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sábado, março 25

MARILLION • Misplaced Childhood • 1985 • United Kingdom [Neo-Prog]


Em 17 de Junho de 1985 chegava às lojas o terceiro LP do grupo MARILLION. Não era um momento muito favorável para o Rock Progressivo, porém um grande ano para a música Pop e para a música em geral. A New Wave "mandava" nas rádios e os astros lançavam discos de sucesso embarcando numa onda Pop que lhes rendeu fortunas, como foi o caso de Phil Collins, Rod Stewart, Elton John e outros tantos. Foi o ano de estreia da VH1. O ano em que canções como “Shout” (TEARS FOR FEARS), “Take On Me” (A-HA) e “I Want To Know What Love Is” (FOREIGNER) dominaram as paradas. Mas para a cena Prog era um período complicado. Vários artistas haviam caído no esquecimento. Os que haviam sobrevivido (RUSH, GENESIS, YES) haviam adaptado seu som à linguagem da nova era, com arranjos menos complexos, forte presença de sintetizadores e uma pegada mais comercial. Só que o universo da música é totalmente imprevisível. Quando ninguém bota mais fé, algo acontece. E foi exatamente isso o que aconteceu com o MARILLION. "Misplaced Childhood" foi para o topo das paradas, graças ao megahit “Kayleigh”. Apesar da faixa em questão ser uma balada com acento Pop, o disco, contudo, não era exatamente comercial. Não era um disco de hits. Pelo contrário, trata-se de um trabalho conceitual, com músicas interligadas, diversas quebradas de tempo. Até havia uma influência Pop, mas era bem mais sutil do que os demais grandes grupos vinham fazendo naquele momento. Fish, cantor da banda na época, costumava dizer que o disco tinha duas músicas: lado A e lado B. Aliás, o conceito do álbum nasceu da cabeça dele. Para ser mais exato, em uma ‘viagem’ dele. A visão veio durante uma viagem de ácido, conforme reconheceu o músico. O disco, é conceitual. Conta a história de um garoto que tem sua história marcada por tragédias, como a morte de um de seus melhores amigos, e se vê tendo que aprender a lidar com sentimentos fortes como depressão e angústia. O garoto aparece na capa do disco conforme surgiu na mente de Fish durante sua viagem lisérgica: vestido de soldadinho.

Embora a história seja fictícia, Fish inseriu alguns elementos autobiográficos na narrativa. “Kayleigh” fala sobre lidar com o fim de um forte relacionamento. O nome é inspirado no nome de uma de suas ex-namoradas, Kay Lee. Outro exemplo é “Heart of Lothian”. Aqui, o cantor declara “I was born with the heart of Lothian”. Pois bem... O cantor é escocês e nasceu em uma região chamada Midlothian. Coincidência? Na verdade, não... Durante muito tempo, o grupo foi perseguido e acusado de ser uma espécie de GENESIS de segunda categoria. Pura implicância. Os músicos são muito bons! GENESIS (fase Peter Gabriel) é uma de suas influências. Mas a banda era mais do que isso. Havia referência de outras bandas em seu som, como PINK FLOYD, por exemplo.

O álbum foi gravado no Hansa Tonstudio em Berlim e contou com a produção de Chris Kinsey (ROLLING STONES, Peter Frampton, Jimmy Cliff). Tudo foi programado, estudado por A+B. Os músicos queriam o disco perfeito. A história, obviamente, tinha que ter sentido, mas as passagens instrumentais também. Mudanças eram feitas à todo momento. “Lords Of The Backstage”, por exemplo, havia sido criada para ser uma sequência de “Lavender”, mas no ultimo segundo, foi decidido que ela deveria seguir “Waterhole”. Decisão que obrigou Mark à ter que criar novos elementos aos 45 do segundo tempo.

Vamos às musicas: "Pseudo Silk Kimono" inicia com som de teclado uivante e a voz pesada de Fish e tem um humor denso. O trabalho de guitarra de Rothery ao fundo é muito bom. Uma bela introdução de teclado para a faixa seguinte, "Kayleigh", uma transição cativante. "Do You Remember?". Esta faixa transcende vários relacionamentos que Fish experimentou com um final amargo, pois ele estava tão comprometido com sua carreira para ser um cantor famoso. Novamente, no final desta faixa, um som de piano traz a ótima composição "Lavender" e um refrão que fica em nossas mentes. Na primeira parte de "Bitter Suite", Fish canta em um estilo de leitura de poeta "Uma aranha vagueia sem rumo..." . A faixa se transforma em um tipo de Space Music. Peça fantástica, melódica realmente! "Bitter Suite" é o tronco, em termos de melodia, do álbum especialmente quando na terceira parte (Blue Angel) quando Fish canta "J'entend ton Coeur" a música se move fabulosamente com sons lentos de piano, teclado e guitarra para a bela melodia da quarta parte (Misplaced Rendezvous). "Está ficando tarde..." Wooowwww!!!! Que peça maravilhosa! Mas o êxtase ainda não acabou quando a parte lírica chega a "O paralelo de você..", outra bela peça! Em seguida, a quinta parte (Polegar varrido pelo vento) "Nos arredores do nada...". O clímax está realmente em "Heart of Lothian", onde a música se junta a um andamento relativamente mais alto do que as faixas anteriores. Fish canta, "Moleques travessos, moleques travessos, nascidos com corações de Lothian...". Isso arrasa! A habilidade técnica de Fish de cantar perfeitamente "toting cowboys toting, Lucky little Ladies at the watering holes" é impressionante.

A parte 2 (lado B) é muito enérgica e realmente impressionante. A banda não permite nenhum toque Pop em nenhuma das cinco faixas que compõem a Parte 2. Aberta com uma alta energia "Waterhole / Expresso Bongo" com percussão e sons de bateria deslumbrantes, alto tom vocal, esta faixa dá todo o tom da Parte 2 Vocês podem observar como é brilhante a transição desta faixa para a próxima "Lords of the Backstage". "Blind Curve" é outra faixa realmente maravilhosa! Bem estruturada e com uma melodia ótima. De "Ontem à noite você disse que eu estava com frio..." para para "Oh, eu me lembro de Toronto..." Minha infância .. infância deslocada...". "Childhood's End" começa com uma linha de guitarra suave e bateria e teclado groovy. A melhor parte são as linhas de baixo, que são bem jazzísticas, groovy, bem, muito Neo-Progressivas. Existem dois sons de guitarra diferentes, distorção e estilo limpo "funk" agradável. "White Feather" é uma ótima música para encerrar o álbum, muito enérgica e dinâmica. 

CONCLUSÃO: "Misplaced Childhood" é um belíssimo álbum, que também tem sido relançado em vários formatos, inclusive em CD quádruplo trazendo shows da época. Fish dá um show à parte em sua interpretação vocal. Steve Rothery (guitarra) e Mark Kelly (teclados) também roubam à cena. São os principais responsáveis por toda a atmosfera do LP.  Faixas de destaque: "Pseudo Silk-Kimono", “Kayleigh”, “Lavender”, “Childhood´s End” e “Bitter Suite”. Com certeza um disco para guardar no coração. Enjoy!

                                        highlights
Tracks:
01. Pseudo Silk Kimono - 2:14  ◇
02. Kayleigh - 4:03  ◇
03. Lavender - 2:27  ◇
04. Bitter Suite - 7:56 including:  ◇
      a). Brief Encounter
      b). Lost Weekend
      c). Blue Angel
      d). Misplaced Rendezvous
      e). Windswept Thumb
05. Heart Of Lothian - 4:01 including: 
   
      a). Wide Boy
      b). Curtain Call
06. Waterhole (Expresso Bongo) - 2:12
07. Lords Of The Backstage - 1:52
08. Blind Curve - 9:29 including:  ◇
      a). Vocal Under A Bloodlight
      b). Passing Strangers
      c). Mylo
      d). Perimeter Walk
      e). Threshold
09. Childhoods End? - 4:32 ◇
10. White Feather - 2:20

Musicians:
 Fish - vocals
- Steve Rothery - guitars
- Mark Kelly - keyboards
- Pete Trewavas - bass
- Ian Mosley - drums
 
MP3 320K
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CRONOLOGIA

(1984) Fugazi
Clutching at Straws (1987)


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