sexta-feira, março 24

Steve Hackett ● Till We Have Faces ● 1984 ● Reino Unido [Ecletic Prog/World Music]


Lançado em agosto de 1984, "Till We Have Faces" é geralmente considerado, junto com "Cured", como os trabalhos mais desiguais ou mais fracos de Steve Hackett. Nesse álbum o guitarrista parece abandonar qualquer ligação com seu passado e entrar naquele estranho domínio que viria a ser conhecido como "World Music". É verdade que há mais percussão do que em álbuns anteriores, mas ainda há muita melodia, e o som da guitarra, marca registrada de Hackett, aparece, de vez em quando, para lembrar quem estamos ouvindo. 

A faixa que abre o disco, "Duel", é uma faixa moderna e divertida e vocalmente lembra muito Andy Latimer do CAMEL. O som da bateria eletrônica está presente "incomodando" os puristas, no entanto apresenta um bom trabalho de guitarra. "Matilda Smith-Williams" é uma trilha extensa, com o tipo de letra humorística às quais Hackett às vezes é associado. É uma faixa interessante que traz o espírito dos trabalhos anteriores de Hackett e sua bela guitarra está "afiada". Há um momento de percussão por volta dos 3"00, que pode assustar o ouvinte pois não há como dissociá-lo de uma escola de Samba. Mas até que ficou interessante, apesar de inusitado. "Let Me Count The Ways" é um dos primeiros exemplos de suas raízes no Blues, com uma execução agradável. Seu vocal neste álbum é ligeiramente melhorado em relação ao que era em "Cured", mas não tão profundo ou de bom gosto como se tornaria em trabalhos posteriores, como o adorável "Guitar Noir".  "A Doll That's Made In Japan" é bastante atmosférica, na verdade, com bela melodia e execução, e é notável por uma rara saída vocal da esposa Kim, fornecendo a voz da garota japonesa (uma brasileira, com sotaque japonês, falando em inglês - combinação interessante!). "Myopia" é um Rock New Wave frenético e acelerado com Steve soando como Sting do POLICE????. Um trecho de Bach aparece aleatoriamente (a única explicação racional possível é que as sequências de acordes no resto de "Myopia" são provavelmente inspiradas nas sequências do resto do concerto). "What's My Name" é praticamente uma faixa percussiva, um pouco caótica, e meio sem direção, e pouco lembra o que Hackett já havia realizado. "The Rio Connection" é um número de Blues com swing, com Hackett rasgando a gaita, mas há muitos sintetizadores e guitarras fazendo barulhos também. "Taking the Easy Way Out" é uma faixa simples, porém com bela melodia, na qual Hackett poderia ter usado uma parte de guitarra (além dos trechos acústicos de fundo) integrada aos versos. A versão original do álbum finaliza com "When You Wish Upon A Star", uma pequena cortesia dos teclados de Nick Magnus, encerrando o álbum muito bem. 

Em suas reedições, "Till We Have Faces" acrescenta duas faixas extras. "The Gulf" é um olhar interessante sobre a guerra Irã-Iraque, cheio de uma atmosfera intrigante na primeira metade, se tornando um grande hino com muitos sintetizadores. A segunda metade fornece alguns partes atmosféricas próprias (além disso, muitas partes da guitarra são realmente interessantes). "Stadiums of the Damned",  é um Rock de arena com  partes de sintetizador e um refrão como, "Com uma mulher como você, eu sei que posso mudar". 

Em resumo, "Till We Have Faces" é um daqueles álbuns que um fã só deve possuir se já tiver adquirido todas as obras importantes de Steve Hackett. Não é um bom ponto de partida para conhecer o trabalho solo dos maiores e mais influentes guitarristas da Música Progressiva. Um registro transitório, na melhor das hipóteses.

highlights ◇
Tracks:
01. Duel (4:50)
02. Matilda Smith-Williams Home for the Aged (8:04)
03. Let Me Count the Ways (6:06)
04. A Doll That's Made in Japan (3:57)
05. Myopia (2:56)
06. What's My Name (7:05)
07. The Rio Connection (3:24)
08. Taking the Easy Way Out (3:49)
09. When You Wish Upon a Star (0:51)
Time: 41:02

Tracklist of 1994, 2002 & 2013 CD re-issues:
01. What's My Name (7:04)
02. The Rio Connection (3:19)
03. Matilda Smith-Williams Home for the Aged (8:04)
04. Let Me Count the Ways (6:05)
05. A Doll That's Made in Japan (3:56)
06. Duel (4:48)
07. Myopia (2:54)
08. Taking the Easy Way Out (3:48)
09. The Gulf (6:30) *
10. Stadiums of the Damned (4:37) *
11. When You Wish Upon a Star (0:48)
Time: 51:53
* Bonus tracks

Musicians:
- Steve Hackett / guitars & guitar synth, koto, rainstick, Etruscan guitar, marimba, percussion, harmonica, vocals, co-producer
With:
- Nick Magnus: keyboards (Yamaha DX7, Jupiter-6, Juno-60, Moog Source, Jupiter-8, Memorymoog, Emulator, vocoder, LinnDrum), percussion, co-producer
- Waldermar Falcão: flute, percussion, co-producer
- Clive Stevens: wind synthesizer
- Fernando Moura : Rhodes
- Ronaldo Diamante: bass
- Ian Mosley: drums & percussion
- Rui Mota: drums
- Sergio Lima: drums
- The Brazilian Percussionists (Sidinho Moreira, Junior, Jaburu, Peninha, Zizinho, Baca): percussion
- Kim Poor: Japanese voice (4)

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