sexta-feira, abril 4

HANDS ● Twenty Five Winters ● 2002 ● Estados Unidos [Symphonic Prog]

Fundado em Dallas, Texas, em 1977, se desfizeram em 1980. Naquele período, alguns de seus integrantes tinham experiência prévia em outros projetos. Ou vieram a tocar posteriormente em outros grupos. Mark Menikos e Martin McCall fizeram parte da proposta de jazz-rock fusion AURORA; sendo que o segundo também esteve em outras bandas. Ocorreu o mesmo com Michael Clay. Em 1997 voltaram a se reagrupar, com umas mudanças no line-up, um ano após o lançamento tardio de sua estréia. Infelizmente, a qualidade da gravação não é das melhores, mas acho que não poderia ser diferente, pois na época não tiveram suporte nem recursos para algo melhor. Apesar disso, essa obra ganhou algumas re-edições, uma delas inclusive remasterizada. Uma das particularidades deles, tanto no álbum que abaixo resenho quanto principalmente na estréia, é o uso de instrumentos incomuns no progressivo. Como mandolim, viola, vitar, cuatro e efeitos sonoros diversos. Além disso, falando ainda dos instrumentos, também há uma presença robusta de violino, violoncelo e instrumentos de sopro variados.
Agora sigamos para o trabalho em tela, Twenty Five Winters.
Um violão majestoso e algumas inserções na bateria abrem os trabalhos para o ótimo vocalista entoar "Twenty five winters and counting..." (25 invernos e contando...), uma referência ao fato de que a última atividade oficial da banda foi há 25 anos atrás (para ser mais exato, quase isso). Ou seja, a última gravação foi feita em 1978. Harmonias vocais esplêndidas, com o apoio do violino e/ou violoncelo. Marcações e viradas na bateria não são comuns, mas quando acontecem, o fazem com bastante inspiração. O violão (ou o fraseado que ele apresentou) continua sendo central na composição. Pouco antes da metade a execução e os arranjos se enriquecem, com baixo e sintetizadores também. Na metade uma pausa, aí logo volta aquele violão, o violino. Vão repetindo "Eeeeenteeeer", como que convidando o ouvinte a ficar atento. Simples e genial. A seguir assumem uma diretriz rítmica estruturada, com excelentes costuras feitas pelo violino.
Uma guitarra nervosa abre firme a próxima composição. Quando entra a consistente pegada da bateria, ela continua, mas um pouco mais atrás na cena. Numa harmonia rítmica fabulosa com intensas contribuições do violino e breves passagens do sintetizador, também ocorrem boas viradas no baixo. Há mudanças inspiradas de compassos e harmonias, esplêndido. Tudo muito coeso e penetrante. Encaixes perfeitos de idéias e melodias, com mudanças sutis de uma para outra. Pouco depois do meio, um belo violino, lírico, emite umas notas um pouco mais longas, e os outros instrumentos se recolhem bastante. Pouco depois voltam para aquele tema principal.
O início viajante da 3a música é garantido pela guitarra, baixo e sintetizadores. Um brevíssimo interlúdio ocorre antes da maravilhosa parte no piano, baixo e uma bateria mais puxada para um soft-jazz. O violino entrega fraseados sublimes, antes do retorno ao piano. E aí, antes do término, o violino mais uma vez presenteia o ouvinte com esses divinos fraseados.
Harmonias vocais bem complexas, com dois ou três vocalistas cantando juntos ou separados, estão na abertura da próxima composição. Junto com umas execuções rítmicas diferentes. Repentinamente uma guitarra vai marcando um ritmo, com apenas um vocalista. Logo em seguida retomam os vocais duplos e/ou triplos. Vão fazendo essa alternância entre partes menos complexas e outras bem mais complexas. Os compassos também não são fáceis de acompanhar, de se habituar. Pouco depois da metade apresentam umas vocalizações fenomenais. Essas idéias vão sendo exploradas e desmembradas até acabar a canção.
A sagaz conversa erudita entre o piano e o violino no início da 5a faixa é encantadora. Toda a execução é estruturada nesse conceito, plenamente instrumental.
O início da 6a peça é feita com um sintetizador bem sério. Há uns fabulosos "preenchimentos" do espaço pelo baixo. A bateria marca uma mudança para singulares arranjo e compasso, um pouco mais pesados. Com a guitarra à frente e mais massa sonora realizada pela bateria. Algumas "firulas" são feitas por alguns dos músicos, e voltam para aquela execução um pouco mais heavy. Quando a composição parece estar padecendo de falta de versatilidade, pouco depois da metade mudam os arranjos e os compassos, inserem um lindo piano. Em seguida, uns sintetizadores e violoncelo grandiosos. Com mais umas mudanças de arranjos, antes de fecharem com aquela idéia central presente na primeira metade da música. Aliás, toda instrumental
Para concluir o trabalho, apresentam uma pequena suíte. Começa com um piano meio-andante. Um maravilhoso trompete aparece, com notas cálidas e elevadas. Um canto levemente lírico busca seus espaços, e um pouco depois, ótimas harmonias vocais com duas vozes. Fazem essa alternância entre uma voz e duas vozes mais duas vezes. Com 4min entra outro trecho da suíte, num violão solene. O timbre do vocalista muda bastante, para combinar com o conjunto sonoro executado. Se não me engano, ao fundo há também umas curtas participações de uma harpa. Esse trecho é curto, dando lugar a uma guitarra ácida e severa que vai crescendo com um consistente uso dos pratos, até chegar numa parte pesada e complexa. A última parte da suíte é mais melódica, com um ritmo menos complexo, harmonias vocais mais good-vibes, com alguns efeitos semelhantes ao de coro. Cumpre bem seu papel. A harmonia de cordas bem no finalzinho é perfeita.

highlights ◇

Faixas:
01. Knock / Enter (6:50)
02. Walls (4:15)
03. Green Room (Pt. 1 & 2) (3:51)
04. Dance of Light and Darkness (5:09)
05. I Laughed Aloud (2:46)
06. Zombieroch (Pt. 3) (4:46)
07. Leaving (11:25) :
- i. Song of Summer
- ii. Vigil for One
- iii. The Traveler's Lament
- iv. Above and Below

Músicos:
- Ernie Myers / vocais, violão, guitarra
- Michael Clay / piano, sintetizadores, violão, guitarra, instrumentos de sopro elétricos, efeitos
- Mark Menikos / violinos acústico e elétrico, mandolin, violão, vocais
- Rex Bozarth / baixos acústico e elétrico, Chapman Stick, violoncelo, vocais
- Martin McCall / bateria, percussão, barulhos, eletrônicos

Com:
- John Fiveash / bateria (1-4,6), backing vocals (1)
- Steve Parker / backing vocals (1)
- Chris Dulen / French horn (7)


Discografia:
1996 ● Hands
1998 ● Palm Mystery
2000 ● The Early Years. Compilação
2002 ● Twenty Five Winters
2008 ● Strangelet
2015 ● Caviar Bobsled

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