possa dizer que ao vivo sejam melhores do que em estúdio. Embora sempre seja difícil deduzir isso a partir de uma mídia física ou digital. Ou seja, só é possível constatar eles ao vivo vendo-os ao vivo. Há muitos fatores envolvidos: acústica do local, técnico da mesa de som, equipamentos para registrar as performances, momento da banda, edição, direitos autorais, etc. Não obstante, as músicas elencadas para essa live são tão boas que nem precisam estar no ápice de sua execução para impressionarem. Outro ponto que quero sublinhar a respeito do OZRIC TENTACLES é que a sonoridade deles se encaixa em diferentes perfis de festival. Pode ser de rock progressivo, de rock alternativo, de música eletrônica, de world music. Isso lhes dá uma vantagem considerável no meio musical.
Faixas:
01. Dots Thots (7:54)
02. Og-Ha-Be (9:28)
03. Erpland (5:32)
04. White Rhino Tea (5:48)
05. Bizarre Bazaar (4:04)
06. Sunscape (7:50)
07. Erpsongs (3:49)
08. Snake Pit (3:22)
09. Kick Muck (5:18)
10. O-I (4:59)
11. Ayurvedic (14:46)
Músicos:
- Ed Wynne / guitarra, sintetizador
- Joie Hinton / sintetizador
- John Egan / flauta
- Merv Pepler / bateria
- Zia Geelani / baixo
Discografia:
1985 ● Erpsongs.
1985 ● Tantric Obstacles.
1986 ● There is Nothing.
1986 ● Live Ethereal Cereal.
1988 ● Sliding Gliding Worlds.
1989 ● The Bits between the Bits.
1989 ● Pungent Efulgent.
1990 ● Erpland.
1991 ● Strangitude.
1992 ● Live Underslunky.
1993 ● Jurassic Shift.
1994 ● Arborescence.
1995 ● Become the Other.
1997 ● Curious Corn.
1998 ● Spice Doubt. Live
1999 ● Waterfall Cities.
2000 ● The Hidden Step.
2000 ● Swirly Termination.
2002 ● Live at The Pongmasters Ball.
2002 ● Live at The Pongmasters Ball. DVD.
2004 ● Spirals in Hiperspace.
2006 ● The Floor’s too far away.
2008 ● Sunrise Festival. Live.
2009 ● The Yum Yum Tree.
2011 ● Live At One World Frome Festival 1997.
2011 ● Live at The Academy, Manchester 1992.
2011 ● Live in Oslo.
2011 ● Paper Monkeys.
2011 ● Live in Italy 2010.
2012 ● Live in Milan 2012.
2013 ● Live in Pordenone, Italy 2013.
2015 ● Technicians of the Sacred.
2020 ● Space for the Earth.
2023 ● Lotus Unfolding.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente e Participe