Não sei dizer ao certo quando foi formado o
conjunto GUNESH ENSEMBLE. Segundo o site da banda, um grupo de músicos foi
formado para cantar na TV e rádio do governo da República Socialista do
Turcomenistão. Esse conjunto agregou mais alguns outros artistas, e seu estilo
foi se achegando ao progressivo. Em 1977 ganharam um concurso importante
de música, e na década de 80 foi aumentando sua notoriedade e reconhecimento. Em seu
país, que por sua vez fazia parte da URSS. Rishad
Shafi, o percussionista e baterista, é provavelmente o membro mais
importante na história da banda, pois além de ter estado presente em toda a
discografia, sua técnica, criatividade e versatilidade eram uma das principais
forças criativas dentre os membros. Inclusive, teve uma considerável
rotatividade nesse quesito – a formação. O título desse lançamento é uma
referência a uma pessoa do país que conseguiu se tornar um astronauta. Quando
foi lançado em CD, os membros remanescentes pediram que mudasse a capa, para
respeitar o desejo original do grupo. Assim foi feito, e é a imagem que consta
nessa resenha.
Conforme já foi bem demonstrado por Edward Said em
livros e ensaios seus, a região Noroeste do Globo terrestre (ainda) tem uma
visão rudimentar e estreita dos grupos humanos e nações na Ásia. Por conta disso, enxergam e escutam muito mais as expressões
artísticas mais tradicionais e/ou folclóricas de lá. Entretanto, nessa obra ora
em análise, percebe-se o quanto tanto a composição quanto a execução são consideravelmente
modernas; e não obstante continua bem desconhecida. Há, sim, um momento bem
folclórico ao final do disco, porém curto.
Não se deixe ludibriar pelo começo do disco. O barulho
de ventos em nada tem a ver com World Music, New Age ou canções milenares. É só
mesmo para dar um contorno mais envolvente. Logo dá lugar a um diálogo dinâmico
e consistente entre os músicos numa embalagam Jazz-Fusion, disposta em várias
camadas e a colaboração de instrumentos de sopro. A seguir, um Jazz-Prog mais
suave é apresentado, com umas pinceladas psicodélicas. Doravante, um pouco de
Doravante, advém um pouco de World Music e progressivo eletrônico. Só nesse
momento, com uns 10 minutos de som, os primeiros vocais aparecem. Junto com os
atabaques e outros recursos percussivos, imprimem um contorno de sabor árabe às
composições, mais para o fim do lado A.
O início do lado B é similar aos primeiros minutos
do primeiro lado. Dessa vez o baixo fica um pouco funky, e o violino tem a
incrível habilidade de transitar com fluidez e celeridade de uma pegada mais
roqueira para uma mais clássica, ou ainda seguir por um caminho mais
oriental/muçulmano. Impressionante. Me sinto profundamente tocado por vocais
que parecem entoar um lamento profundo e bem rizomático. Ao término da
penúltima faixa, bateria, violino e atabaques ficam acelerados, numa espécie de
confraternização. Revigorante. A última música, “Vietnamese Frescoes”, pode até
agradar ouvidos que se ligam em sons exóticos. Mas, para mim, é de longe a
parte menos interessante e menos estimulante desse álbum.
Seguramente recomendado para quem está atrás do lado mais eclético do Rock Progressivo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente e Participe