Formado em 2000, em Esquiceir. Segundo a própria banda, eles não cantam em nenhuma língua em particular. Fazem uma colcha de retalhos para poder cativar ouvintes de diferentes línguas. Do ponto de vista musical, dizem que trouxeram elementos de diferentes países por onde estiveram - Irã, Paquistão, Índia e Nepal.
Vamos ao disco em tela. Seção rítmica maravilhosa logo de cara, acompanhada por um baixo fenomenal. Logo em seguida entra o trompete, pleno. Muita energia. Os elementos rítmicos se complexificam, aí uma virada estupenda no baixo leva a uma parte um tiquinho mais pesada. Acalmam um pouco, num baixo e bateria meio simples mas hipnóticos. Aos poucos outros instrumentos vão entrando, como o violino, um piano baixinho, depois o trompete. Ou seja, a música vai crescendo maravilhosamente. As viradas e os brevíssimos solos no trompete estão muito inspirados. Eu poderia continuar descrevendo essa música; entretanto, prefiro resumir dizendo que além do instrumental absurdo de bom, com umas breves inserções na guitarra, ainda tem vocais incríveis, que vão de alturas medianas para as mais altas com absoluta destreza e precisão.
O baixo e a bateria iniciam a próxima composição com um groove super gostoso. As puxadas na corda feitas pelo baixista são de arrepiar. O violino dá uns contornos líricos, e o vocalista entra, ameno. Mas ele vai crescendo, junto com o instrumental. Como esses caras tocam e cantam nesse disco! Pouco depois ficam, junto com a levada groove, um pouco jazzísticos. O trompetista apresenta fraseados encantadores. A guitarra continua participando pouco, e quando o faz é com brilhantismo e simplicidade, preenchendo espaços na hora certa. E essa opção de manter a guitarra bem moderada é muito acertada, para trazer mais para a frente o baixo, genial o tempo inteiro. Em um dado momento participa o que parece ser um bandolim. Que sonzinho suave, gentil, maternal. A ele se achegam o violino, a bateria e o baixo. Até chegar numa finalização apoteótica, com a participação de vários instrumentos, incluindo sintetizador.
Um trompete introspectivo abre a 3a faixa. Acompanhado pelo baixo, e vocais aveludados. Um violino baixinho, vibrando. Sempre com notas longas e calmas, sem pressa ou afobação. Aos poucos o clima vai ficando um pouco soturno, só no instrumental. Notas mais breves vão sendo inseridas, passando do lento para o menos lento. Aumentam um pouco o tom. Impressionante as sutilezas das execuções. Até chegarem ao grandioso final!
Um som bem interessante abre a próxima peça. Parece um xilofone elétrico, mas não deve ser. Vocais combinam bem com as propostas rítmicas, pois desenvolvem notas um pouco mais longas que servem de contraste às notas mais breves do instrumental. A seção rítmica muda um pouco, ficando mais rica. Depois sucedem excelentes harmonias vocais. Essa música não está entre as melhores do disco, mas cumpre bem seu papel. Alguns momentos levemente sombrios, levemente psicodélicos no final, são sua melhor parte.
Um baixo gostoso, com um trompete grandioso, abre a música seguinte. Os músicos assumem maior liberdade, tocando um avant-prog. Quando se estruturam, o groove é bem envolvente, até com algumas inserções circenses pequenas e sutis. Harmonias vocais de celebração ou festivas, em excelentes interpretações. Compassos inventivos e surpreendentes. Passam para uma andante meio-ligeiro, em firme combinação entre violino, bateria e logo em seguida a guitarra. Até chegarem numa parte calma, com tintas de minimalismo e música clássica. Pouco depois a composição vai se elevando, no tom e na instrumentação, antes de voltar para aquela pegada inicial quase de big band.
O bandolim (se é que tem esse instrumento no disco) dá o start na 6a faixa. Um baixo com notas compridas e palmas parece me convidar para algum momento especial de alguma comunidade turca. Se assemelha a algum momento mais solene de um evento local. É quando o trompete e o violino entram, com uma bateria que cresce rápido, que alguns contornos mais intensos de celebração, começam a se apresentar. Há, portanto, essa mistura de solenidade com festividade, deliciosa. Algumas notas graves bem criativas são tiradas no violino. E logo sobrevém guitarra e sintetizadores, aumentando a massa sonora.
Um ritmo marcial e imponente, até um pouco "amedrontador", captura imediatamente minha audição para a próxima peça. Os vocais parecem reflexivos, e são muito bem atenuados pelo baixo. O violino também vai contornando, no caso o ritmo, com tons graves e "preocupantes". A seção rítmica de repente retrocede bastante, para deixar à frente os vocais. Essa atmosfera segue até o término da faixa; que acontece somente com os vocais.
Entra o baixo na última música (tirando a faixa bônus), elegante, antes dos vocais, novamente fabulosos. Uma seção rítmica bem competente serve de base para o trompete, de novo um dos destaques; e dessa adornado com sutis contornos feitos pela viola. A massa sonora aumenta, os vocais se impõem também. Como executam bem as transições entre as partes mais "cheias" e as mais moderadas! Uma parte meio descontextualizada entra, com muito uso de pratos e umas psicodelias, mas pouco depois voltam para uma performance inspirada.
highlights ◇
Faixas:
01. Vigeland (6:11)
02. Esinti (8:10)
03. Akvaryum (9:49)
04. Igloo (6:26)
05. Kadıbostan (7:11)
06. Sanki (5:38)
07. Beboyi Yerkı (6:00)
08. Sustum (9:03)
Músicos:
- Ahmet Kenan Bilgiç / guitarra, vocais
- Ömer Öztüyen / viola, mandolin
- Serkan Emre Çiftçi / trompete
- Okan Kaya / baixo, backing vocals, lute, cumbus
- Gökçe Gürçay / bateria
Discografia:
2006 ● EV
2011 ● Sen Balik Degilsin Ki
2015 ● Live at St, Antuan
2017 ● Kirinardi
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